sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Palanques estaduais são a única ameaça, diz Braga

Por Raquel Ulhôa

BRASÍLIA - Integrante do grupo de senadores novatos do PMDB que se fortaleceu desde a eleição de 2010 e hoje divide o controle operacional do Senado com o grupo de Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AL), o líder do governo, Eduardo Braga (PMDB-AM), avalia que os conflitos na relação do seu partido com o PT em vários Estados podem comprometer a aprovação da aliança nacional entre as duas legendas e a reedição da chapa Dilma Rousseff, na Presidência da República, e Michel Temer, na Vice-Presidência.

"Se os delegados do Rio se juntarem aos do Ceará e de mais dois Estados, como Bahia e Pará, para votar contra, [a chapa Dilma-Temer] perde a convenção. Aí os dois partidos não coligam, a presidenta perde cinco minutos na televisão e o PMDB não faz o vice. O esforço para resolver esses problemas tem que ser muito mais do PT, da presidenta, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De todo mundo, arrumando e organizando o jogo regional, que não está arrumado", diz.

Exceto por esse problema, o ex-governador do Amazonas considera o cenário eleitoral bastante favorável à reeleição de Dilma, especialmente porque será um ano de campanha curta, devido à Copa do Mundo. "Dilma é presidente, tem visibilidade. O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o governador Eduardo Campos (PSB), de Pernambuco não são tão conhecidos e dependem mais do tempo de campanha. Mas ela precisa costurar acordos mais claros nos Estados", diz o líder.

O senador calcula que "tirando o Carnaval e a Copa, teremos 134 dias úteis [período de campanha]". "E tem mais: o julgamento da ação 470 [mensalão do PT] pelo Supremo Tribunal Federal (STF) passou longe da presidenta Dilma. Só que o [julgamento do] mensalão de Minas Gerais pode atingir o núcleo que financiou a campanha do Aécio. O julgamento vai cair no colo do PSDB de Minas", diz.

Braga é apontado como o candidato favorito da base governista para disputar o governo do Amazonas, o qual ocupou por dois mandatos (2003 a 2011). Embora tenha bom desempenho nas pesquisas, ele também enfrenta um quadro político indefinido no Estado e diz que só decidirá disputar ou não mais à frente.

"Campanha majoritária não depende da sua vontade. Depende de viabilidade política e eleitoral e de razões objetivas e pragmáticas de uma campanha. A viabilidade política passa pelo arco de alianças. A viabilidade eleitoral é o apoio do povo. O terceiro fato é como será o financiamento de campanha, que ainda não está definido", explica. Admite, no entanto, que está disposto a concorrer se isso for melhor para a campanha de Dilma.

Quando chegou ao Senado, o grupo de Renan, Sarney e Romero Jucá (PMDB-RR), então líder do governo, comandava a Casa. Braga e cinco calouros do PMDB se aliaram aos veteranos Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) e formaram o G-8, grupo de oito dos 20 senadores pemedebistas que contestava Renan e aliados. Os novatos ganharam espaço. Hoje ocupam cargos estratégicos no Senado e têm interlocução com o governo.

"A correlação de forças do PMDB mudou e a interlocução do partido com o governo se ampliou. O PMDB do Senado tem sido extremamente importante para o governo Dilma", afirma Braga, que dá uma estocada no PMDB da Câmara, pois "nem sempre acompanha as posições da bancada do Senado".

Fonte: Valor Econômico

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