quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Eleitor tucano vai optar por Marina no 2º turno, diz vice

• Para Beto Albuquerque (PSB), Aécio aderirá à ex-ministra se ficar em 3º

• Deputado diz que será buscada nova relação com Congresso e afirma que não há "obrigação" de Marina ficar no PSB

Fernando Rodrigues - Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Candidato à Vice-Presidência pelo PSB, Beto Albuquerque acha que 8 em cada 10 eleitores de Aécio Neves deverão votar em Marina Silva para presidente num eventual segundo turno. Os outros dois "talvez votariam em Marina".

Em entrevista à Folha e ao UOL, Beto, 51, deputado federal do Rio Grande do Sul há quatro mandatos, diz não pretender ser "desrespeitoso com nenhuma das candidaturas", até por se declarar amigo de Aécio Neves, o nome do PSDB nesta eleição.

Para justificar a possível transferência dos votos tucanos para Marina, o gaúcho diz que isso vai ocorrer "porque são eleitores que querem mudar o país". E Aécio, também iria de Marina? "É natural. Seria até incoerência pensar o contrário. Acho que ninguém pode ficar neutro."

Beto fala sempre de maneira cuidadosa sobre rivais. Pontua com ressalvas assertivas a respeito de um eventual segundo turno. Quando cita o eventual futuro aliado PSDB, usa um tom ameno.

"Desejo ao Aécio êxito na empreitada dele. [Mas] no segundo turno, para quem pregou na campanha inteira mudar o Brasil, o lugar é um lado só. Não há dois lados."

A entrevista foi concedida na terça (2) à noite --não eram ainda conhecidos os números do Datafolha divulgados nesta edição. Beto ainda estava sob efeito da grande euforia a respeito da chance de crescimento de Marina.

Para ele, "pode, sim, alguém ganhar no primeiro turno" a disputa pelo Planalto. Quem? "Neste momento, Marina Silva". Ele pondera, porém: "Há espaço para ela crescer mais. Mas há também espaço para cair, se a gente não continuar de forma humilde, com os pés no chão".

Apoio no Congresso
Se eleita, Marina procurará apoio da maioria dos partidos. Mas ela própria escolherá, diz Beto, as pessoas de legendas aliadas para estarem no governo. Ou seja, muitas siglas poderão estar numa eventual gestão marinista, só que será sempre a presidente quem decidirá quais quadros quer ao seu lado.

Como hoje essa prática não funciona, o candidato a vice crê que possa ocorrer "um ou outro impasse", mas um novo modelo de relação com o Congresso será perseguido.

O PSB espera fazer uma bancada próxima a 50 deputados nesta eleição. Hoje, tem apenas 24 cadeiras na Câmara. E quando a Rede Sustentabilidade, partido montado por Marina, tiver registro na Justiça Eleitoral? "Ela não está obrigada a continuar no PSB. Pactuamos isso com ela. Ela pode e continuará tendo apoio irrestrito do partido."

Nesta quinta (4), Marina estará no Rio Grande do Sul, num dos maiores eventos agropecuários do ano, a Expointer. A ideia é que a candidata faça um discurso de conciliação para o público local.

Segundo Beto, em síntese, Marina dirá que não vai atrapalhar o agronegócio e manterá o crédito para o setor.

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