sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Aécio: ‘Se alguém do PSDB tiver feito algo errado, que vá para a cadeia também’

Apesar de acusações contra tucanos, senador se mostra otimista com o cenário das eleições de 2014

Paulo Celso Pereira, Ilimar Franco

BRASÍLIA. Em meio às acusações de que integrantes do PSDB teriam recebido propina do cartel montado por multinacionais para fraudar licitações em São Paulo, e apesar da possibilidade de o mensalão mineiro ser julgado no próximo ano, o pré-candidato do partido à presidência, senador Aécio Neves, diz estar decidido a colocar a ética no debate eleitoral. Em um encontro com jornalistas na noite desta quarta-feira, o tucano mostrou-se otimista com o cenário do próximo ano, exaltou o crescimento do número de eleitores que pedem mudanças no governo e disse que não se sente nada desconfortável com as acusações que atingem tucanos.

- Eu vou falar muito de ética. Muito. Se alguém do PSDB tiver feito algo errado, se recebeu propina, que vá para a cadeia também. Se alguém cometeu erros, isso não tira um milímetro da minha autoridade para falar de ética. Governei um estado por oito anos e tenho 30 anos de vida pública - afirmou Aécio.

Embora haja grande ansiedade em setores da oposição com os números das pesquisas mais recentes, mostrando que a presidente Dilma Rousseff venceria hoje no primeiro turno, Aécio disse acreditar que esse cenário só deve começar a mudar a partir de abril, quando houver maior equilíbrio na exposição dos pré-candidatos. Hoje, nas palavras do senador, o que existe é um "monólogo" da presidente.

- Eu e Eduardo (Campos) sabemos que teremos de atravessar o Rubicão (ou seja, tomar uma decisão difícil e audaciosa, como fez o imperador romano Júlio César, ao cruzar esse rio da Itália e desencadear uma guerra) até chegar à comunicação de massa, o que só deve acontecer entre março e abril. Até lá, vai ser uma travessia no deserto. Não tenho ilusão de mudar isso (números da pesquisa) antes de terminar a Copa - declarou, lembrando os números da presidente na eleição passada:

- Nessa mesma época, última semana de novembro, primeira de dezembro, a Dilma tinha 17% e estava em campanha aberta, rodando o Brasil nas asas do Aerolula. Ela só foi passar o Serra em julho.

Em meio à finalização das linhas mestras de seu plano de governo, que serão reveladas oficialmente na próxima terça-feira, Aécio vem se reunindo nas últimas semanas com grandes empresários e representantes de setores organizados. Hoje à noite, será a vez de um encontro com 30 executivos do setor financeiro e industrial em São Paulo.

Mais do que apresentar propostas, esses encontros servem para o candidato mostrar em termos práticos quem o acompanha - e que, provavelmente, estará ao seu lado em um eventual governo. O exemplo de hoje é didático: acompanharão o tucano no evento o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, o governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, e o senador paulista Aloysio Nunes Ferreira - cotado para ser seu vice.

- O que estou fazendo é mostrando quem é o meu grupo. Essas são as pessoas com quem ando - explicou.

- O ano de 2015 será um ano muito difícil, sem dúvida. Há aí uma crise de confiança e o que esperamos é que a nossa eleição crie uma reversão de expectativa e nos dê fôlego para atravessar esse momento.

O espectro de interlocutores é diverso. Na semana passada, o tucano participou de jantares com alguns dos principais representantes nacionais do agronegócio na casa do pecuarista Jovelino Mineiro. Já nesta segunda-feira, esteve com os representantes dos principais grupos ambientalistas nacionais e internacionais, como Greenpeace e WWF, em um jantar organizado pelo ex-deputado federal Fábio Feldman. Amanhã, volta a se reunir com representantes do setor agrícola, desta vez, com os ex-ministros da Agricultura Roberto Rodrigues e Alysson Paulinelli, e, na segunda-feira, terá reunião com empresários cariocas e, em seguida, com José Júnior, do Afroreggae.

O foco dos tucanos será o eleitorado que quer mudanças de fato, em uma evidente contraposição ao governador Eduardo Campos, que apoiava o governo Lula até setembro. Sua afirmação mostra que, a despeito do seu esforço para combinar o jogo com o socialista, haverá também confronto entre os dois durante a pré-campanha e a campanha eleitoral.

- Vamos ser a mudança de verdade e segura para o Brasil. Não somos meia mudança. Quem quiser meia mudança talvez não fique conosco.

Fonte: O Globo

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