segunda-feira, 14 de abril de 2014

Ricardo Noblat: Marina, o vice que faz diferença

"O Brasil rejeita a alternativa de mais quatro anos do que aí está" Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco

- O Globo

E assim se passaram seis meses desde que Marina Silva, ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, filiou-se ao PSB e anunciou seu apoio a Eduardo Campos, pré-candidato do partido à sucessão da presidente Dilma Rousseff. Naquela ocasião, em particular, Marina disse a Eduardo que seria sua vice caso isso o ajudasse a se eleger. Esta tarde, em Brasília, Marina dirá que é candidata a vice de Eduardo.

Na eleição de 2010, com pouquíssimo dinheiro para fazer campanha e apenas um minuto de propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão, Marina teve um desempenho surpreendente. Em percentuais redondos, Dilma conseguiu 47% dos votos válidos no primeiro turno, José Serra 33% e ela, 19%.

Marina venceu no Distrito Federal. Derrotou Serra no Amapá, Amazonas, Pernambuco e Rio. E empatou com Serra no Ceará. Nos três maiores colégios eleitorais, colheu 20% dos votos (São Paulo), 44% (Rio) e 21% (Minas Gerais). Imaginou concorrer outra vez em outubro próximo. Mas não registrou seu partido, a REDE, em tempo hábil.

Foi por isso que procurou abrigo no PSB. A mais recente pesquisa do instituto Datafolha apontou Marina, no momento, como o único nome que seria capaz de levar a eleição presidencial para o segundo turno.
Contra Dilma (39%) e Aécio (16%), ela reúne 27% das intenções de voto. Está destinada a ser a maior eleitora de Campos.

A pedido de um partido, pesquisa feita por telefone no último dia 10 no Distrito Federal ouviu 2.329 eleitores. Respostas à pergunta sobre como evoluiu a situação do Brasil “nos últimos anos”: está cada vez pior (63%); cada vez melhor (15%), e igual (22%). Aprovam a administração Dilma, 25.6%. Desaprovam, 64.8%.

Intenção de voto para presidente: Dilma, 22%, Aécio, 22%, Eduardo, 15%, e nenhum, 35%. Intenção de voto com os prováveis vices: Dilma e Michel Temer, 22%; Aécio e Aloysio Nunes, 21%; Eduardo e  Marina, 40%. Votos brancos, nulos e “não sabem”, 17%. Marina e Eduardo planejam visitar até junho as 150 maiores cidades do país.

Em entrevista à VEJA, Mauro Paulino, diretor do Datafolha, disse que a alta rejeição à classe política, o desejo de mudança do eleitorado e a Copa do Mundo fazem desta eleição a mais imprevisível desde a primeira pelo voto direto depois dos 21 anos da ditadura militar. A aversão aos políticos elegeu Collor em 1989. Agora ela é maior.

O desejo de mudança é compartilhado por sete de cada 10 brasileiros. Seis em cada 10 acham que a inflação vai aumentar. Caiu de 87% para 78% o percentual dos que se orgulham de ser brasileiros. É a primeira vez que isso acontece nos últimos 13 anos. E o percentual dos que afirmam ter vergonha de ser brasileiros cresceu de 11% para 20%.

Só 60% dos brasileiros ouviram falar de Aécio Neves, pré-candidato do PSDB a presidente da República, mas não o conhecem. São 75% os que apenas ouviram falar de Campos. Os dois são bem avaliados onde são conhecidos. Campos é o candidato de oposição com mais chance de atrair os eleitores descontentes, observa Paulino.

A importância dos partidos foi nenhuma para eleger Collor. O PSDB era pequeno quando elegeu Fernando Henrique presidente. O PT também quando Lula se elegeu pela primeira vez. O PSB de Campos é um partido pequeno, embora tenha sido o que mais cresceu nas eleições municipais de há dois anos. A dupla Campos e Marina é de fato uma possibilidade real de poder.

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