quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Eleitores indecisos são 59% na capital paulista

• Pesquisa de agência de propaganda mostrou que só 23% dos entrevistados possuem candidatos, enquanto 18% disseram que não comparecerão às urnas no dia 5 de outubro

Eduardo Miranda – Brasil Econômico

Tecnicamente empatados no Estado de São Paulo, de acordo com a última sondagem do Ibope, Dilma Rousseff e Aécio Neves terão mais um motivo para investir pesado no eleitorado da capital do maior colégio eleitoral do país. Uma pesquisa da agência de propaganda Rino Com ouviu 400 eleitores paulistanos e concluiu que 59% deles ainda não escolheram o candidato à Presidência da República. A cidade de São Paulo tem, atualmente, 8.782.406 eleitores. Já o estado representa 22,4% do eleitorado de todo o Brasil. O presidente da agência, Rino Ferrari Filho, explicou que o ineditismo do alto índice de indecisos ocorreu por conta de uma mudança na metodologia da sondagem. "Ao não ser perguntado ou induzido a revelar seu voto, o eleitor fica livre para expressar seu sentimento quanto ao pleito, que, neste momento, é de afastamento, cautela e não muita esperança.

Se em outras pesquisas o eleitor paulistano se vê obrigado a revelar sua preferência por determinado candidato, em nosso estudo ele demonstra ter uma visão crítica dessa escolha, que ainda é relativa e pode ser alterada", disse ele. Na pesquisa, 23%dos entrevistados mostraram convicção em relação ao candidato que votarão. No universo dos 23% que já possuem candidato, 71% afirmam que não mudarão as escolhas feitas. Os outros 29%podem ser levados a mudar o voto por alguns fatores. Dentre eles, está o desempenho passado do candidato (citado por 8%); as propostas de campanha (7%); a imagem do candidato (3%); aspectos subjetivos da vida pessoal do eleitor (3%); e a situação econômica do país (2%). O estudo, intitulado "Convicção e Consciência — Eleições 2014", mostra ainda que 18% dos eleitores ouvidos disseram que não comparecerão às urnas no dia 5 de outubro, ou votarão em branco, ou nulo.

O resultado da pesquisa da agência com os eleitores da capital se aproxima dos números publicados pelo Ibope para todo o Estado de São Paulo, em que 14% representavam votos em branco ou nulos; enquanto 17%dos entrevistados não sabiam ou não responderam. Professor de Comunicação Política na Universidade de Salamanca, na Espanha, e autor de 17 livros sobre marketing eleitoral, Carlos Manhanelli disse que os números não assustam. Ele projeta que os 59% de indecisos da pesquisa estão próximos do que seria o índice de eleitores que não compareceriam às urnas, caso o voto fosse facultativo. "Acompanho eleições no Brasil e no mundo há 40 anos. O número de indecisos tem crescido, e esse é um recall de onde o voto é obrigatório.

Para compararmos, nos Estados Unidos, apenas 30% dos eleitores votam. Para os outros 70%, a eleição não interessa", afirmou. Manhanelli aponta a Copa do Mundo como um dos fatores para o atraso do início da campanha eleitoral e, consequentemente, a percepção do eleitor. Ele enumera, ainda, três "leis" que têm sido constantes nas últimas eleições: a da indiferença, a da efemeridade — "para alguns eleitores, o voto não tem valor algum" — e a da procrastinação. Segundo o professor, é normal que, no dia do pleito, 15% do eleitorado ainda não tenham definido seu candidato, no caso das eleições majoritárias. O especialista disse que nem mesmo os candidatos e suas respectivas campanhas estão seguros de que esses votos migrarão para alguém.

Segundo Manhanelli, por questões estratégicas, o investimento em material e a presença de Dilma e Aécio, que atualmente polarizam as intenções de voto, deverá ser ditada pelas primeiras pesquisas de intenção de voto realizadas 15 dias após o início do programa eleitoral gratuito no rádio e na televisão. Apesar de mostrar um cenário difícil para os candidatos, a pesquisa da agência de propaganda deu indícios, a partir da resposta dos entrevistados, de temas que podem agradar aos paulistanos. Saúde é a primeira preocupação de 40% deles. Educação (25%), mais segurança (19%), honestidade e ética (17%), melhora da economia (13%) e geração de empregos (7%) são alguns dos demais tópicos aos quais os candidatos deverão estar atentos.

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