sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

No Paraná, Richa e Gleisi disputam vice do PMDB

Por Fábio Brandt

BRASÍLIA - Os principais candidatos ao governo do Paraná em 2014 já iniciaram as articulações para encontrar seus vices. O PMDB está na mira tanto do candidato à reeleição, Beto Richa (PSDB), quanto da desafiante, a ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil). Por conta das divisões internas do PMDB, no entanto, ambos trabalham com alternativas. Richa já procurou o PSC de Ratinho Junior, filho do apresentador de TV. Gleisi conversa com Osmar Dias (PDT) e também com Eduardo Sciarra (PSD).

A disputa pelo governo paranaense promete ser um duro embate entre PT e PSDB. Os petistas nunca elegeram o governador do Paraná. Esperam quebrar esse tabu para reforçar sua presença no Sul do Brasil a partir de 2015. Mas, antes disso, julgam necessário ter bom desempenho na campanha de Gleisi para que os eleitores sulistas, historicamente tidos como refratários ao PT, tenham motivos para apoiar a reeleição da presidente Dilma Rousseff.

A importância dada pelos dois partidos ao Paraná tem razão de ser. Com 7,7 milhões de eleitores (5,5% do total nacional), é o sexto maior colégio eleitoral do país, de acordo com os dados mais recentes divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes a novembro de 2013. Na economia, o Paraná tem o quinto maior Produto Interno Bruto (PIB) entre os Estados: R$ 239 bilhões (5,8% do PIB brasileiro), segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes a 2011.

Beto Richa parece ter superado seu primeiro obstáculo: as desavenças com o senador Álvaro Dias (PSDB). O governador assegurou apoio à reeleição do senador. E obteve resposta recíproca. O próximo passo será fazer a cabeça do atual vice, Flávio Arns (PSDB). Richa já procurou ao menos dois partidos, PMDB e PSC, para oferecer a vaga de Arns.

Procurado pelo Valor, Alvaro Dias deu mostras de que seu entendimento com Richa já surte efeito. Defendeu o governador e disse que "ele [Flávio Arns] vai ficar de acordo". Segundo Dias, é correto ceder a vice. "Se o PMDB vier com o PSDB, a eleição acaba no primeiro turno", afirmou. O PSC, disse, seria um ótimo aliado, mas a estrutura do PMDB daria mais robustez à candidatura tucana.

Não só a preferência pelo PMDB afasta o PSC da vice de Beto Richa. O PSC insiste para Ratinho Junior ser candidato a deputado federal. Campeão de votos, ele poderia levar consigo para Brasília mais colegas do partido. Mas Ratinho tem outros planos: quer se eleger deputado estadual e passar mais tempo em Curitiba para fortalecer seu nome para as próximas eleições: 2016 (prefeito) e 2018 (governador).

Assim como no PSDB, muitos petistas veem no PMDB o aliado ideal para vencer já no primeiro turno. Caso essa aliança não se concretize, Gleisi tem um aliado garantido: o PDT do prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet. O problema é que a pessoa do PDT para entrar na aliança, Osmar Dias, recusa-se a disputar a eleição contra o irmão tucano Álvaro. Os petistas já começam a desistir de convencê-lo e trabalham outra opção: fazer com que o PSD, de Gilberto Kassab, saia da base de apoio a Beto Richa e entre na coligação petista.

O líder do PSD na Câmara dos Deputados, Eduardo Sciarra, afirmou ao Valor que será candidato a senador e que o empresário Joel Malucelli disputará o governo pelo partido. Esse é o quadro atual. Mas ele não nega que tenha sido procurado pelo PT para aderir ao projeto de Gleisi. Fontes do PT consultadas pela reportagem afirmam que, de fato, estão pleiteando a entrada de Sciarra em sua aliança.

Toda essa confusão pode se resolver após o PMDB realizar sua convenção no próximo ano e revelar qual de seus grupos internos vai dominar a legenda no Paraná. Ao menos três grupos disputam o PMDB. O grupo do senador Roberto Requião trabalha para lançá-lo como candidato a governador. Um outro grupo, mais próximo aos petistas, apresenta como possível vice de Gleisi o deputado estadual Caito Quintana. O terceiro grupo, mais próximo ao PSDB, tem como opções o ex-governador Orlando Pessuti e o deputado federal Osmar Serraglio. Apesar de Pessuti mostrar empenho para ser candidato ao governo, tanto ele quanto Serraglio são vistos pelos tucanos como opções de vice para Beto Richa.

Fonte: Valor Econômico

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