segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Marina também prega necessidade de evitar divisões

• Sobre o seu futuro, ex-senadora diz que voltará a militar por suas causas "de cabeça erguida"

José Pinheiro – O Globo

RIO BRANCO - A ex-senadora Marina Silva, candidata do PSB à Presidência e terceira colocada no primeiro turno, prometeu voltar a militância, mas evitou falar sobre a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Pela manhã, no Acre, ela afirmou que o eleito precisa unir o Brasil:

- Independente do resultado, é fundamental que, depois dessas eleições, se tenha uma postura de unir o Brasil e não permitir que o nosso país seja dividido entre Norte e Nordeste, Sul e Sudeste.

À noite, quando foi divulgado o resultado da apuração, Marina preferiu desconversar:

- Ainda preciso pensar. Hoje não vou comentar sobre o assunto.

Marina apoiou o tucano Aécio Neves. Ela chegou à sede da Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Rio Branco, para a votação por volta de 9h, acompanhada do marido, Fábio Vaz e do pai, Pedro Augusto da Silva.

- Assim que terminar as eleições, volto para as minhas causas. Volto para a militância de cabeça erguida - disse.

"Fui muito atacada, desconstruída"

Em tom de desabafo, Marina disse que foi "desconstruída" nestas eleições, mas afirmou que não usou o ódio para atacar adversários políticos. Segundo ela, a decisão de apoiar Aécio se deveu ao compromisso dele de institucionalizar programas sociais como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família:

- Fui muito atacada nestas eleições, muito desconstruída nesta campanha. Não foi possível ganhar ganhando, mas perdemos ganhando porque não mentimos, não atacamos, mantivemos os princípios. Não desconstruímos ninguém. Não fizemos a campanha do ódio - disse a ex-candidata do PSB.

Sobre seu futuro político, Marina frisou que continuará sua luta em defesa do meio ambiente. Disse que não se prenderá às eleições e destacou que faz política por ideias. Ela também voltou a defender a reforma política.

- Precisamos melhorar a qualidade da política. Temos que governar com os melhores. É assim que se faz nas democracias desenvolvidas - salientou.

Críticas à política ambiental
Marina criticou a política ambiental brasileira do governo Dilma. Segundo ela, o desmatamento tem crescido no Brasil nos últimos dez anos. Ela, que foi ministra do Meio Ambiente no governo de Lula, disse que o número de terras indígenas e unidades de conservação é insignificante no governo Dilma.

- O desmatamento voltou a crescer no Brasil, depois de ter caído duramente dez anos. A proteção ao meio ambiente é o grande desafio para conter as mudanças climáticas. O Brasil precisa aumentar a produção por produtividade e não por expansão predatória da fronteira agrícola - ressaltou.

Marina comentou, ainda sobre os ataques à Editora Abril. Disse que defende a liberdade de expressão e que os fatos precisam ser apurados para que a Justiça possa julgar o caso:

- Sou favorável à liberdade de expressão e que a Justiça dê o seu veredito – completou.

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