domingo, 26 de janeiro de 2014

Cabral decide exonerar petistas de seu governo

Governador envia e-mail a presidente do PT comunicando decisão que será formalizada na sexta-feira

Cássio Bruno

RIO — Irritado com a decisão de o PT do Rio antecipar a saída de sua administração de 31 de março para 28 de fevereiro, o governador Sérgio Cabral (PMDB) resolveu partir para o ataque. Ele vai exonerar os cerca de 700 petistas que fazem parte de sua administração na próxima sexta-feira. A demissão em massa inclui os dois cargos de primeiro escalão: os secretários Carlos Minc (Meio Ambiente) e Zaqueu Teixeira (Assistência Social).

Cabral comunicou a iniciativa, por e-mail, na madrugada de sábado, ao presidente regional do PT, Washington Quaquá. Os dois vão se encontrar na segunda-feira no Palácio Guanabara. Quaquá, por sua vez, entregará a Cabral a lista dos petistas que têm cargos no governo.

— Ele (Cabral) me mandou um e-mail hoje (sábado) de madrugada. O PT quer entregar os cargos desde novembro do ano passado. Só não o fez porque o próprio Cabral nos pediu. Se ele preferir, as demissões podem ser segunda-feira (amanhã) mesmo — disse Quaquá ao GLOBO.

Cabral confirmou o e-mail. Em nota, agradeceu ao presidente do PT “pelos sete anos e um mês de convívio fraterno”.

A manobra de Cabral tem um objetivo: atrair aliados para compôr a chapa do vice-governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que concorrerá à sucessão estadual em outubro deste ano com o apoio do governador. O PT disputará com o senador Lindbergh Farias.

A Secretaria estadual de Assistência Social deverá ser entregue ao Solidariedade. O partido foi criado, em 2012, pelo deputado federal Paulinho da Força. O parlamentar se reuniu com Sérgio Cabral na última semana. A legenda foi convidada por Lindbergh para indicar o vice (a vereadora Rosa Fernandes ou o filho dela, o deputado estadual Pedro Fernandes).

Já a pasta do Meio Ambiente e mais um secretaria serão entregues ao PSD e ao PDT. O PSD, do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, apresentou a pré-candidatura do ex-deputado federal Índio da Costa.

Segundos aliados, Cabral considerou "uma afronta" do PT informá-lo, também por e-mail, meia hora antes, sobre o evento petista do último dia 17, no Sindicato dos Bancários. Neste encontro, que teve a participação de Lindbergh e do presidente nacional do PT, Rui Falcão, foi anunciada a saída do partido do governo Cabral em 28 de fevereiro. Em seu discurso, Lindbergh atacou Cabral, principalmente na área da Segurança Pública.

Duas horas depois da reunião do PT, Cabral confirmou que deixaria o cargo no mesmo dia (28 de fevereiro) para dar mais visibilidade a Pezão, que aparece com apenas 5% nas pesquisas de intenção de voto. Lindbergh tem 15%, o mesmo percentual do ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB). O deputado federal Anthony Garotinho (PR) é o líder com 21%.

- Cabral achou uma afronta a forma que o PT o comunicou - contou um aliado próximo de Cabral.

A decisão de Cabral põe fim a uma novela que se arrasta desde os meados do ano passado. À época, ganhou força dentro do PT fluminense a pré-candidatura de Lindbergh. Revoltado, Cabral recorreu ao ex-presidente Lula. O PT, então, por três vezes, adiou a entrega dos cargos.

A pedido do próprio Lula, os petistas combinaram de deixar Cabral apenas no dia 31 de março já que não houve acordo para uma aliança entre PT e PMDB no estado. O ex-presidente temia que com a briga prejudicasse a aliança nacional e a reeleição da presidente Dilma Rousseff. O PMDB é o principal aliado do PT no Congresso.

Pezão já tem agenda de governador. Participa de inaugurações de obras e lançamentos de projetos do governo do estado. Na semana passada, o vice-governador anunciou que fará agendas com a presidente Dilma, do mesmo partido de Lindbergh.

Segundo Pezão, Dilma vai inaugurar com ele a Transcarioca (transporte com ônibus BRT que vai ligar a Barra ao Aeroporto Tom Jobim (Galeão), em 10 de maio e o Arco Metropolitano (estrada que ligará Itaguaí a Itaboraí, passando por municípios da Baixada Fluminense), previsto para começar a funcionar até julho.

Fonte: O Globo

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu acho que foi uma boa o PT ter saído, o Cabral fazia tudo sozinho mesmo!