segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Morte de Campos zera o jogo eleitoral, avaliam adversários

• Única certeza, dizem integrantes, é que segundo turno está assegurado

• Marina Silva, que será oficializada candidata na quarta, afirmou que "as ideias não morrem", ao falar de Campos

Natuza Nery e Valdo Cruz – Folha de S. Paulo

RECIFE - Integrantes das três principais campanhas presidenciais fizeram neste domingo (17) avaliação semelhante durante o velório de Eduardo Campos: a candidatura de Marina Silva, em meio a uma comoção nacional, zerou o cronômetro da eleição.

Reservadamente, diversos representantes dos comitês eleitorais afirmam que a única certeza agora é de que haverá segundo turno.

Para muitos, o efeito da morte de Campos sobre a popularidade de sua substituta na cabeça de chapa decantará nas próximas duas semanas. Só então então será possível avaliar, com mais clareza, o cenário da sucessão.

Durante o voo que a levou ao Recife, Marina afirmou que a morte do candidato impõe a ela "responsabilidade" e que pretende manter os compromissos que definiu com o aliado. As afirmações foram feitas aos jornais "O Estado de S. Paulo" e "O Globo".

"Penso que existe uma providência divina em relação a mim, ao Miguel [filho mais novo de Campos], a Renata [viúva do candidato] e ao Molina [sobrinho e assessor]", disse Marina ao "O Globo".

Auxiliares de Dilma Rousseff presentes à cerimônia fúnebre não escondiam preocupação com a reviravolta do quadro eleitoral. Tucanos também exibiam apreensão.

No PT e no PSDB, a expectativa é de um segundo turno entre a presidente da República e o candidato do PSDB, Aécio Neves (MG).

Em comum está a avaliação de que Marina tem um discurso fundamentalista em diversos setores e sua eventual vitória traria riscos ao país. Tudo indica que a ex-senadora sofrerá dos dois grupos adversários a mesma investida negativa feita contra Lula em 2002.

Para o PSB, a morte de Campos aumentará o cacife elitoral de Marina para além do conquistado em 2010, quando ficou em terceiro lugar com 20 milhões de votos.

A mexida radical no quadro da sucessão já provocou ajustes no tom da campanha tucana. Se, antes, o slogan era mudança, agora transmitirá a ideia de "mudança com segurança".

Marina, que será oficializada na quarta-feira (20) candidata pelo PSB, afirmou, ao falar de seu ex-companheiro de chapa, que "as ideias não morrem". A ex-senadora tem evitado fazer qualquer comentário sobre seu futuro papel na sucessão.

Seus aliados no PSB acreditam que o principal desafio nas próximas semanas será consolidar o percentual de intenções de voto que novas pesquisas vão mostrar.

Na quarta, a coligação deve escolher o vice na chapa. O mais cotado é o deputado Beto Albuquerque (RS).

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