sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Brasília-DF - Denise Rothenburg

O clã na encruzilhada
O senador José Sarney tem um tino político de fazer inveja a muitos. Nos últimos dias, desconfia que a exposição da tragédia maranhense e as críticas veladas ao governo de sua filha Roseana vieram sob medida para jogar o PT do Maranhão longe do palanque peemedebista no estado e, ao mesmo tempo, dar mais luz a Flávio Dino, do PCdoB, o maior adversário do clã Sarney. O PT, entretanto, não chegará a tanto num primeiro turno. A tendência por lá é lançar um nome do próprio partido ao governo estadual. Assim, tenta preservar a relação com Sarney no plano nacional.
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O cálculo do PT é de que essa crise no governo do Maranhão vem justamente no período em que Roseana teria para se recuperar e, assim, tentar sair em viés de alta para concorrer ao Senado. Nesse quadro, há quem diga que o mais provável hoje é Roseana ficar até o fim no cargo, recuperar a imagem e se preparar para, quem sabe, ocupar um lugar ao sol mais à frente. Com o poder no Maranhão balançando, Sarney será obrigado pela família a disputar mais um mandato de senador pelo Amapá e, assim, por mais uma vez, adiar o sonho de se dedicar exclusivamente à literatura, privilégio de poucos.

Exemplos &futuros
Os políticos não esquecem daqueles colegas de carreiras promissoras que terminaram ofuscados por chacinas e nunca mais voltaram a ter o mesmo brilho. O Carandiru, em 1992, ficou grande parte na conta do então governador de São Paulo, Luis Antonio Fleury Filho. O massacre de Eldorado dos Carajás chamuscou a carreira do paraense Almir Gabriel. Muitos temem que Roseana Sarney venha corroborar essa tese.

Contagem regressiva I
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, se apresentará oficialmente como candidato a presidente entre 15 e 20 de fevereiro. O mais difícil, por enquanto, é definir o local. Está entre Recife, Brasília e São Paulo.

Contagem regressiva II
A ideia de anunciar tudo antes do carnaval tem um objetivo claro: aproveitar os últimos 30 dias de governo para percorrer o estado com aquele que for escolhido candidato a governador pelo rol de partidos que segue com o PSB no plano estadual.

Nem vem
Soará como uma enorme desfeita ao PP se a presidente Dilma Rousseff tirar do partido o comando do Ministério das Cidades. Da mesma forma, o PMDB trata como o fim do mundo não entregar ao senador Vital do Rêgo o comando do Ministério da Integração Nacional.

Vai virar marchinha/ O pacotão, tradicional bloco carnavalesco de Brasília, começou a corrida para escolher a música que irá embalar os brasilienses no início de março. Uma das concorrentes tem como mote "a cabeleira do Renan" (Calheiros), presidente do Senado Federal.

Vai ferver.../ Sabe aquele acordo entre os partidos para não ampliar a despesa do governo este ano? Pois é. Se depender da Frente Parlamentar da Saúde, vai murchar antes do carnaval. "O grupo da saúde não participou deste acordo e nem assinou nada nesse sentido. Vamos fazer o possível para ampliar a verba do setor", disse o deputado Darcísio Perondi, do PMDB gaúcho.

...e dar discurso/ Perondi vai direto em pontos que a população entende: "Não queremos ampliar recursos para comprar aviões ou para tirar imposto da compra de carros. O da Saúde é para salvar vidas. É urgente", diz ele, pronto para a briga.

Incomodou em casa/ O texto do PT em relação a Eduardo Campos deixou muitos petistas irritados com a parte que se refere à migração da esquerda para a direita. "E não se trata sequer da questão ideológica, já que a travessia da esquerda para a direita é uma espécie de doença infantil entre certa categoria de políticos brasileiros, um sarampo do oportunismo nacional (...)". Afinal, muitos sabem que o PT, desde que virou governo não fez outra coisa, senão se aliar à direita e afastar a esquerda.

Fonte: Correio Braziliense

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