quarta-feira, 21 de agosto de 2013

PMDB estabelece contrapartidas a apoio

Por Caio Junqueira e Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - A cúpula do PMDB cobrou na noite de anteontem da cúpula do PT que os petistas definam se os pemedebistas serão de fato o aliado estratégico e preferencial para as eleições de 2014.

O encontro ocorreu no Palácio do Jaburu e reuniu o vice-presidente da República e presidente nacional do PMDB, Michel Temer; e o presidente do PT, Rui Falcão; o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL); os líderes na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), e no Senado, Eunício Oliveira (CE); os senadores Jader Barbalho (PA), Valdir Raupp (RO) e Romero Jucá (RR) e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Do lado petista, estavam, além de Falcão, os líderes na Câmara, José Guimarães (CE), e no Senado Wellington Dias (PI). O ministro da Educação, Aloizio Mercadante, estava confirmado mas não pôde ir.

Os petistas consideraram a conversa "muito dura". Saíram de lá com o recado anotado: o PMDB quer saber até quanto o PT cederá nos palanques estaduais como retorno pelo apoio em nível nacional à reeleição da presidente Dilma Rousseff, sob pena de não se coligarem oficialmente.

Os pemedebistas disseram que o cenário de 2014 nos Estados é muito diferente do de 2010 e, nesse sentido, o apoio do PMDB a Dilma tem um papel muito maior. Foi apresentado o quadro: em muitos colégios eleitorais importantes em que se obteve larga vantagem na disputa presidencial a configuração de forças mudou.

Caso de Minas Gerais, que terá a candidatura do mineiro Aécio Neves (PSDB), de Pernambuco, onde o governador Eduardo Campos (PSB) também deve se lançar, e da Bahia, onde Geddel Vieira Lima (PMDB) deve disputar o governo do Estado contra a candidatura patrocinada pelo governador Jaques Wagner (PT).

Os pemedebistas mostraram que a diferença de votos obtida em 2010 nesses colégios eleitorais não deve ser repetida em 2014. E que ao não atender o PMDB nesses Estados pode haver uma influência na convenção nacional do partido que definirá o apoio ou não à reeleição de Dilma.

Rui Falcão disse que o PT fará todo esforço possível pela aliança. Uma nova reunião ficou de ser marcada para verificar se houve avanço nos Estados mais problemáticos. A ideia é definir uma estratégia conjunta das duas legendas que, depois, será levada a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que eles atuem, onde for necessário.

Foi feito um mapeamento Estado por Estado. Há casos que não são considerados problema, ou porque as duas legendas estão juntas ou porque cada um terá um candidato, mas sem confronto, ou seja, de forma orquestrada. É o caso de São Paulo, onde o fato de PT e PMDB apresentarem candidatos é considerado uma estratégia positiva para os aliados vencerem a hegemonia política do PSDB.

Em uma segunda categoria, estão os Estados onde há sinalização de entendimento entre PT e PMDB, como Pará, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte. Em Alagoas, Falcão afirmou que o PT vai apoiar Renan, pré-candidato ao governo. Na Paraíba, o petista acena com a possibilidade de aderir à candidatura pemedebista do senador Vital do Rêgo, que participou do jantar, ou de seu irmão, Veneziano do Rêgo.

O maior problema - e o mais emblemático para a parceria nacional - continua sendo o Rio de Janeiro. Eduardo Cunha cobrou a adesão dos petistas à candidatura do vice-governador, Luiz Fernando Pezão (PMDB). Pregou a importância do Estado no apoio ao governo federal e pelo fato de ser o candidato do PMDB, que governa o Estado com Sérgio Cabral, já reeleito, e a prefeitura da capital, com Eduardo Paes. Falcão, no entanto, não assumiu o compromisso. Disse que o PT tem um pré-candidato bem avaliado, o senador Lindbergh Farias, e a situação no Estado tem que ser melhor discutida.

O senador Jader Barbalho (PA), também presente, cobrou definição do PT com relação à candidatura do seu filho, Helder Barbalho, pré-candidato ao governo do Pará. O pemedebista afirmou que o tempo está passando e está mais do que na hora de o PT tomar posição. Segundo Falcão, a tendência é de apoio a Helder.

Outra categoria de Estados é a daqueles onde o cenário eleitoral está indefinido, como o Ceará, onde o senador Eunício Oliveira (PMDB), pré-candidato, não sabe, ainda, se contará com o PT em sua campanha. Mas, nesse caso, os dirigentes do PMDB e do PT avaliaram que a solução depende mais do governador Cid Gomes (PSB).

Outro Estado colocado entre os indefinidos é o Mato Grosso do Sul, onde os dois partidos poderão ou não estar juntos. Por enquanto, as duas legendas têm pré-candidatos, com possibilidade de dois palanques para a campanha de Dilma. Mas não está afastada a possibilidade de entendimento. Pernambuco também foi colocado nesse bloco. Problemas pontuais também foram apontados no Pará, Paraíba e Alagoas.

Até o líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), fez críticas ao governo federal, por permitir que a oposição - no caso do seu Estado, o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (PSDB) - tire mais proveito político de obras realizadas no Estado com recursos federais. Citou obras da Suframa, nas quais o governo federal teria investido cerca de R$ 100 milhões, nas quais não há qualquer placa indicando a participação de recursos federais. Arthur Virgílio é que estaria capitalizando politicamente.

Fonte: Valor Econômico

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