quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Aécio obtém apoios e isola Serra até em São Paulo

Senador mineiro desembarca hoje na capital para encontro com bancada da Assembleia

Pedro Venceslau, Lilian Venturin e Ricardo Chapola

O senador mineiro Aécio Neves isolou o ex-governador paulista José Serra até em São Paulo. Serra, que tem se movimentado a fim de viabilizar seu nome para disputar o Planalto em 2014, não conta com apoio explícito de nenhum dirigente local. A maioria já embarcou nas pretensões presidenciais de Aécio.

Até os aliados mais próximos de Serra, alguns deles membros da executiva nacional, reconhecem que ele está agindo sozinho, enquanto Aécio avança no quintal do ex-governador.

Depois de ser apresentado como candidato à Presidência no sábado por prefeitos e parlamentares tucanos em Barretos, no interior paulista, Aécio desembarca hoje na capital para uma reunião com os 22 deputados estaduais do PSDB e os cinco membros da direção nacional originários de São Paulo.

O grupo vai almoçar numa tradicional cantina da cidade. O evento foi articulado pelo deputado federal Duarte Nogueira, presidente do PSDB estadual e operador político de Aécio.

O Estado conversou com 13 dos 22 parlamentares da bancada do PSDB na Assembleia e todos consideram que o senador mineiro é o nome mais viável para enfrentar a presidente Dilma Rousseff no ano que vem.

A bancada tucana na Assembleia diz ter "simpatia" e "amizade" por Serra, mas reconhece que ele está hoje completamente isolado dentro da legenda.

"O Serra, se for humilde, sai como candidato a deputado federal e ajuda o partido a ter 2 milhões de votos. Isso a nossa bancada na Câmara", afirmou o deputado Antonio Souza Ramalho, conhecido como "Ramalho da Construção". No círculo de amigos mais próximos de Serra prevalece a tese de que o ex-governador não levará até as últimas consequências sua cruzada contra Aécio para disputar pela terceira vez a Presidência - ele foi derrotado em 2002 e 2010.

O ex-governador paulista não descarta, porém, desembarcar do PSDB e se filiar ao PPS para disputar o Planalto no ano que vem. Isso teria de ocorrer até o final de setembro, a fim de que seja respeitado o princípio da anualidade - todo candidato precisa estar filiado há pelo menos um ano a um partido para que possa disputar eleições por ele.

Contido. Nas palavras de aliados, Aécio deve ser mais "contido" no almoço de hoje do que foi sábado em Barretos, quando subiu no palanque a anunciou que começava ali "a caminhada do PSDB rumo à Presidência".

O ex-governador Alberto Goldman, serrista histórico, confirmou presença no almoço, apesar de se dizer contrariado com a iniciativa da bancada. Serra disse ontem, por meio de assessores, que não tinha conhecimento do encontro do mineiro com os deputados estaduais.

Apesar de admitirem a franca vantagem de Aécio na disputa, 9 dos 13 deputados ouvidos pela reportagem são favoráveis à realização de prévias. O deputado Roberto Engler disse que o fato de recepcionar bem Aécio não quer dizer que esteja fechado em torno do nome do mineiro.

"Vou recebê-lo bem, mas isso não quer dizer que eu tenha uma preferência. O jogo não está posto ainda", completa o deputado Roberto Engler. "Serra é o homem mais preparado do Brasil, mas agora é a vez de Aécio", afirmou o deputado Pedro Tobias, ex-presidente estadual do PSDB. No último sábado, Tobias apareceu no palanque de Aécio em Barretos com uma camiseta onde se lia: "Sou Aécio".

Para o deputado Orlando Morando, ignorar eventuais prévias fará com que Serra atormente a campanha de Aécio em 2014. "Aécio sabe que Serra pode ser uma pedra no caminho. O senador vai tomar estocada a campanha inteira", disse.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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