sexta-feira, 2 de maio de 2014

Aliados de Campos e Marina não se entendem sobre candidatura em SP

Integrante da Rede vetam nome do presidente do PSB. Ameaça de apoio à reeleição de Alckmin renasce

Sérgio Roxo

SÃO PAULO - O anúncio da chapa presidencial no começo do mês ainda não foi suficiente para aproximar militantes da Rede e do PSB. As diferenças ficaram claras com o aprofundamento, ocorrido nos últimos dias, do impasse para a escolha do nome que vai encabeçar a chapa ao governo de São Paulo.

A indefinição fez renascer a possibilidade de o partido de Campos apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). O tucano esteve na noite de segunda-feira em um jantar oferecido pelo empresário João Doria Jr. ao pré-candidato a presidente do PSB. Um dos caminhos do tucano para atrair o grupo de Marina seria oferecer o posto de senador da chapa ao vereador Ricardo Young, um dos principiais aliados de Marina, apesar de ser filiado ao PPS. A hipótese é rechaçada pela Rede.

Inicialmente favorável a uma aliança com Alckmin, o PSB-SP aceitou a proposta de uma candidatura própria em São Paulo por pressão da Rede. A ideia é que candidatura Campos-Marina precisa de um palanque exclusivo no maior estado do país, já que o candidato oficial do governador paulista é o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

O presidente do PSB no estado, o deputado federal Marcio França, foi indicado pré-candidato. Mas, em uma reunião na semana passada com Marina, os integrantes da Rede vetaram o parlamentar.

- Entendemos que ele não é o nome mais adequado para representar o movimento de renovação na política que queremos - afirma Célio Turino, porta-voz da Rede em São Paulo.

Em convenção que durou 18 horas no último sábado, o próprio Turino e o ambientalista João Paulo Capobianco, coordenador da campanha presidencial de Marina em 2010, foram escolhidos como possíveis candidatos. Para evitar mais atrito, as pré-candidaturas do ex-deputado federal Walter Feldman e do sociólogo Mateus Prado foram retiradas. Fundador do PSDB e ocupante de cargos públicos desde os anos 1980, Feldman vinha sendo criticado pela direção do PSB com os mesmo argumentos sempre que eram colocadas objeções a França pelos integrantes da Rede. Já Prado se desgastou ao afirmar em um debate interno ter "vontade de bater em França" quando ele fala que poderia disputar no voto, em convenção partidária, com Feldman quem será o candidato.

Como a Rede não teve o registro homologado pelo Tribunal Superior Eleitoral, os seus integrantes, entre eles Marina, se filiaram ao PSB. O grupo pode, em São Paulo, decidir apoiar um candidato de outro partido, como Vladimir Safatle, do PSOL.

Dirigentes do PSB ameaçam colocar em voto na convenção de junho a possibilidade apoio a Alckmin.

- O apoio ao Alckmin teria mais de 90% dos votos - afirma o prefeito de Campinas, Jonas Donizette (PSB), um dos principais articuladores do partido no estado.

Campos e Marina tentam manter o otimismo, apesar de reconhecerem as dificuldades de um acordo.

- A convenção vai ser em junho e até lá estaremos empenhados para que, com base num consenso progressivo. tenhamos o melhor nome - afirmou a ex-senadora.

-Essas coisas não são simples. Requerem muita conversa, muito diálogo e paciência. E nós temos tudo isso e vamos chegar um bom termo até a convenção - reconheceu o pré-candidato a presidente.

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