terça-feira, 19 de agosto de 2014

Painel :: Bernardo Mello Franco

- Folha de S. Paulo

Aposta na emoção
A frase "Não vamos desistir do Brasil", dita por Eduardo Campos em entrevista na véspera de sua morte, encerrará hoje o primeiro programa eleitoral do PSB. Em tom emocional, o partido vai exibir imagens em que ele aparece alegre e confiante na vitória. Marina Silva será mostrada ao seu lado, sem pedir voto. O funeral foi gravado, mas não será explorado na estreia. "Não haverá nada macabro. Se for o caso, usaremos mais à frente", diz Roberto Amaral, novo presidente da sigla.

Tragédia na urna De Amaral, sobre o impacto eleitoral do acidente que abalou a campanha: "Antes, Marina era a grande eleitora de Campos. Agora, é o contrário".

Lá vem encrenca Com Marina na cabeça de chapa, a cúpula do PSB pressionará para usar sua imagem em todas as campanhas estaduais apoiadas pelo partido. Como vice, ela tinha o direito de só aparecer ao lado dos candidatos que desejava.

Olha a encrenca aí Porta-voz da Rede, Walter Feldman avisa que Marina não se associará ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo. "Já tivemos a chapa Edualdo, mas a Marinaldo não vai existir", afirma.

Novos amigos Aliado de Campos em Pernambuco, Inocêncio Oliveira (PR-PE) diz que agora pedirá votos para Marina. O deputado, que está no Congresso desde 1975, é um símbolo da "velha política" que a ex-senadora promete combater.

Superexposição Pelo cálculo de uma das campanhas presidenciais, o noticiário da morte de Campos e da escolha de Marina para substitui-lo ocupou 100 minutos do "Jornal Nacional" e do "Jornal Hoje" entre quarta e sábado, véspera do enterro.

Nunca antes A exposição nos dois telejornais de maior audiência da TV Globo equivale a 150% do tempo a que o PSB terá direito nos 45 dias de horário eleitoral.

Fé na máquina Petistas e tucanos ainda tratam Aécio como favorito para chegar ao segundo turno, devido à robusta máquina partidária do PSDB. O peso da sigla faria a diferença na reta final.

O voto do não Marina e Aécio empatam tecnicamente entre os que classificam o governo Dilma Rousseff como ruim ou péssimo: ela tem 33%, e o tucano, 34%.

Podia ser pior A campanha de Aécio temia que Marina já aparecesse em vantagem acima da margem de erro no Datafolha. A diferença de um ponto percentual foi recebida como boa notícia.

Podia ser melhor O PSB espera que Marina tenha crescido mais durante e após o fim de semana, quando o noticiário foi tomado pelo funeral de Campos. As entrevistas da pesquisa foram encerradas na sexta-feira.
A intocável Enquanto blogs petistas já começam a atacar Marina, políticos da sigla pedem cautela. "Amigos do PT: não detonem Marina. Ela é adversária, íntegra. Para muitos que foram às ruas, é esperança. Critiquem a direita tucana", pediu o ex-ministro Carlos Minc, no Twitter.

O PSOL é pop O músico Marcelo Yuka é quem vai apresentar a presidenciável Luciana Genro (PSOL) no programa de 51 segundos que vai ao ar hoje. O slogan, inspirado nos protestos de junho, será "O povo acordou".

Visita à Folha Paulo Skaf, candidato do PMDB ao governo de São Paulo, visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebido em almoço. Estava com André Rabelo, coordenador de seu programa de governo, Helena Chagas e Guilherme Barros, assessores de imprensa, e Junior Ruiz, assessor.
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Tiroteio
"Se Marina fosse mesmo coerente, não sairia candidata pelo PSB depois de criticar tanto as alianças que o seu partido fez pelo país."
DO DEPUTADO VICENTINHO (PT-SP), líder da bancada na Câmara, que acusa incoerência entre a fala de Marina e os apoios firmados pelo PSB nos Estados.
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Contraponto
Diferenças insuperáveis
Durante uma viagem da pré-campanha presidencial, um auxiliar serviu a Eduardo Campos (PSB), por engano, a refeição que havia sido preparada para Marina Silva. A ex-senadora tem uma série de restrições alimentares e precisa de ingredientes especiais.
Ao ver a bandeja em sua frente, Campos brincou:
--A gente pode até discutir o programa, incluir pontos de sustentabilidade, ter candidatura própria nos Estados. A gente pode fazer tudo, Marina... Mas se for para ter que me comprometer a comer sua comida, então a nossa aliança acaba agora mesmo!

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