sábado, 23 de agosto de 2014

Sonho e Realidade na Sucessão Presidencial: Vagner Gomes de Souza

A confirmação de Marina Silva na “cabeça de chapa” da coligação Unidos pelo Brasil (PSB – PPS – PPL – PHS – PRP – PSL) é mais um desenrolar da comoção nacional em que as forças democráticas deixam em andamento sem o protagonismo da virtu. São seis partidos sob a vanguarda de uma força política em vias de organização: Rede de Sustentabilidade. As águas turbulentas do acaso não encontram os diques da grande política. Entra em cena o perigo do sobrenatural em tempos de fundamentalismos pós-modernos. Sem o peso da realidade política, há a ameaça de um pesadelo político diante de cálculos pragmáticos.

O jovem Gramsci escreveu sobre a importância da intransigência política na crítica ao reformismo economicista da esquerda italiana há cerca de 100 anos atrás. Segundo ele, o papel das forças progressistas seria ser intransigente nas negações das alianças políticas em momentos de demarcação de um campo político que deixasse claro um programa para as classes trabalhadoras. Portanto, a ausência de programa justifica apontar algumas situações locais de indisposição a participar do palanque de aliança como política sectária ao contrário de uma política intransigente.

Os constrangimentos políticos emergem numa continuidade da leitura do livro Imobilismo em Movimento, do filosofo Marcos Nobre, no qual o PMDB e outros setores da política sistêmica são condenados na certeza de uma constante mobilização da sociedade. Como? De que forma? Com qual Programa? Rupturas com o centro político sem programa político simplesmente reafirma as jornadas de junho de 2013. O movimento do pós-moderno é mais uma vertente do liberalismo sem os componentes da valorização da democracia. Os democratas da esquerda não podem silenciar ou se deixar levar pelo simples conformidade pela garantia da realização do Segundo Turno. A sociedade deseja enfrentar os problemas reais para além de um sonho moldado no “tripé da economia” do Plano Real.

No estado de São Paulo a questão ambiental nasce na fomentação de suas bacias hidrográficas que influenciam na captação da água para milhares de brasileiros paulistanos, mineiros e fluminenses. Não se pode levar o sectarismo ao extremo diante da gravidade dessa situação na medida em que um programa político marcado pela intransigência forçaria as candidaturas aos governos estaduais de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro indicar caminhos para enfrentar a situação da “seca”. Tudo precisa de coordenação política sem que haja atalhos que reneguem a importância do debate político com programas que deixem claro as matrizes diferenciais para as classes subalternas fazerem suas escolhas.

Há tempo para fazer da campanha da sucessão presidencial um momento de comparação programática. Não se governa um país da dimensão do Brasil com vetos sem programa político. Uma coligação que é liderada por um partido político que tem o socialismo em seu horizonte com a presença de um partido político que se reivindica como herdeiro do “velho” Partidão precisa falar mais de realidade para os trabalhadores brasileiros. Não se deve desistir da política.

Mestre em Sociologia pelo CPDA-UFRRJ.

2 comentários:

Unknown disse...

É interessante observar a quebra da bipolaridade política no Brasil. Espero que Marina tenha maturidade administrativa para governa nosso país. Votarei nela!

Tiago

Anônimo disse...

É interessante observar a quebra da bipolaridade política no Brasil. Espero que Marina tenha maturidade administrativa para governa nosso país. Votarei nela!

Tiago