sexta-feira, 30 de maio de 2014

Entrevista de Aécio em Aparecida (SP)

• Encontro com Dom Damasceno; eleições 2014; temas da igreja, Joaquim Barbosa

- Agências de noticias

Sobre o encontro com presidente da CNBB.
Vim fazer uma visita a Dom Damasceno, presidente da CNBB, mineiro, porque há hoje uma preocupação muito grande da CNBB também com a agenda política. E há uma convergência muito grande de sentimentos entre aquilo que se propõe a CNBB, que tem discutido inclusive a proposta de reforma política, com aquilo que nós achamos necessário. Recentemente, o Papa Francisco fez uma exortação, quase que uma convocação, aos cristãos que participem da vida política, que participem não apenas votando, mas, sempre que possível, até mesmo buscando ser votados. Ele falava da política como um instrumento de servir, como uma forma de atender às demandas da sociedade. Extremamente sublime, esse foi o termo usado pelo Papa Francisco.

E, em um momento em que estamos dialogando com o Brasil, queria, antes que a própria campanha efetivamente começasse, vir aqui dizer da nossa disposição de estarmos conversando, construindo uma agenda sobre temas que sejam convergentes, aquilo que pensa a Igreja Católica e aquilo que pretendemos construir no Brasil. Falamos um pouco da necessidade de engatarmos a ética na vida pública e ampliarmos a participação dos jovens.

Esses foram os temas centrais. Uma visita pessoal, um amigo de longa data, e, obviamente, em um futuro próximo, terei a oportunidade de institucionalmente também conversar com a CNBB, como provavelmente outros candidatos farão. Mas vim também pedir as bênçãos dele. Vou ao Santuário também daqui a pouco, antes de ir embora.

Sobre a possibilidade de temas religiosos se destacarem durante a campanha eleitoral de 2014.
Não acredito que essas serão as questões centrais. Eu sou católico e vim aqui para cumprimentar o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, mas não acho que essas serão nesse ano as questões centrais a serem tratadas, pelo menos entre os candidatos à Presidência da República. Mas a contribuição que a Igreja Católica possa dar, assim como outras igrejas, deve ser recebida com muita humildade por todos os candidatos. O que tenho a dizer é que estaremos prontos para essa discussão, para esse debate, e quero fazer esse debate com todos aqueles segmentos do pensamento da sociedade brasileira que tenham contribuições a oferecer.

Sobre debate do aborto na campanha presidencial e proposta CNBB para participação política.
Não é um assunto aqui para hoje. Teremos, obviamente, que falar sobre cada um desses temas, mas acho que existe a disposição da Igreja Católica, como de outras igrejas, e estou falando hoje especificamente da Igreja Católica, de participar do debate, de apresentar propostas em relação à participação popular e até estimulando a participação na política. Eu vejo isso como algo extremamente saudável.

Vim aqui fazer uma visita ao presidente da CNBB, dizendo que a participação da CNBB nessas eleições é importante, como a participação de outras igrejas, e a proposta que eles apresentam, que é a reforma política e de estímulo a participação do cidadão, sobretudo dos mais jovens, na vida pública, é algo que vai absolutamente na direção daquilo que temos trabalhado. As questões centrais de estimular a participação e fortalecer os partidos políticos estão próximas daquilo que pensamos. Como disse o próprio Dom Damasceno, não são propostas acabadas. Na verdade é quase que um estímulo a que esse debate ocorra. E é natural que essas propostas tomem forma ao longo da campanha. Mas o sentido fundamental de estimular a participação popular, garantir uma sintonia maior entre o representado e os seus representantes, pregar e exercitar o Ficha Limpa, são questões que nos são convergentes.

Sobre financiamento público de campanhas.
O financiamento público é uma das questões que nos vamos discutir, mas ele passa pela modificação do atual sistema de voto hoje proporcional. O financiamento público deve vir casado pelo menos com o voto distrital misto, que é a proposta que defendemos.

Esse anúncio de aposentadoria do ministro Joaquim Barbosa. O STF perde?
Acho que sim. É um homem que o Brasil aprendeu a respeitar. Pode-se gostar ou não dele, mas é um homem íntegro, honrado e que faz muito bem à justiça brasileira. Eu não tenho informação oficial dele. Ouvi essa notícia hoje, agora há pouco. Mas certamente é alguém que fez muito bem à justiça brasileira no período que lá esteve. Espero que ainda possa fazer por algum tempo.

O sr. pretende conversar com igrejas evangélicas também?
Eu sou católico, mas, obviamente, sempre tive um diálogo com todas as denominações. Obviamente, se convidado, terei a oportunidade de ir lá debater o Brasil sem qualquer dificuldade.

O sr. foi convidado para vir falar com Dom Damasceno?
Eu fui convidado por inúmeros bispos amigos para estar com Dom Damasceno e por ele próprio. Liguei para ele para ver se tinha condições de vir aqui essa semana. Tenho uma relação com a Igreja Católica que vem das minhas origens mais remotas. Eu sou afilhado de Dom Lucas Moreira Neto, que foi um dos mais importantes cardeais da igreja católica brasileira.

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