sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Ministros tiram férias para reforçar campanha de Dilma

• Na reta final da campanha, ministros deixam cargos para ajudar a campanha de Dilma

Do gabinete para as ruas

Fernanda Krakovics e Luiza Damé - O Globo

BRASÍLIA - No momento em que a corrida para a reeleição da presidente Dilma Rousseff mostra-se mais acirrada, a campanha contará com reforço de ministros petistas em sua reta final. O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) vai entrar de férias a partir de segunda-feira com esse objetivo. Há expectativa que os ministros Ricardo Berzoini (Relações Institucionais) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) tirem licença a partir da próxima semana. Já o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) saiu de férias anteontem, por dez dias, e disse que vai "ajudar um pouco" na campanha presidencial e na de sua mulher, senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), que disputa o governo do Paraná e está em terceiro lugar nas pesquisas.

Apesar de Berzoini e Rossetto ainda não terem batido o martelo a respeito da saída temporária do governo, já há salas preparadas para eles no comitê eleitoral de Dilma em Brasília. A eventual licença dos dois deve ser escalonada. O governo e a campanha não querem que eles e Carvalho saiam ao mesmo tempo para não parecer desespero diante do desempenho da candidata do PSB, Marina Silva, que ameaça a reeleição de Dilma, segundo as pesquisas.

Contatos com a Igreja Católica
A assessoria de imprensa da Secretaria de Relações Institucionais disse não estar "nos planos do ministro se afastar" da pasta. Já o Ministério do Desenvolvimento Agrário não confirmou a informação de que Rossetto vá deixar a pasta para cuidar da eleição de Dilma. A decisão, segundo interlocutores do ministro, deverá ser tomada na próxima semana.

Gilberto Carvalho vai reforçar os contatos com a Igreja Católica e com os movimentos sociais, tarefa que desempenha no governo. Petista hitórico, ele também vai se engajar na mobilização dos militantes do PT. Ontem, o ministro participou de reunião com os movimentos sociais em Cuiabá. Hoje, Gilberto estará em Campo Grande, com agenda semelhante.

O comando da campanha pressionava Gilberto a deixar o ministério e se dedicar exclusivamente à campanha desde maio. Petistas davam como certo que ele deixaria o governo logo após a Copa do Mundo, mas ele preferiu permanecer no cargo. Seu argumento foi que poderia ajudar na campanha depois do expediente e nos finais de semana.

Berzoini e Rossetto, mesmo ainda no cargo, já estão empenhados na campanha. Berzoini costuma participar das reuniões de coordenação que acontecem à noite, geralmente uma vez por semana, no Palácio da Alvorada. Já Rossetto tem participado de reuniões de estratégia política e avaliação do cenário eleitoral no comitê central. Outros ministros também têm participado de encontros no comitê de Brasília, como fez na noite de ontem Tereza Campello (Desenvolvimento Social).

Eles também vêm participando das agendas casadas de Dilma, que viaja pelo país dividindo-se entre eventos de campanha e de governo. O ministro do Desenvolvimento Agrário é um Habitué. Ontem, Rossetto acompanhou a presidente nos compromissos em Fortaleza, onde ela visitou unidades do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Hoje, o ministro deve ir com Dilma à Expointer (exposição de animais e equipamentos agropecuários), em Esteio (RS).

Na semana passada, Rossetto estava com Dilma no ato organizado pela Confederação dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), para apresentação de 13 propostas da entidade para a agricultura familiar e a reforma agrária. O ministro ficou no palco, juntamente com a presidente e outros integrantes do governo.

Berzoini organizará agendas
Ex-presidente do PT e responsável pela articulação política do governo, Berzoini é esperado no comitê de Dilma para organizar a agenda da presidente e articular a campanha nos estados. Os compromissos eleitorais de Dilma têm sido definidos em cima da hora e são alterados com frequência. Mas, segundo funcionários do Planalto, ele ainda não teria sacramentado se irá se licenciar para dedicar-se exclusivamente à reeleição de Dilma.

No Palácio do Planalto minimiza-se as evetnuais saídas. A versão corrente é que antes mesmo do crescimento de Marina nas pesquisas já se discutia a possibilidade de quadros experientes do governo reforçarem, na reta final, a campanha. Mas é nítido o aumento da mobilização. Depois que a candidata do PSB disparou nas pesquisas de intenção de voto, a coordenação da campanha de Dilma convocou uma reunião com o segundo escalão dos ministérios - secretários-executivos e secretários nacionais - para pedir empenho na disputa por uma segundo mandato.

Segundo participantes, o tom do encontro, na semana passada, foi o de que quem está dentro da máquina administrativa tem mais condições de fazer o enfrentamento político, porque teria mais argumentos. A orientação, de acordo com pessoas presentes, foi manter o debate propositivo, defender o governo, ocupar espaço e rebater críticas.

Surpreendida com a disparada de Marina, a campanha de Dilma recebeu com alívio as pesquisas Ibope e Datafolha divulgadas na noite de anteontem. O temor era que a candidata do PSB ultrapassasse a presidente já no primeiro turno. Integrantes da campanha petista também ficaram satisfeitos com a redução da vantagem da ex-senadora no segundo turno.

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