terça-feira, 29 de abril de 2014

Oposição tentará ressaltar ausência de Dilma em debates

Para confirmar presença em embates na TV, Aécio pede que cadeira da presidente seja mantida vazia caso ela não vá

Equipe de petista quer evitar confrontos com rivais e gostaria de incluir candidata apenas em dois debates

Natuza Nery – Folha de S. Paulo EBC

BRASÍLIA - A oposição adotou uma estratégia para tentar constranger Dilma Rousseff toda vez que ela se recursar a ir a um debate televisivo entre os candidatos presidenciais: pressionar para que emissora deixe, e mostre, a cadeira vazia reservada para a petista.

Segundo a Folha apurou, nos convites que recebe, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) vincula essa exigência à confirmação de sua participação no evento. Os candidatos já foram convidados para 11 confrontos públicos, entre os quais um a ser realizado pela Folha, associada ao SBT e ao UOL. Ao discutir as regras do debate com a Folha, contudo, Aécio não fez essa exigência —de que a cadeira de Dilma fosse mostrada vazia.

Candidato à vaga de Dilma no Planalto, Aécio está em segundo lugar nas pesquisas e afirmou a pessoas com quem conversou recentemente que negociará com o ex-governador Eduardo Campos (PSB-PE), que também deve disputar a Presidência, uma ação conjunta com esse propósito.

A tática parte da avaliação segundo a qual um candidato ausente a debates passa a imagem de arrogante e perde votos com isso.

Nos bastidores, integrantes da pré-campanha de Dilma afirmam que a candidata será seletiva. O partido trabalha para que a presidente vá ao menor número possível de “ringues televisivos’.

Como os petistas consideram impossível recusar a todos os convites, tentam aglutinar emissoras e demais veículos de comunicação para transmitir, em forma de “pool”, um número reduzido de debates.

No outro campo, a oposição se agarra às oportunidades de poder falar para uma grande audiência.

Isso porque o tempo de propaganda na TV —principal instrumento das campanhas políticas— projetado para Dilma representa cerca do dobro da soma de seus dois principais adversários.

A distribuição oficial do tempo no chamado “palanque eletrônico” será anunciada a partir de julho pela Justiça Eleitoral.

Como a petista tende a levar ampla vantagem nas aparições do horário eleitoral gratuito e já é bastante conhecida, a pré-campanha pela reeleição tentará diminuir as situações de confronto direto com PSDB e PSB.

Em 2006, no fim do primeiro turno, o ex-presidente Lula cancelou uma hora antes sua participação no debate da TV Globo e responsabilizou a virulência dos adversários da época pela decisão.

A ausência motivou uma reclamação do apresentador William Bonner em rede nacional, que lamentou a falta do candidato.

O lugar reservado ao ex-presidente não foi retirado do cenário. Mais: sempre que havia oportunidade, as câmeras mostravam a cadeira vazia e uma plaquinha com o nome de Lula.

A eleição daquele ano acabou indo para o segundo turno, entre Lula e Geraldo Alckmin (PSDB).

Até mesmo petistas da pré-campanha reconheceram à época que o “WO” no debate contribuiu para que a eleição não se encenasse logo no primeiro turno.

A equipe que assessora Dilma gostaria que ela fosse, no máximo, ao primeiro debate, o da TV Band, e ao último, da TV Globo.

Nenhum comentário: