quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Ponto Final :: Octávio Costa

- Brasil Econômico

Muita dúvida no ar
A inda estão sendo tabuladas as novas pesquisas sobre a corrida sucessória, mas continuam fortes os rumores sobre o rápido crescimento de Marina Silva, que foi oficializada ontem como a cabeça de chapa do PSB, no lugar de Eduardo Campos. Nas consultas instantâneas dos partidos políticos, Marina, que terá de vice o deputado federal Beto Albuquerque (RS), aparece bem à frente de Aécio Neves e já ameaça o favoritismo de Dilma Rousseff. O governo está atento à mudança dos ventos. Ontem, em entrevista a agência Reuters, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse acreditar que a eleição será decidida no segundo turno entre Dilma e Marina. "Minha opinião não é a mesma de alguns companheiros meus do partido e do governo. Eu acho que Marina vai ser mais forte que o Aécio", disse o ministro. E concluiu: "Tudo indica que vai ter segundo turno e vai ser com ela".

Não se trata de uma opinião qualquer. Paulo Bernardo foi ministro do Planejamento de Lula e é casado com a senadora Gleisi Hoffmann, que deixou a chefia da Casa Civil para se candidatar ao governo do Paraná pelo PT. Ela está em terceiro lugar, atrás de Beto Richa e Roberto Requião, mas certamente dispõe de levantamentos precisos sobre as tendências dos eleitores. Seu marido, obviamente, tem acesso ao banco de dados da campanha. Além disso, o prognóstico de Bernardo não é isolado. Na leitura de especialistas em pesquisa de opinião, Marina Silva é beneficiada pela rejeição que se abateu sobre a classe política. A ascensão da ambientalista corresponde exatamente à queda no percentual de votos nulos e em branco. Nessas circunstâncias, no embalo do voto de protesto, tudo que ela fez foi não fazer nada, numa espécie de deixa o destino me levar.

E é exatamente este voo cego que provoca apreensão no meio empresarial. Há sérias dúvidas sobre o que aconteceria com o país no caso de vitória de Marina. Muitos apontam, por exemplo, para a falta de sustentação que seu governo enfrentaria no Congresso, com o PT e o PMDB na oposição. Teme-se que Marina, se eleita, venha a sofrer do mesmo mal que vitimou o governo Fernando Collor. Nada a ver com a irresponsabilidade e as loucuras do primeiro presidente na história a perder o cargo por impeachment. A carismática Marina é política séria e íntegra. Mas o motivo de preocupação é a fragilidade do apoio parlamentar que ela deverá ter. Collor usou uma legenda artificial para se eleger (o PRN) e Marina abrigou-se no PSB, partido de muita tradição, mas com cacife político bastante limitado. Nesse enfoque, a clivagem entre PT e PSDB vem de longe e é garantia de estabilidade. Outra fonte de incerteza envolve o que seria sua máquina de governo.

Afirma-se, desde já, que Marina não tem quadros à altura para compor sua equipe nem no PSB, nem na Rede Sustentabilidade. Mesmo os nomes de André Lara Resende, para a Fazenda, e de Neca Setúbal, para a Educação, não satisfazem os críticos. Eles cobram mais exemplos. Também é posta em dúvida a capacidade administrativa da própria candidata. O ministro Paulo Bernardo vê neste ponto a maior vantagem de Dilma Rousseff, num possível segundo turno. "Acho que Dilma tem um diferencial que é um governo que fez muita coisa". O certo é que o PT e o PSDB não vão ficar de braços cruzados diante do avanço da ex-ministra do Meio Ambiente. A disputa será dura e Marina Silva terá de se expor ao sol e à chuva.

Sobe e desce
Sobe
Sem capacidade de fiscalizar todo o país por falta de estrutura, a Anvisa, presidida por Dirceu Barbano está na cola dos laboratórios. Ontem suspendeu a distribuição seis medicamentos, um deles continha parafuso.
Desce
O STF abriu ação penal contra o deputado João Lyra (PSD-AL), um dos usineiros mais famosos do Brasil, por exploração de mão de obra em condição análoga à de trabalhado escravo na empresa Laginha Agroindustrial S/A.

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