sábado, 22 de novembro de 2014

Dilma convida Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda

• Presidente convida Alexandre Tombini a permanecer no Banco Central

• Escolha de Levy teve apoio de Lula e aval de Trabuco, primeira opção para a pasta; mercado reage bem

Vera Magalhães, Andréia Sadi, Valdo Cruz, Mariana Haubert e Julia Borba – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff convidou Joaquim Levy para assumir o Ministério da Fazenda e Nelson Barbosa para o Ministério do Planejamento. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, foi convidado para permanecer no posto.

Os escolhidos aceitaram os convites para a equipe econômica, mas o governo decidiu adiar para a próxima semana o anúncio oficial.

A ida de Levy para a Fazenda teve apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Teve também o aval do presidente do Bradesco, Luiz Trabuco, primeira opção de Dilma para o lugar de Guido Mantega. Trabuco recusou o convite para atender ao pedido do presidente do Conselho de Administração do banco, Lázaro Brandão, que quer que o executivo o suceda.

Com a postergação do anúncio, no entanto, assessores do Palácio do Planalto passaram a dizer que a presidente ainda pretende definir a área em que cada um atuará. As escolhas devem ser divulgadas até quinta-feira (27).

O mercado reagiu bem à antecipação do convite a Levy, que foi secretário do Tesouro na equipe do ex-ministro Antonio Palocci e hoje é diretor-superintendente da Bradesco Asset Management.

Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo da Fazenda, atualmente é professor da Fundação Getulio Vargas.

Durante a semana, Dilma conversou com os três futuros auxiliares separadamente. Ela ouviu cada um sobre os cenários econômicos de 2015 e todos concordaram que deve haver um ajuste fiscal no começo do ano.

Além disso, avaliaram que será um bom sinal ao mercado corte de despesas com seguro-desemprego, pensões por morte e abono salarial a fim de aumentar a economia feita pelo setor público para pagar juros da dívida. "Ela teve a sinalização de que haverá unidade na nova equipe", revelou um ministro.

O governo deve divulgar na próxima semana um pacote fiscal para garantir economia de gastos de 2% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2015. Neste ano, o Tesouro deve fechar com deficit primário.

Depois que a composição da equipe econômica vazou, primeiramente naFolha e depois nos demais jornais e sites, houve reação de setores do PT e do governo.

Um dos principais conselheiros de Dilma na montagem do governo, Aloizio Mercadante (Casa Civil) é um dos que manifestam dúvida sobre a nomeação de Levy, considerado próximo do PSDB e de Armínio Fraga, que seria o titular da Fazenda num governo de Aécio Neves (PSDB).

Pessoas próximas a Levy, no entanto, dizem que ele dificilmente deixará sua posição no Bradesco se não for para comandar a economia. Da mesma forma, o nome de Tombini é considerado de baixa densidade num momento em que a economia patina e o governo precisa emitir sinais de força para o mercado. "Seria transformar o Ministério da Fazenda de uma vez em secretaria", opinou um membro do governo.

Surpresa
Ontem, a Bolsa subiu cerca de 5% e o dólar caiu 2%, com a expectativa do anúncio da nova equipe. Meia hora antes de o mercado fechar, no entanto, o Planalto divulgou que o anúncio não ocorreria nesta sexta (21).

Dilma quer divulgar o pacote completo'' na economia: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Agricultura e os bancos públicos, como Banco do Brasil e BNDES.

Outra versão é que o Planalto quis esperar a votação do projeto de lei que altera a Lei de Diretrizes Orçamentárias no Congresso, o que permitirá o descumprimento da meta fiscal.

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