quinta-feira, 31 de julho de 2014

Na CNI, Aécio promete 'ambiente seguro' e 'regras claras' na economia

Gabriela Guerreiro, Ranier Bragon e Renata Agostini – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em encontro com empresários realizado nesta quarta-feira (30) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, prometeu um "ambiente seguro" para os investidores, com regras claras na economia para os investidores internos e externos do país.

"Esperem regras claras, atrações seguras para o investimento, regulação clara dos mercados e ação que aumente a produtividade e qualidade dos serviços", disse. "Haverá uma coisa clara: Estabilidade nas regras.

Assistimos hoje a algo extremamente nocivo, é a Receita Federal fazendo interpretações a cada dia, o que causa absoluta insegurança a quem produz hoje", completou.

Segundo Aécio, uma das principais marcas do governo Dilma Rousseff é um "nefasto intervencionismo" na economia. Ao afirmar que o atual governo desperta a "desconfiança" internacional, Aécio disse que a crise econômica se tornou mais grave no Brasil porque a gestão do PT não sinaliza ao mercado quais suas ações para o futuro.

"É hora do governo ter humildade para reconhecer que fez as escolhas erradas, pelo menos sinalizar mudança de posição que poderia permitir que a arrogância e o unilateralismo das decisões pudesse ser substituído por um diálogo maior de quem ajuda o governo a crescer", afirmou.

Na conversa com os empresários, Aécio poupou os governos dos ex-presidentes FHC e Lula de ações "temerárias" na economia, mas disse que os resultados "pífios" dos últimos anos são consequência de "opções erradas" que o governo fez nos últimos anos.

"No governo do presidente Fernando Henrique, tivemos um crescimento, com todas as dificuldades, próximos à América Latina. No período Lula também, ajudado pela bonança da economia internacional e das reformas herdadas por Fernando Henrique. No período da presidente Dilma, vamos crescer em média 2,5% a menos do que crescerá a América Latina."

Ao atacar uma das principais bandeiras de Dilma –sua eficiência como gestora –Aécio disse que o seu governo "falhou" na gestão do Estado que se transformou em um "cemitério de obras inacabadas".

O tucano prometeu aos empresários retomar a competitividade do Brasil, caso eleito, com medidas como melhorias na educação, investimentos em infraestrutura e recuperação da confiança do país.

Aécio fez uma comparação com o placar de 7 x 1 para a Alemanha contra o Brasil na Copa do Mundo ao afirmar que o governo Dilma vai deixar "7% de inflação e 1% de crescimento" para o país. "Esse 7 a 1 foi muito trise, mas não é o que me preocupa. O 7 a 1 que nos preocupa é o que deixarão para a gente."

O tucano ainda prometeu aos empresários ampliar dos atuais 18% para 24% o investimento total da economia em relação ao PIB (Produto Interno Bruto), numa "grande articulação do governo com o setor privado".

Em um recado ao empresariado, Aécio disse que terá "coragem" para tomar no início do seu governo "todas as medidas para encerrar esse ciclo perverso de governo", sem detalhar quais seriam essas medidas.

Reforma tributária
A exemplo do candidato Eduardo Campos (PSB), que foi sabatinado pelos empresários antes de Aécio, o candidato do PSDB prometeu encaminhar proposta de reforma tributária ao Congresso na primeira semana do seu governo.

Aécio defendeu foco na incidência de impostos indiretos, com a criação de um IVA (Imposto sobre Valor Agregado) em substituição a diversos impostos "que infernizam quem produz hoje no Brasil".

O tucano também defendeu mudanças na política externa do país, sem "alinhamentos políticos" como ele diz ocorrer no governo Dilma. Uma das prioridades do tucano será reforçar acordos bilaterais, em especial com a União Europeia. Aécio disse que o Mercosul vem "amarrando" nas negociações externas do país, por isso o bloco econômico precisa passar por mudanças.

"Não é destruir o Mercosul, mas sua transformação de União Aduaneira para Área de Livre Comércio", defendeu. "O primeiro compromisso é o realinhamento da nossa política externa a uma agenda comercial e não ideológica. Até porque política comercial internacional e política partidária não se misturam e, quando se misturam, dá errado", completou.

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