segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Marina tem só quatro dias para criar o partido

A candidatura da ex-senadora depende dos cartórios eleitorais. Eles precisam validar 300 mil assinaturas para a formação da Rede Sustentabilidade, mas estão sobrecarregados com a implantação do sistema de biometria

A corrida de Marina

Ex-senadora tem até quinta-feira para completar a validação de 500 mil assinaturas e oficializar a criação do partido Rede Sustentabilidade a tempo da disputa presidencial de 2014. Mesmo em alta nas pesquisas para a disputa ao Planalto, aliados admitem que ela pode ser obrigada a negociar a candidatura por outra legenda.

Daniela Garcia

Apontada por pesquisas eleitorais como o maior obstáculo à reeleição da presidente Dilma Rousseff, a ex-senadora Marina Silva tem pela frente quatro dias decisivos para uma eventual campanha ao Palácio do Planalto. Até quinta-feira, a Rede Sustentabilidade, encabeçada por Marina, precisa validar cerca de 500 mil assinaturas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para regularizar o novo partido, criado para dar sustentação à candidatura presidencial da ex-petista. O partido tem o relógio como principal inimigo para o projeto, já que 300 mil assinaturas ainda precisam ser validadas para a formação da Rede. Com dificuldades para consolidar os documentos em cartório, a pré-candidata pode ser obrigada a estudar vias alternativas para encarar a disputa eleitoral.

Hoje, a Rede informou que tem cerca de 800 mil assinaturas coletadas. Dessas, 600 mil foram entregues aos cartórios, mas apenas 189 mil foram validadas. Integrantes da legenda alegam que a regularização está sendo prejudicada pelo atraso dos cartórios. Segundo eles, os funcionários locais estariam sobrecarregados de trabalho, devido à implantação do sistema de biometria. “Os cartórios deveriam fazer esse processo em, no máximo, 15 dias. Mas muito deles estão demorando mais do que isso”, disse o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ).

Outro membro da Rede, o ex-deputado federal José Fernando Aparecido (MG), reforça que o partido recolheu quase o dobro de assinaturas requeridas pelo TSE, prevendo a morosidade dos serviços em cartórios. “Nós estamos, agora, nas mãos da justiça eleitoral e contamos com a boa vontade dos cartórios para que façam o trabalho deles dentro do prazo.” O movimento, segundo ele, também já conta com 11 comissões estaduais, duas a mais do que o exigido pelo TSE.

Em reunião com a Comissão Nacional Provisória da Rede, ontem em Brasília, Marina Silva disse que está buscando com a justiça eleitoral uma solução para o atraso. Temendo que o partido seja prejudicado pela falha dos cartórios, ela anunciou que se reunirá, nesta semana, em audiência com a corregedora-geral do TSE, ministra Laurita Vaz, e com a presidente do tribunal, ministra Cármen Lúcia. “Não é justo que paguemos pela demora dos cartórios. Nós fizemos tudo o que a legislação nos pediu”, sustenta José Fernando.

Confiança

Membros da Rede parecem manter o otimismo, apesar da proximidade do prazo final estipulado pelo TSE. “Há esperanças de que esse processo seja cumprido até o fim, mesmo que seja no fio da navalha”, afirma Alfredo Sirkis. A esperança está fundamentada no registro de crescimento de popularidade da ex-senadora em pesquisas eleitorais. Segundo o Datafolha divulgado no último fim de semana, Dilma Rousseff enfrentaria um segundo turno contra Marina Silva, caso as eleições fossem hoje. A pré-candidata é a única que vem conquistando avanço gradual nos números do estudo, ao contrário do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que variou de 17% para 13%, e do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que oscilou de 7%para 8%.

Em relação à última pesquisa, realizada em meio às manifestações de junho, Marina subiu de 23% para 26%. Segundo o Sirkis, o novo partido casa com as reivindicações das ruas, especialmente ao questionar o modelo político vigente. “A governabilidade tem de incluir, cada vez mais, a sociedade. Não pode haver espaços abertos. Do contrário, os políticos ocuparão.”

Caso o movimento perca o prazo, Marina e aliados discutirão uma alternativa para 2014. Até o momento, não houve debate sobre união da Rede com outros partidos, segundo Sirkis. “Isso só poderá ser discutido depois de quinta-feira. Por enquanto, vamos continuar juntando esforços para a construção do partido.”

Fonte: Correio Braziliense

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