quinta-feira, 31 de julho de 2014

Com empresários, Campos ataca Dilma e o PMDB, e promete não elevar carga tributária

Gabriela Guerreiro, Ranier Bragon e Renata Agostini – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Na abertura do encontro dos principais candidatos ao Palácio do Planalto com a elite industrial brasileira, Eduardo Campos (PSB) listou na manhã desta quarta-feira (30) uma série de propostas para o setor. Entre outros pontos, prometeu não elevar a pesada carga tributária nacional e enviar na primeira semana de sua gestão uma reforma tributária ao Congresso.

Aliado da gestão do PT por mais de 11 anos –o rompimento só se deu em setembro do ano passado–, o pessebista também criticou bastante o governo Dilma Rousseff e o PMDB, principal aliado da coalizão da petista, dizendo que o Brasil não aguenta mais quatro anos dessa aliança.

Sobraram farpas até a Luiz Inácio Lula da Silva, a quem Campos sempre evitou atacar. No discurso desta quarta, ele afirmou que o ex-presidente errou ao não promover concessões e parcerias com o setor privado na área de infraestrutura.

"Atrasamos o processo de concessões e parcerias público-privadas. Essa foi uma falha do governo do presidente Lula. E quando fomos fazer, já sob o comando da presidente Dilma, fizemos de uma maneira atravessada (...), parecia que se fazia contragosto."

O evento está sendo realizado na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília. Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) também participarão.

"Respeito a presidente Dilma e o candidato Aécio, conheço a trajetória de vida de todos dois. Mas as circunstancias que cercam a presidente Dilma e cercam Aécio são as de conservar a velha política que já faliu e não pode falir o sonho dos brasileiros. (...) O Brasil não aguenta mais quatro anos acompanhado de Sarney, de Collor, de Renan, não é possível. Se você acha se é possível, você tem uma atitude, se você acha que não é possível, você tem uma escolha, Eduardo Campos e Marina Silva", discursou Campos, se referindo a dois dos principais caciques do PMDB (José Sarney e Renan Calheiros), além do ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB).

Mirando nos interesses da plateia, Campos listou promessas em torno de dez temas. Entre eles, o de dar caráter técnico às direções das agências reguladoras, aumentar a segurança para os investidores –a proposta de dar independência ao Banco Central vai nessa linha–, "colocar o foco na produtividade", valorizar a educação com o incremento do ensino em tempo integral e investir na inovação, entre outros pontos.

Um dos temas destacados pelo candidato foi a relação externa. Campos defende que o Brasil fortaleça as negociações com "parceiros mais maduros" como os Estados Unidos, A Europa e a China.

"O Brasil precisa de política de relações exteriores que não seja de partido, mas de Estado. Nós não podemos ter preconceitos de nenhuma ordem com o mundo. Essa inserção tem que ter uma estratégia ativa a partir dos nossos interesses. Precisamos voltar a discutir a nossa pauta de relação com os parceiros mais maduros do Brasil, como EUA, Europa, China. Essas relações não são excludentes", afirmou.

Campos também prometeu investir em Parceiras Público-Privadas e concessões, além de afirmar que aceitará discutir as regras da terceirização e das negociações coletivas de trabalho. Apesar disso, ressaltou que não será um presidente da República que tirará direito dos trabalhadores.

Em relação à reforma tributária e a carga de impostos, afirmou que a reforma não será feita da noite para o dia, mas que cuidará pessoalmente da aprovação das novas regras no Congresso.

"Serei o presidente da República que vai enviar a reforma na primeira semana de governo ao Congresso, vou tomar conta da articulação pessoalmente. Ela em alguns aspectos entrará em vigor imediatamente, outros de formas sequenciada, para que possamos superar sistema que não tem mais nada a ver como a economia que roda no mundo. Também serei o primeiro presidente da República que não vai aumentar a carga tributária nesse país", afirmou.

Ao final, ele prometeu também estabelecer prazos para licenciamentos. "O Estado tem que ser colocado a serviço da sociedade, não pode ser atrapalhe, entrave, complicador." O pessebista foi bastante aplaudido no final

Nenhum comentário: