terça-feira, 5 de agosto de 2014

Chefe do jurídico da Petrobrás participou de reunião sobre CPI

• Leonan Calderaro Filho aparece vídeo que registra uma suposta negociação sobre as perguntas que seriam feitas a funcionários da estatal em audiência no Senado

Andreza Matais, Ricardo Brito e Fábio Brandt - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - O chefe do departamento jurídico do escritório da Petrobrás em Brasília, Leonan Calderaro Filho, participou da reunião gravada em vídeo, divulgado na edição deste fim de semana da revista Veja, na qual teria sido discutida a "cola" das perguntas e respostas que seriam feitas pelos senadores na CPI da Petrobrás aos investigados da petroleira. Os citados pela reportagem negam a combinação dos depoimentos.

Calderaro é o homem de cabelos brancos que aparece no vídeo gravado no dia 21 de maio ao lado do chefe do escritório da Petrobrás em Brasília, José Eduardo Sobral Barrocas e do advogado da empresa Bruno Ferreira. A reportagem da revista descreve diálogos gravados e apresentou Calderaro como "homem não identificado". O Estado apurou que ele e Bruno foram designados pela direção da Petrobrás para acompanhar a CPI.

É Calderado quem questiona o chefe de gabinete da Petrobrás no vídeo sobre a forma mais segura de encaminhar para a sede da petroleira no Rio de Janeiro o gabarito de perguntas e respostas que seriam feitas pelos senadores aos executivos investigados da empresa.

"O que é melhor, fax? O que é mais seguro?", indagou, na gravação, referindo-se ao envio dos gabaritos à atual presidente da companhia, Graça Foster, que chegou a prestar esclarecimentos à CPI, mas não na condição de investigada. Ele também comenta sobre o depoimento de Nestor Cerveró, ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, que ocorreu um dia depois da gravação.

Cerveró foi acusado pela presidente Dilma Rousseff, em nota enviada como resposta a questionamentos do Estado, de ter elaborado "resumo técnico e falho" que pautou sua decisão favorável à compra de Pasadena, um negócio que gerou prejuízo de US$ 792 milhões ao País.

"A gente vai aguardar a demanda dele (Cerveró). A gente não vai tomar nenhuma iniciativa? (...) Eu recebi um input (sinal) de falar com ele e recomendar que ele não faça apresentação, afirma no vídeo.

E complementa: "Será que o Delcídio [Amaral, senador pelo PT]."
Procurado pelo Estado, Calderado não ligou de volta. A Petrobrás não se manifestou até o momento a respeito da participação de Calderado.

A divulgação do vídeo provocou uma crise no Congresso. A oposição vai pedir o cancelamento dos depoimentos da CPI que teriam sido combinados. Os envolvidos nas denúncias negam.

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