sábado, 3 de maio de 2014

Oposição recorre unida contra pronunciamento de Dilma na TV

• Partidos acusam presidente de campanha antecipada no pronunciamento de 1º de Maio

O Globo

BRASÍLIA - A oposição decidiu se unir para ingressar, na próxima semana, com representação junto ao Ministério Público Eleitoral e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a presidente Dilma Rousseff, sob a acusação de fazer campanha antecipada por meio do pronunciamento em cadeia de rádio e TV na última quarta-feira. Os partidos — DEM, PSDB e PPS — também pedirão uma audiência ao presidente do TSE, que já deverá ser o ministro José Antônio Dias Toffoli, para reclamar da atuação da Presidência da República e pedir uma atuação rigorosa do tribunal na campanha eleitoral, que começa oficialmente no início de julho.

A estratégia foi acertada entre os líderes do DEM e do PSDB durante o feriado. Na quarta-feira à noite, o DEM já discutia recorrer à Justiça contra Dilma. Em cadeia nacional, a presidente fez um pronunciamento recheado de medidas de impacto, como o reajuste de 10% do programa Bolsa Família e a correção da tabela do Imposto de Renda. As medidas terão reflexos financeiros em 2015, justamente o primeiro ano do próximo governo. Para a oposição, Dilma se comportou como candidata à reeleição e não como presidente da República.

O líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho (PE), disse que conversou com o líder do partido no Senado, José Agripino Maia (RN), sobre a ação e ainda com os colegas do PSDB. Para Mendonça Filho, a postura da presidente Dilma mostra “desespero” diante de sua queda nas pesquisas de intenções de voto e de avaliação do seu governo.

— Vamos entrar na próxima semana com a ação na Justiça Eleitoral. Os demais partidos estavam com a mesma ideia e vamos juntos. O pronunciamento foi o último fio do desespero. Eles estão fazendo tudo para estancar o sangramento nas pesquisas. Quem está usando recursos públicos em horário oficial é a candidata Dilma e não a presidente Dilma — disse o deputado.

Os partidos devem utilizar um dos artigos da minirreforma eleitoral — aprovada ano passado pelo Congresso — para contestar a postura de Dilma. O trecho da lei diz que “será considerada propaganda eleitoral antecipada a convocação, por parte do Presidente da República, dos Presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado Federal e do Supremo Tribunal Federal, de redes de radiodifusão para divulgação de atos que denotem propaganda política ou ataques a partidos políticos e seus filiados ou instituições”.

— Vamos pedir uma audiência ao presidente do TSE para expor a questão do uso ilegal deste tipo de instrumento. A presidente fez propaganda política, atacou os partidos. E anunciou medidas para um governo futuro. Foi algo altamente eleitoral — disse o líder do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA).

O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), também criticou o tom do pronunciamento de Dilma. Para ele, desta forma, a disputa entre os candidatos à Presidência ocorre de forma desigual.

— Todos estamos indignados. É triste quando não se prima pela ética, pela igualdade na disputa eleitoral — disse Rubens Bueno.

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