terça-feira, 9 de setembro de 2014

Aécio ataca, Dilma se defende, Marina tenta se afastar

- Zero Hora (RS)

Aécio ataca PT e o Planalto
Articulador da CPI da Petrobras, Aécio Neves deverá concentrar suas críticas na presidente Dilma Rousseff. Para o tucano, a suspeita também representa uma chance de recuperar o terreno perdido para Marina Silva.

A primeira ação foi associar o episódio ao mensalão, como forma de fazer o eleitor relacionar o caso com o PT. Aécio afirma que se trata do "mensalão 2". O candidato vai tentar vincular Dilma ao esquema pelo fato de ela ter sido ministra de Minas e Energia e ter presidido o conselho de administração da Petrobras.

Apesar de Eduardo Campos estar entre os supostos beneficiados pelo esquema, Marina será poupada por Aécio. As críticas à ex-senadora serão mais relacionadas ao seu vínculo com o PT e às posições controversas. Ontem, Aécio defendeu Campos, dizendo que era um "homem de bem".

Dilma diz que nunca desconfiou
Na entrevista que falaria como presidenciável, Dilma Rousseff acabou fazendo pronunciamento sobre a delação do ex-diretor da Petrobras e afirmou que em nenhum momento teve conhecimento sobre suspeitas de corrupção na estatal

A presidente Dilma Rousseff afirmou que jamais imaginou haver "malfeitos" em negócios envolvendo a Petrobras, tanto no período em que esteve à frente do conselho de administração da estatal quanto nos três anos e meio de seu governo. E também disse que, nesse período, não teve "qualquer desconfiança".

Ontem, no Palácio da Alvorada, em Brasília, Dilma participou de sabatina do jornal O Estado de S. Paulo. Era para ser mais uma das entrevistas com os presidenciáveis. Mas, diante do novo escândalo da Petrobras, a vez de a presidente falar sobre seus planos para o segundo mandato ficou marcada por um pronunciamento sobre o escândalo que veio à tona no fim de semana, após revelações da revista Veja.

Para a presidente, o envolvimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, "é estarrecedor". Preso desde março, Costa começou a contar, em um acordo de delação premiada, sobre um esquema de propina na Petrobras. De acordo com a reportagem da Veja, Costa teria citado como beneficiários o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA), e os presidentes do Senado e da Câmara, Renan Calheiros (PMDB-AL) e Henrique Alves (PMDB-RN), respectivamente. Estariam envolvidos também políticos do PT e do PP.

Contas relativas a pessoas ligadas à Petrobras serão investigadas pela Justiça da Suíça. O anúncio foi feito por Michel Lauber, procurador-geral do país. Em maio, a justiça suíça entregou ao Brasil informações apontando que um colaborador do doleiro Alberto Youssef mantinha uma conta de US$ 5 milhões. O dinheiro foi bloqueado. Também foi decretado o embargo de outros US$ 23 milhões em 12 contas de Costa. A Suíça abriu processo penal contra o ex-diretor da Petrobras por lavagem de dinheiro.

Marina tenta se isolar do caso
Candidata no lugar de Eduardo Campos, Marina Silva não poderá explorar o episódio em ataques aos adversários. A delação feita por Costa acabou atingindo sua candidatura pelo fato de o ex-governador pernambucano figurar na lista de supostos beneficiados pelo pagamento de propina.

Diferentemente de Aécio, a ambientalista vai contornar o assunto e acusa uma suposta "campanha difamatória" dos adversários. Ontem, evitou culpar diretamente Dilma pela suposta fraude. Mas disse que o governo foi conivente com uma quadrilha e com irregularidades e que a adversária teria "responsabilidade política".

Marina, que chamou de ilação o suposto envolvimento de Campos, tentará evitar que a denúncia impacte na proposta de "nova política". Vai manter o discurso de que é a política do toma lá dá cá que abre as portas para a corrupção.

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