domingo, 24 de agosto de 2014

Dilma volta a reconhecer saúde ruim e evita falar sobre delação premiada de Costa

• Em ato de campanha pela reeleição com prefeitos no RS, presidente diz que não vai comentar sobre decisão de ex-diretor da Petrobras

Flávio Ilha – O Globo

PORTO ALEGRE – Em ato formal de apoio de 175 prefeitos e vice-prefeitos do Rio Grande do Sul à sua reeleição, a presidente Dilma Rousseff voltou a reconhecer que o governo ainda precisa solucionar “problemas graves” referentes ao acesso da população a serviços de saúde. No encontro, que ocorreu em Porto Alegre na manhã deste sábado, a presidente evitou comentar sobre a decisão do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que, para reduzir pena, diz aceitar delação premiada.

- Não tenho o que comentar sobre esta questão. Não tenho a menor ideia do acordo entre aqueles interessados.

Dilma citou como principais problemas da saúde o atendimento por especialistas e a realização de exames laboratoriais. Segundo a presidente, será necessário “muitos passos ainda” para criar um sistema de saúde de qualidade.

- Demos um passo imenso quando criamos o Mais Médicos. Mas são necessários muitos passos ainda para criar um sistema de saúde de qualidade no país.
Temos problemas graves ainda, como o acesso às especialidades, médico do coração, do pulmão, endocrinologista. Temos de resolver também o problema grave de acesso a exames laboratoriais, além de enfrentar a gestão, a construção e o atendimento hospitalar em nosso país – disse.

O encontro com os políticos foi organizado pelo comitê suprapartidário de prefeitos que apoiam a reeleição de Dilma no Rio Grande do Sul. Segundo o coordenador do ato e presidente estadual do PT, Ary Vanazzi, 13 partidos integram o comitê de apoio a Dilma. A reunião teve a participação de 108 prefeitos e 67 vice-prefeitos.

Entre eles, dez prefeitos e um vice-prefeito do PP, partido que apoia o candidato do PSDB à presidência, Aécio Neves, e de 16 prefeitos e seis vices do PDT, que está fechado com Marina Silva (PSB). Também participaram do ato dez prefeitos do PMDB, que, no Rio Grande do Sul, definiu apoio a Aécio.

Dilma afagou os dirigentes municipais dizendo que, no passado, os prefeitos eram recebidos pelo governo federal “com a Polícia e com cachorro na rua”. Segundo a presidente, a maioria dos programas sociais do governo, como o Bolsa Família e o Minha Casa, Minha Vida, não seria viável sem o apoio das prefeituras.

Para o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati (PDT), que também é presidente da Frente Nacional dos Prefeitos, o encontro mostrou que a relação do governo federal com os gestores públicos foi qualificada durante a gestão de Dilma.

- Nunca se investiu tanto em mobilidade urbana como agora. Nunca se investiu tanto em saúde básica. O programa Mais Médicos, por exemplo, significou um grande avanço na relação com as comunidades necessitadas. Hoje não faltam médicos nas nossas periferias – comentou.

O prefeito de Rio dos Índios, Saulo Dias (PP), resumiu o sentimento da maior parte dos dirigentes que acompanharam Dilma, vindos de cidades pequenas:

- Me perguntam se me bandeei de lado por causa de algumas máquinas recebidas do governo. Queria dizer que os prefeitos dos pequenos municípios são muito agradecidos pelos equipamentos que receberam da Dilma. Estou do lado do governo que administrou de forma republicana, que nos recebeu sem perguntar de que partido era.

Foi o segundo encontro da candidata do PT com prefeitos durante a campanha eleitoral. Há três semanas, em Montes Claros (MG), Dilma reclamou dos dirigentes municipais que não valorizam as realizações do governo, especialmente as ações de combate à seca na região.

No final do seu discurso, a presidente provocou a adversária na disputa eleitoral, Marina Silva, ao dizer que sempre acreditou no país. - Marina incorporou à sua propaganda a frase de Eduardo Campos em que o ex-candidato do PSB afirma que não desistirá do Brasil.

- Nós sempre acreditamos no Brasil, acreditamos no Brasil até dentro da cadeia, sendo torturados. Na democracia, é uma obrigação do cidadão brasileiro acreditar em seu país.

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