segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Cenário político -‘Imprevisibilidade e emoção’

• Diretor do Instituto Brasil do King´s College avalia cenário político nacional

• Anthony Pereira vê Marina com chances e diz que Dilma precisa de autocrítica

Vivian Oswald – O Globo

LONDRES - Diretor do Instituto Brasil do King´s College, Anthony Pereira, avalia O cenário político nacional no Brasil em entrevista ao GLOBO. Ele vê a candidata Marina Silva (PSB) com chances e diz que a presidente Dilma Rousseff precisa de autocrítica.

Qual é o cenário político brasileiro após a morte de Eduardo Campos?

Antes, havia a expectativa de uma eleição com o eixo PSDB-PT, como em 2002, 2006 e 2010. Eu não diria que Marina representa uma terceira via em termos de políticas públicas, porque isso talvez implique uma via híbrida entre o modelo mais neoliberal e o mais desenvolvimentista. Mas, em termos de partido, é uma alternativa fora do padrão das outras eleições.

O PT está mais vulnerável?

O PT está mais preocupado. Até o acidente, os politicólogos achavam que Dilma venceria porque ainda ia fortalecer a candidatura pelo tempo da TV. Agora haverá mais imprevisibilidade e emoção.

Eleição PresidenteComo diferenciar Dilma de Marina?

Pode-se pensar na saída de Marina do governo Lula após divergências sobre o meio ambiente. No debate sobre o Código Florestal, membros do governo e o senador Jorge Viana apoiaram o acordo. Marina não aceitou. Não sei se isso será destacado na campanha, mas como evangélica ela pode atrair eleitorado.

Há quem diga que isso afasta eleitores.

Os apelos de Marina são um pouco contraditórios. Um jovem de classe média interessado no meio ambiente pode se afastar por ela ser evangélica, contra o aborto e o casamento gay. Posso ver choques entre os eleitorados.

Marina também deixou claro que não vai subir em alguns palanques. Isso a prejudica ou beneficia?

Se ela tem uma posição tão purista em termos de palanques e alianças, isso levanta a pergunta: como governar o país com o sistema presidencialista de coalizão, com vários partidos, interesses e indivíduos dentro do Congresso?

Quem teria mais chances no segundo turno contra Dilma: Marina ou Aécio?

Se Marina quebrar esse perfil e reunir mais pessoas, pode ser uma candidata de oposição mais forte. Mas posso imaginar o empresariado, o setor financeiro, investidores e a grande imprensa sem maiores dúvidas em apoiar Aécio. A dúvida é se esses interesses fariam o mesmo por Marina.

Quais são os desafios dos três principais candidatos?

Para Marina, é comunicar suas ideias, políticas públicas e qual tipo de governo faria. Para Aécio, é defender a relevância de sua candidatura num momento em que se fala em quebrar o eixo PT-PSDB e a alternativa mais forte parece ser Marina. Para Dilma, é refletir sobre seu governo, talvez admitir alguns erros e mostrar capacidade de autocrítica, o que não é o forte dela.

O que espera o próximo presidente?

As perspectivas de crescimento econômico são tão ruins que podem queimar o partido que ganhar.

Nenhum comentário: