sexta-feira, 6 de setembro de 2013

STF mantém penas para condenados por quadrilha

Após quatro semanas, Supremo conclui análise de primeiro lote de recursos

Término do julgamento depende de decisão sobre validade de novas contestações; sessão será retomada na quarta

BRASÍLIA - O STF (Supremo Tribunal Federal) concluiu ontem análise do primeiro lote de recursos do maior julgamento de sua história e rejeitou a possibilidade de redução, nessa fase, da pena aplicada aos principais condenados no mensalão, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino.

Ao todo, foram quatro meses e meio de julgamento no ano passado para a condenação de 25 réus. Outras quatro semanas foram necessárias, neste ano, para a apreciação do primeiro lote de recursos.

Havia a possibilidade de encerramento ontem do julgamento, já que a corte começou a analisar se é cabível ou não o segundo e último lote de recursos, que pedem novo julgamento no caso de 12 condenações por placares apertados. Os ministros, contudo, decidiram dar mais prazo para os advogados.

O presidente da corte, Joaquim Barbosa, chegou a dar voto contrário à legalidade desses recursos, chamados de "embargos infringentes", mas a sessão foi interrompida após Luís Roberto Barroso sugerir que o STF recebesse até terça memoriais dos advogados em defesa dos recursos.

A votação será retomada na quarta-feira. Se o STF rejeitar a possibilidade de novos recursos, a Procuradoria-Geral da República deve pedir a prisão imediata dos 11 condenados a regime fechado.

Presentes no regimento da corte, os "embargos infringentes" não constam de uma lei de 1990 que regula os processos no STF e no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Por isso, para Barbosa, eles não são cabíveis no julgamento.

Com a conclusão da análise do primeiro lote de recursos, só dois condenados conseguiram reduzir penas de prisão: o ex-sócio da corretora Bônus Banval Breno Fischberg e o ex-assessor do PP João Cláudio Genu, que agora têm chance de trocar o regime semiaberto pela prestação de serviços comunitários.

Os condenados por formação de quadrilha, entre eles Dirceu, Genoino, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o operador do esquema, o empresário Marcos Valério, tinham a chance de reduzir suas penas com base em posição adotada anteontem pelo ministro Teori Zavascki.
Ele alterou os votos que tinha dado nas últimas semana, sob o argumento de que o STF acabou concordando que esse tipo de mudança é válido nessa fase do julgamento, e propôs penas que levariam à prescrição do crime. Ele só foi acompanhado por 3 dos 10 colegas, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Marco Aurélio Mello, o que manteve as penas previstas.

Para Lewandowski, que é revisor do processo e protagonizou vários embates com Barbosa, ao dar um peso maior ao crime de formação de quadrilha no cálculo da pena, o STF tinha o objetivo de "manter determinados réus atrás das grades".

Ao se posicionar, Toffoli fixou novas penas, mais brandas para os réus. No caso de Dirceu, a pena para formação de quadrilha cairia de 2 anos e 11 meses para 1 ano, 7 meses e 26 dias, o que levaria essa punição a estar prescrita.

Fonte: Folha de S. Paulo

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