segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Eleição antecipada: Lula age para conter crise no Rio

Para tentar pôr fim à guerra travada entre PT e PMDB na disputa pelo Palácio Guanabara, o ex-presidente Lula convocou o senador Lindbergh Farias para uma reunião hoje, em São Paulo. Com esse encontro, Lula tenta adiar a saída de seu partido do governo do Rio. Cabral, por sua vez, pede calma aos "companheiros" e o fim das provocações mútuas.

Eleição antecipada: Lula, o bombeiro do Rio

Ex-presidente chama Lindbergh para reunião, enquanto Cabral pede paz entre PT e PMDB

Guilherme Amado

BRASÍLIA- O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acertou com a cúpula nacional do PMDB que tentará acalmar o PT do Rio para evitar que o partido saia do governo de Sérgio Cabral nos próximos dias. Seu primeiro passo neste sentido foi convocar o senador Lindbergh Farias, pré-candidato ao governo fluminense em 2014, para um encontro hoje, em São Paulo.

A intervenção de Lula na disputa entre PT e PMDB no Rio começou na quarta-feira e foi reforçada no encontro de mais de quatro horas realizado anteontem, na Granja do Torto, com a presidente Dilma Rousseff. A intenção de Lula é não fragilizar o governo Cabral, que ontem, por sua vez, apelou a petistas e peemedebistas para que evitem as provocações mútuas.

— A nossa aliança com o PT e com o governo da presidenta Dilma é uma aliança que só tem feito bem ao estado do Rio — disse Cabral, na reinauguração da maternidade Mariana Bulhões, em Nova Iguaçu. — Eu tenho o maior respeito pelos companheiros do PT. Tanto aos companheiros do PMDB, quanto aos companheiros do PT que têm agido na direção da polêmica, temos que pedir calma.

O governador do Rio solicitou ainda união contra a oposição, sem especificar, no entanto, a quem se referia:

— Nós estamos no poder. A oposição, que não está no governo, quer estar. O PMDB e o PT são o governo do estado há sete anos. Portanto, é hora de nós, que somos do governo, continuarmos fazendo coisas como essas aqui: entregando obras.

Está agendado para hoje, em São Paulo, um encontro de Lula com Lindbergh. A conversa entre os dois está prevista para ocorrer depois de uma reunião do ex-presidente com os novos líderes dos diretórios regionais do PT. Na quarta-feira, Lula pediu que o diretório regional fluminense adiasse em pelo menos uma semana a ruptura com Cabral, prometida para acontecer anteontem. O pedido foi atendido, mas o comando estadual não desistiu de anunciar a cisão nesta semana.

Nos últimos dias, Lindbergh e outros petistas fluminenses se irritaram com declarações do vice-governador, Luiz Fernando Pezão, candidato do PMDB do Rio para 2014, e do deputado federal Leonardo Picciani, vice-líder do PMDB na Câmara dos Deputados. Na quinta-feira, Pezão comemorou o adiamento da cisão entre os dois partidos e disse que ofereceria o que o PT quisesse para que Lindbergh se retirasse da disputa. No dia seguinte, Picciani afirmou que o PT não havia saído do governo Cabral em novembro para não deixar de receber o 13º salário.

"Correligionários irritados"
Mas, apesar de continuar atuando como bombeiro, Lula reclamou muito, no sábado, das declarações de Pezão e Picciani. Segundo participantes da conversa na Granja do Torto, ele disse que elas "atrapalhavam" as negociações no Rio. Rui Falcão, presidente nacional do PT, afirmou, por sua vez, que os petistas fluminenses querem o rompimento para já e que está difícil segurar seus correligionários irritados.

O acerto foi, então, o de adotar um tom mais conciliador, pedindo calma a todos os envolvidos. Mas alguns petistas não descartam que Lula queira manter o partido com Cabral para tentar costurar um apoio do PMDB à candidatura de Lindbergh caso Pezão não melhore nas pesquisas de intenção de voto. Na semana passada, o Ibope apontou que Pezão está em sexto lugar, enquanto o petista aparece em terceiro. A pesquisa foi liderada pelo ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), e pelo deputado federal Anthony Garotinho (PR).

No sábado, durante visita a Mendes, no interior do Rio, Lindbergh reforçou a necessidade de rompimento e se disse indignado com Pezão e Picciani.

— (Isso) Foi bom para mostrar ao PT nacional o que a gente enfrenta aqui. É truculência em cima de truculência. Todos sabem o esforço que fizemos para atender ao pedido do presidente Lula, e eles (o PMDB) respondem com desrespeito. Tudo isso só reforça a tese de que temos que sair imediatamente.

Ontem, o presidente nacional do PMDB, senador Valdir Raupp (RO), também pediu paz:

— O Rio tem que ter calma. Se o PT puder segurar um pouco mais, é importante.

Entre aliados de Dilma, a avaliação é que um rompimento no Rio seria ruim para os dois partidos, uma vez que eles ainda têm problemas a resolver nos palanques de Ceará, Paraíba e Minas Gerais.

Para engrossar ainda mais a lista de candidatos no Rio, o Solidariedade, partido que a princípio se alinharia com Lindbergh, decidiu ontem lançar candidatura própria. A vereadora Rosa Fernandes, que teve quase 69 mil votos em 2012, foi pega de surpresa pela decisão, mas diz que entrará de cabeça na disputa:

— Estava ao lado do (vereador) Tio Carlos quando meu filho veio e me disse: "Vão te fazer um convite. Se prepara" Eu pensei: "Oba, vão me levar para um almoço" Mas não. Me pediram que saísse candidata. Fico feliz por contribuir.

"Eu tenho o maior respeito pelos companheiros do PT. Tanto aos companheiros do PMDB, quanto aos companheiros do PT que têm agido na direção da polêmica, temos que pedir calma" Sérgio Cabral, Governador do Rio

Fonte: O Globo

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