terça-feira, 18 de novembro de 2014

Operação cogitou prisão de Vaccari

André Guilherme Vieira

CURITIBA - Batizada de Juízo Final, a sétima fase da operação Lava-Jato cogitou a hipótese de requerer à Justiça a prisão temporária do tesoureiro do PT, João Vaccari, suspeito de ser o arrecadador do partido em diretorias da Petrobras. A informação foi apurada pelo Valor PRO, serviço em tempo real do Valor.

Desencadeada na última sexta-feira, a nova etapa da investigação federal desferiu duro golpe contra empreiteiras e seus executivos, presos por suposta corrupção em contratos com a Petrobras. O ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, também foi encarcerado, além de outros 22 investigados.

Parte dos delegados da Lava-Jato avaliou que a detenção de Vaccari seria útil à investigação.

A ideia, no entanto, acabou descartada na terça-feira da semana passada. Pesou o entendimento de que prender Vaccari agregaria pouca informação a um custo político alto, que poderia desgastar ainda mais os investigadores aos olhos do governo federal e do ministro José Eduardo Cardozo. Delegados responsáveis pela Lava-Jato postaram declarações contra a presidente Dilma Roussef em uma rede social. Cardozo determinou abertura de inquérito para apurar o caso. O diretor-geral da PF responde diretamente ao titular da Justiça.

No final, prevaleceu o fato de a Justiça ter autorizado o encarceramento de Duque e a tomada obrigatória de depoimento de Marice Corrêa de Lima, cunhada do tesoureiro Vaccari. Ela é suspeita de ter recebido mais de R$ 100 mil do doleiro Alberto Youssef, afirma relatório de monitoramento da Polícia Federal. O dinheiro, segundo a PF, teria origem na construtora OAS e teria sido entregue à Marice em espécie, na casa dela em São Paulo, em 3 de dezembro de 2013.

A casa de Marice foi um dos endereços em que ocorreram buscas e apreensões na sexta-feira.

Segundo análise policial, no dia 3 de setembro de 2013, o suposto contato de Youssef com a empreiteira OAS, José Ricardo Nogueira Breghirolli, pede ao doleiro os endereços para entregas de valores. "Segundo as mensagens, José Ricardo orienta que Youssef efetue uma entrega aos cuidados da sra. Marice, no dia 03/12/2013, às 14h30, no endereço rua Doutor Penaforte Mendes, 157, apto 22, Bela Vista, informando que a entrega é a mando de Carlos Araújo", relata a PF no documento. "A pessoa citada como destinatária possivelmente é Marice Correa de Lima, a qual possui vínculo com o referido endereço".

O relatório menciona Marice como "figura conhecida na época do mensalão, coordenadora administrativa do PT, que, na época, teria efetuado um pagamento de R$ 1 milhão em espécie à Coteminas".

O documento destaca ainda que "Marice Corrêa de Lima é cunhada do atual tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Observa-se, portanto, que a mesma continua atuando na movimentação de valores, ao que tudo indica para o Partido dos Trabalhadores, ao qual aparece vinculada", ressalta.

Suspeito de ser o operador do PMDB na Petrobras, o lobista Fernando "Baiano" também teve prisão decretada, mas está foragido. A defesa dele ingressou com habeas corpus no Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

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