domingo, 5 de outubro de 2014

João Bosco Rabello: Leve favoritismo

- O Estado de S. Paulo

A votação deste domingo fecha a primeira etapa da eleição com uma renhida disputa pela ida ao segundo turno entre Aécio Neves e Marina Silva, em que o primeiro chega com mais chances de vitória, embora apertada.

A curva descendente de Marina e o seu desempenho nas últimas semanas, especialmente no debate final na TV Globo, autorizam a avaliação de que mais tempo houvesse de campanha e sua candidatura estaria em terceiro lugar nas pesquisas antes do dia da votação.

O debate, embora tarde da noite, teve alcance inédito em campanhas eleitorais e sua influência pode ser decisiva no avanço de Aécio Neves, cujo desempenho foi consenso nos levantamentos feitos logo após o programa, mesmo os do PT.

Segundo dados divulgados, a audiência do debate foi de 48% na Grande São Paulo, de 34% em Brasília e 30% no Rio de Janeiro, índices suficientes para influir em disputa tão apertada. A média de desempenho a favor do candidato do PSDB foi de 52%.

No cômputo geral, se a partir do debate Marina perder 1% ponto porcentual em cada 10% de seus eleitores, estará fora do segundo turno, o que não é improvável pela desidratação severa de sua candidatura, quase na mesma velocidade do crescimento experimentado após a morte de Eduardo Campos.

Independentemente das previsões - a pesquisa CNT divulgada ao meio-dia de sábado já dava Aécio três pontos à frente de Marina -, a confirmação da oposição na disputa leva a reflexões sobre o segundo turno, em que Marina também terá mais dificuldades que Aécio, caso chegue lá.

Sua desconstrução por Dilma responde pela queda de seus índices, mais do que a oposição que lhe moveu Aécio.

É bastante provável que a hemorragia prossiga se passar à segunda etapa, ao contrário do senador mineiro que está em crescimento e que dispõe de uma estrutura partidária capaz de sustentar o eleitorado antipetista que começa a decidir quem os representará.

Dilma vai ao segundo turno tendo contra si o desgaste político do PT, que perdeu a confiança de boa parte de seu eleitorado, conforme registrou o ex-petista Eduardo Jorge, hoje candidato do PV, e péssimos resultados de governo, que a faz perder em todos os segmentos de média e alta renda e escolaridade, nas quais sua intenção de voto chega a, no máximo, 28%.

Em contrapartida, herda do ex-presidente Lula a manipulação exitosa do eleitorado de baixa renda e escolaridade, que lidera com índices altos, nunca abaixo de 50%. Será esse o confronto do segundo turno, caso Aécio seja o candidato da oposição. Se for Marina, as chances são bem menores.

Nenhum comentário: