quinta-feira, 27 de março de 2014

BC prevê mais inflação, menos crescimento, e projeções se afastam de metas do governo

Banco Central espera que o Brasil tenha expansão de 2% em 2014, abaixo dos 2,3% registrados no ano passado

Relatório prevê ainda que IPCA fique em 6,1%, frente a estimativa anterior de 5,6%

Consumo das famílias também deve desacelerar

Gabriela valente – O Globo

BRASÍLIA - O Banco Central traçou um cenário pior para a economia neste ano com mais inflação e menor crescimento. De acordo com o relatório trimestral de inflação, divulgado na manhã desta quinta-feira, a previsão para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou de 5,6% para 6,1% para este ano. Apesar de todas as altas de juros feitas pelo BC desde abril do ano passado, as projeções se afastam cada vez mais das metas do governo. O Banco Central espera também que o Brasil cresça 2% em 2014: abaixo dos 2,3% da expansão da economia no ano passado.

A estimativa para o crescimento do país também representa uma desaceleração no fim deste ano, já que a previsão divulgada pelo BC no fim do ano passado era de que o país encerrasse o terceiro trimestre num ritmo de expansão de 2,3%. O Banco Central deixou de fazer projeções para o ano fechado e faz apenas estimativas para os próximos três trimestres. Nesse relatório divulgado hoje, coincidiu ser publicada a aposta para o ano fechado.

De acordo com o BC, o consumo das famílias também deve desacelerar de 2,3%, registrados em 2013, para 2%. Já o consumo do governo deve aumentar de 1,9% para 2,1%. Investimento crescerá num ritmo menor: 1% ante 6,3% em 2013.

“Cabe notar que a perspectiva de desaceleração na FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) em 2014 reflete, em parte, o carregamento estatístico do último trimestre de 2013”, diz o texto da autoridade monetária.

Segundo as projeções, a balança comercial não influenciará no crescimento do país. A aposta do BC é que as exportações crescerão 1,3% em 2014 e as importações 0,9%.

“As exportações devem se beneficiar do cenário de maior crescimento global e da depreciação do real, a qual também deve contribuir para o arrefecimento das importações. Nesse cenário, o aumento anual de 2,0% do PIB em 2014 estará condicionado à contribuição de 2 ponto percentual da demanda interna e ao impacto nulo, portanto, do setor externo”, afirma o BC.

Essas projeções feitas pelo BC interferem diretamente na condução da política de controle de preços. A meta para o ano é de 4,5%. No entanto, há uma margem de tolerância de 2 pontos percentuais. Segundo o relatório do BC, a expectativa para a inflação oficial no ano que vem também piorou. Passou de 5,4% para 5,5%.

Essas são as estimativas no cenário do BC, ou seja, que leva em consideração juros e dólar constantes. Quando as contas são feitas com as apostas do mercado financeiro para essas duas variáveis, as previsões ficam levemente piores. Para este ano, a perspectiva para o IPCA passou de 5,6% para 6,2%. Já para 2015, subiu de 5,3% para 5,5%

Na semana que vem, os diretores do Comitê de Política Monetária (Copom) usarão essas contas para decidir o futuro dos juros no Brasil. Atualmente, a taxa básica (Selic) está em 10,75% ao ano. O BC tem aumentado os juros desde abril do ano passado.

No entanto, na última reunião do comitê, os diretores diminuíram o ritmo das altas. Optaram por uma elevação de apenas 0,25 ponto percentual.

O Copom tem sido pressionado a continuar a aumentar os juros porque a inflação tem mostrado sinais de persistência. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumulado está em 5,68%.

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