quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Palavra de especialista

Se Marina disputar, é prejuízo para Dilma

Marcelo Simas, professor de Ciência Política do Iuperj

"O PT tem escolhido como adversário preferencial o PSDB. É uma briga que o PT já conhece e que, no plano simbólico, ele consegue vencer; é uma polarização que ele já ganhou. PT e PSDB são distinguíveis no plano simbólico, um é a política social, o outro, a privatização. O que atrapalhou o PT na eleição de 2010foi a novidade de uma terceira opção, vinda com a candidatura da Marina Silva. Por isso, a mais prejudicada, caso ; Marina vá para a disputa, é a presidente Dilma Rousseff. Na última eleição presidencial, 20 | milhões de eleitores, que foram os votos para Marina, mostraram que não estavam mais interessados nesse debate polarizado.

Agora, não fica claro qual será o maior favorecido se Marina disputar. É uma incógnita para a estratégia da oposição—tanto da candidatura do Aécio Neves quanto do Eduardo Campos— o efeito que Marina terá. Um efeito positivo seria levar a eleição ao 2o turno, mas não vai ser positivo para o Aécio se quem for para o segundo turno for Marina, não ele. Não é clara a natureza do eleitorado da Marina, mesmo os votos dela tendo ido mais para Dilma no segundo turno em 2010 do que para José Serra".

Mudar de partido afeta credibilidade

Emil Sobottka, professor de Sociologia e Ciência Política da PUC-RS

"A presença da Marina Silva éo maior risco para a reeleição da presidente Dilma Rousseff. O que Dilma pode perder de votos é para ela, não é para Aécio. Os votos para ele são os das parcelas mais liberais e conservadoras. Eduardo Campos também tem presença maior no estado dele; mesmo no restante do Nordeste, não tem. Mas, caso a Rede não seja criada e Marina vá concorrer por outro partido, isso pode fazê-la perder votos. Se ela cair na tentação de ir para um partido que será quase de aluguel, apenas para que possa concorrer, ela bota a credibilidade fora, porque em torno dela se reuniu um projeto que é contra essa prática. E credibilidade na política é algo que está sendo valorizado, sobretudo depois dos protestos deste ano. Outro erro que Marina pode cometerá, caso haja segundo turno e ela não esteja nele, adotar novamente a postura de neutralidade, como em 2010. Se naquele ano ela tivesse negociado participação na área ambiental e indígena no governo Dilma, por exemplo, mesmo que ela não fosse a ministra mas indicasse alguém, hoje esse flanco não estaria órfão como está. E ela tinha credibilidade para ter garantido presença nele".

A ida para outra legenda é justificável

Luiz Werneck Vianna, professor de Ciência Política da PUC-Rio

"Se formos analisar os cenários da eleição presidencial de 2014,e considerando a distância de tempo para ela, o que podemos dizer agora é que a não inclusão da candidatura da ex-senadora Marina Silva, caso o partido Rede não seja criado, favorece a candidata da situação, a presidente Dilma Rousseff. Se Marina Silva fosse candidata nas próximas eleições presidenciais, ela certamente seria bem votada, e carregaria a eleição para o segundo turno. Para os candidatos da oposição, a esta altura ninguém está pensando ainda no que vai acontecer no segundo turno em 2014—se quem iria para ele seria Marina ou Aécio Neves, por exemplo—, porque isso seria muita especulação. A esta altura, o que se quer primeiramente é que haja segundo turno.

Agora, caso a Rede não seja criada, acho que a figura da Marina e o carisma dela, somados a essa história de que ela lutou por um partido e não conseguiu por causa de burocracia, justificaria que ela se candidatasse por outro partido, sem que isso prejudicasse a sua imagem".

Fonte: O Globo

Um comentário:

Cidadania e Democracia disse...

Analisar todos os candidatos antes de tomar uma decisão é uma importante para o futuro do nosso país.