domingo, 29 de dezembro de 2013

Alta de imposto não deve reduzir gastos no exterior

Para especialistas, medida será mais eficaz para aumentar arrecadação do que para reduzir gastos no exterior

Nice de Paula, Maira Amorim

Aumento no IOF nos saques com cartões de débitos no exterior, cheques de viagem e carregamento de cartões pré-pagos com moeda estrangeira 

O aumento de 0,38% para 6,38% no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nos saques com cartões de débitos no exterior, cheques de viagem e carregamento de cartões pré-pagos com moeda estrangeira terá mais impacto nas contas do governo do que no mercado de turismo, acreditam especialistas.

— A taxa de 6% tem mais um efeito psicológico de inibir um pouco os excessos de compras. Mas quem estava disposto a viajar para o exterior vai continuar viajando; quem ia comprar um tênis lá fora vai continuar comprando, porque mesmo com os 6% ainda é muito mais barato. O maior impacto será na arrecadação do governo. As contas públicas estão com déficit, e há risco de rebaixamento do país, mas o governo devia resolver isso economizando e não aumentando impostos — diz Myriam Lund, professora da Fundação Getulio Vargas.

Ao anunciar as mudanças, na noite de sexta-feira, o Ministério da Fazenda informou que o IOF maior vai gerar uma receita anual de R$ 552 milhões.

— Mesmo com o dólar mais caro, os brasileiros continuarão gastando lá fora, ajudando a piorar as contas externas. Mas é uma tentativa do governo — afirmou Alexandre Espírito Santo, economista da Simplific-Pavarini Investimentos.

Diana Prudencio, sócia da Portfolio Travel Solutions, agência especializada em roteiros personalizados, acredita que a mudança não vai reduzir viagens nem compras no exterior:

— A oscilação do dólar e do euro em 2013 não causou diminuição nas viagens. E diante dos preços altíssimos do Brasil e, principalmente no Rio, quem tiver oportunidade vai fazer compras no exterior.

Ontem, primeiro dia da entrada em vigor das novas alíquotas, o IOF não foi tema de interesse dos clientes da CVC do shopping RioSul, contou a agente de turismo Alessandra Paula da Silva:

— As viagens de janeiro estão compradas e a próxima data, o carnaval, não é forte para turismo internacional. Então, se houver impacto, será sobre as férias de julho. As pessoas reclamam que viajar para o Nordeste é mais caro do que para o exterior. Agora pode ficar igual.

Fonte: O Globo

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