quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

PSB, SD, PPS e PV criam bloco de atuação por todo o país

Raquel Ulhôa - Valor Econômico

BRASÍLIA - Partido Socialista Brasileiro (PSB), Solidariedade (SD), Partido Popular Socialista (PPS) e Partido Verde (PV) terão atuação conjunta na Câmara dos Deputados, em oposição ao governo Dilma Rousseff, por meio de bloco parlamentar formalizado ontem. Será a segunda maior força da Câmara a partir do ano que vem se outros blocos não forem formados, e a atuação conjunta se estenderá às assembleias legislativas dos Estados e às câmaras de vereadores. A intenção também é manter PSB, SD, PPS e PV coligados nas eleições municipais de 2016, principalmente nas 400 maiores cidades do país, nas quais se concentram 85% do eleitorado.

O bloco pode ser o embrião de uma legenda a ser criada no futuro, resultante da fusão dos quatro partidos. Em manifesto, os presidentes das quatro siglas afirmam que o Bloco da Esquerda Democrática, como é denominado, propõe "um pacto anticorrupção, que ponha fim às práticas inaceitáveis que o país inteiro vem assistindo e torne transparente os negócios públicos com a iniciativa privada".

"Seremos um bloco de oposição independente e altivo, que pode, lá no futuro, virar fusão. Mas temos que analisar o êxito", afirmou o deputado Beto Albuquerque (RS), líder do PSB e vice-presidente do partido. "Estamos vivendo um casamento moderno. Estamos vivendo juntos, para ver se dá certo. Se der, pode haver fusão", acrescentou o deputado Arnaldo Jardim (SP), vice-líder do PPS.

O bloco surgiu sem consenso em relação à eleição da presidência da Câmara dos Deputados, que acontecerá em fevereiro de 2015. O PSB analisa a conveniência de lançar a candidatura própria do deputado Júlio Delgado (MG), enquanto o SD apoia o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ). O PPS não tomou posição, ainda. "A eleição da Mesa não é ponto de convergência. É muito imediato", explicou Jardim.

Embora o modelo não seja previsto na legislação brasileira, as quatro legendas pretendem atuar como uma federação partidária, com estatuto próprio. "Mesmo sem previsão legal, nós vamos pactuar um estatuto comum. Teremos princípios comuns de atuação e metas eleitorais conjuntas", explicou Albuquerque.

Segundo ele, a ideia é que PSB, PPS, SD e PV atuem em conjunto nas eleições de 2016. Para resolver os impasses, o Bloco da Esquerda Democrática terá uma coordenação nacional com 12 dirigentes (três representantes de cada um dos partidos que o integram) e coordenações estaduais (dois representantes de cada legenda) e municipais (um representante de cada).

O líder do PSB disse que, juntos, os quatro partidos terão direito a cerca de três minutos e meio de tempo no horário eleitoral gratuito de televisão na eleição de 2016. Por isso, destacou, o bloco "nasce grande" e tem chance de formar coligações eleitorais fortes em 2016, além de atrair novas lideranças para seus quadros. Na eleição presidencial, PSB e PV lançaram candidatos próprios - Eduardo Campos e, após sua morte, Marina Silva, pelo PSB, e Eduardo Jorge, pelo PV. O PPS estava na coligação do PSB e o SD, na do candidato do PSDB, senador Aécio Neves (MG). No segundo turno, todos apoiaram Aécio.

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