segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dilma vai para a rua vender o governo

Agenda presidencial prevê duas viagens por semana com entrega de obras e anúncio de verbas para a mobilidade urbana

Paulo de Tarso Lyra, Karla Correia

A necessidade de recuperar a popularidade perdida após as manifestações de junho fez com que a presidente Dilma Rousseff também resolvesse ir para a rua. Os estrategistas confirmaram que ela pretende viajar pelo menos duas vezes por semana para entregar obras e anunciar recursos nos estados. Hoje, ela estará em São Bernardo (SP) ao lado do prefeito da cidade, Luiz Marinho, liberando R$ 1,3 bilhão para investimentos em mobilidade urbana. Amanhã, visitará São João del-Rei (MG) confirmando R$ 1,6 bilhão incluídos no PAC Cidades Históricas. Na sexta, nova visita a São Paulo, com agenda ainda a ser definida.
Dilma mobilizou seu governo para tirar a poeira das prateleiras e apresentar resultados concretos para a população. Nas últimas duas semanas, a chefe da Casa Civil, ministra Gleisi Hoffmann, reuniu-se com grupos de ministros. Foram 15 na semana anterior e outros 15 na semana passada. Em duas levas, quase toda a Esplanada passou pelo gabinete de Gleisi. Acompanhada do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e da ministra do Planejamento, Miriam Belchior — prova irrefutável de que o problema não é falta de verbas —, Gleisi deu um recado claro para seus colegas de Esplanada. “Não percam tempo com ideias que ainda não saíram do papel. Concentrem esforços em entregar o que já foi iniciado. E divulguem o que está sendo feito”, avisou ela.

Evidentemente, ouviu as mesmas queixas de sempre quanto ao rigor dos órgãos de fiscalização e controle. E sobre a demora provocada pela burocracia federal na autorização das licenças. Não adiantou. “Se alguma obra estiver parada no Tribunal de Contas da União (TCU) ou no Ibama, não importa. Façam uma força-tarefa, unam esforços, pressionem e liberem o que estiver parado”, disse ela, segundo relato dos presentes.

Aliados

Ao mesmo tempo em que pretende se cacifar — na última semana, teve uma ligeira melhora na aprovação popular, passando para 36% de aprovação —, Dilma também quer ajudar os aliados. A agenda política em São Paulo servirá para melhorar os índices de avaliação do prefeito Fernando Haddad, chamuscado após os protestos de junho contra o aumento de R$ 0,20 nas tarifas de ônibus. Diferentemente do que desejam o PT e Lula, contudo, ela não vai levar o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para todos os eventos. Padilha é o nome escolhido pelo ex-presidente para concorrer ao governo de São Paulo no ano que vem. Mas Dilma quer que ele, antes, viabilize o Programa Mais Médicos, para, só depois, pensar em candidatura ao governo estadual.

O Mais Médicos é uma das prioridades do Planalto. A presidente quer profissionais no interior do país já em setembro, e um programa viabilizado a partir de junho do ano que vem. A data limite não é casual. Será o mês da Copa do Mundo no Brasil, e o governo tem certeza de que os manifestantes voltarão a lotar as ruas para reclamar dos investimentos nos estádios e da ausência de verbas para saúde, educação, segurança e transporte público.

A mobilidade urbana também está no centro das prioridades. Na primeira reunião de Dilma com governadores e prefeitos de capitais, ela disponibilizou R$ 50 bilhões para obras viárias. Os dois primeiros anúncios de recursos beneficiaram apenas aliados — Haddad e Marinho. Mas a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, reuniu-se, nas últimas semanas, com representantes de diversos estados. Até o momento, os pedidos já chegam a R$ 59 bilhões. Na Casa Civil, a expectativa é de que a cifra suba para R$ 70, R$ 20 bilhões a mais do que o Planalto está disposto a liberar.

Gleisi também comandou, na semana passada, uma extensa reunião para discutir as concessões de portos, ferrovias e rodovias, outro ponto crucial para melhorar a avaliação do governo. Foram duas rodadas de conversas. Pela manhã, uma audiência com os gigantes do setor de exportação de grãos, como Cargill, Bunge e Caramuru, entre outros. Todos reclamaram do excesso de intervencionismo do governo na economia, embora não tenham se queixado da taxa de retorno dos investimentos. À tarde, Gleisi reuniu-se com representantes de fundos de investimentos, como Itaú, HSBC, Morgan Stanley e Credit Suisse.

36 % - Índice de aprovação da presidente Dilma Rousseff na última pesquisa de opinião

Fonte: Correio Braziliense

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