segunda-feira, 14 de abril de 2014

Oposição quer ouvir ministra do Planejamento sobre o IBGE

Miriam Belchior deverá prestar esclarecimentos sobre o pedido de governistas para revisar a metodologia do cálculo da renda per capita domiciliar

Gabriela Valente, Catarina Alencastro e Clarice Spitz – O Globo

BRASÍLIA e RIO - A oposição deve apresentar requerimento para convocar a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, a prestar esclarecimentos sobre o pedido de governistas para revisar a metodologia do IBGE do cálculo da renda per capita domiciliar, que culminou na interrupção da divulgação da Pnad Contínua até janeiro. A convocação dividirá os holofotes do Congresso com as negociações para tentar barrar a instalação da CPI da Petrobras.

Além da ministra, os parlamentares querem convocar a presidente do IBGE, Wasmália Bivar, e Marcia Quintslr, a diretora de pesquisa que pediu demissão. Outros 18 servidores ameaçam sair. Segundo Wasmália, Marcia não concordou com a decisão da diretoria de parar a pesquisa devido ao requerimento da base governista para reformular a metodologia e equalizar margens de erro entre as 27 unidades da federação. O objetivo seria não interferir na divisão dos recursos do Fundo de Participação dos Estados (FPE).

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) deve apresentar a convocação da ministra.

— Iremos tomar uma providência, isso é um absurdo. A intervenção na divulgação de dados do IBGE para fins políticos é característica de ditadura.

— Isso cheira a coisas de Kirchner — criticou o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), que deve protocolar na Comissão de Fiscalização e Controle o convite.

Ferreira se referia ao fato de o Indec, o instituto de pesquisas argentino, ter sofrido intervenção branca do governo Cristina Kirchner. Ana Carla Magni, diretora da Assibge, que reúne representantes de servidores do IBGE, também fez um paralelo com a crise no Indec. E afirmou:

— Estamos detectando um problema de ingerência política no IBGE.

Representantes da Assibge passaram o fim de semana reunidos discutindo a crise. O sindicato prepara atos de protesto na quarta-feira no Rio e em outras capitais e deve enviar documento com orientações de conduta aos funcionários.

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