sexta-feira, 16 de maio de 2014

Opinião do dia: Aécio Neves

Ao contrário do que quis mostrar o PT em seu programa, o que de verdade está assustando os brasileiros são os fantasmas do presente. Fantasma da inflação, da falta de crescimento, da falta de comando e rumo do país. Não é do passado que os brasileiros têm medo, mas do futuro com o PT no governo.

Presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves

Um país em transe

• Dezenas de manifestações em todo o país, com a presença de categorias profissionais e de baderneiros, põem em xeque a segurança do torneio. Recife viveu a situação mais tensa devido à greve de PMs

Amanda Almeida e Felipe Castanheira – Correio Braziliense

BRASÍLIA e RECIFE— Considerada pelo governo federal como um dia de testes da segurança na Copa do Mundo e de termômetro para medir os ânimos dos manifestantes, a quinta-feira foi marcada por protestos de categorias trabalhistas em várias cidades do país e pela violência em ato contra o Mundial em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os problemas mais graves, entretanto, ocorreram em Pernambuco. Depois de um dia de medo, que colocou em xeque a preparação de uma das 12 cidades sedes do evento, Recife encerrou a quinta-feira com a notícia do fim da greve de policiais militares e de bombeiros.

A situação em Pernambuco deve se repetir em outras unidades da Federação, o que já acende o sinal de alerta no governo. Entidades que representam policiais civis, federais, rodoviários federais e militares prometem uma paralisação, em todo o país, na próxima quarta-feira. De acordo com a Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis, o objetivo é "cobrar do Executivo federal uma política nacional de segurança pública voltada para defender os cidadãos e melhorar as condições de trabalho da força policial". Outras cinco entidades participam da organização do movimento. Em Brasília, o plano é fazer uma passeata na Esplanada.

Arrastões
Em Pernambuco, foram dois dias de paralisação. Embora a Força Nacional de Segurança tenha sido acionada para tentar amenizar a greve dos PMs, ontem, moradores viveram um dia caótico. A tensão começou na madrugada, com pelo menos oito homicídios. Durante o dia, houve dezenas de arrastões. No centro da capital pernambucana, comerciantes preferiram manter lojas fechadas ou trabalhar com portas pela metade. Balanço parcial de ocorrências divulgado pelo Sindicato dos Empregados do Comércio do Litoral Norte à tarde apontava que cerca de 200 lojas haviam sido assaltadas na região metropolitana.

Parte dos servidores públicos e estudantes foi dispensada dos trabalhos e das aulas. No fim da tarde, as ruas da capital lembravam feriados e fins de semana, com trânsito livre e poucos pedestres. Moradores relataram também saques nas rodovias federais. Na BR-101, no trecho que passa por Recife, segundo a Polícia Rodoviária Federal, um sofá em chamas foi colocado na pista para obrigar os motoristas a reduzirem a velocidade, o que facilitou a ação dos criminosos. As ações ganharam destaque na imprensa internacional.

Antes da negociação que suspendeu a greve, o Ministério da Defesa, o Exército e o Comando Militar do Nordeste divulgaram nota sobre a Operação Pernambuco, como foi batizada a ação de reforço à segurança no estado. Segundo o texto, atendendo à solicitação do governo local, as forças nacionais realizariam, "pelo tempo que for necessário, patrulhamento ostensivo, controle de distúrbios, interdição de áreas e desocupação de instalações públicas".

A 27 dias do Mundial, greve e protestos de categorias trabalhistas se repetiram em outras capitais, na tentativa de aproveitar os holofotes do evento para pressionar o poder público por reajustes salariais. Em São Paulo, professores, metalúrgicos e metroviários foram às ruas em diferentes pontos da cidade. Em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro , professores engrossaram as manifestações trabalhistas.

As reivindicações de categorias profissionais dividiu espaço com protestos contra a Copa do Mundo. Embora tenham registrado número menor de participantes do que em junho do ano passado, os atos voltaram a causar tumulto, na noite de ontem, em São Paulo, no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte. Na capital paulista, a manifestação começou pacífica, mas terminou com a ação de black blocs. De acordo com a polícia, cerca de 50 pessoas participaram de depredações e pichações em lojas.

No Rio de Janeiro, também houve tumulto. O protesto começou pacífico, mas o clima ficou tenso quando ativistas mascarados cantaram músicas provocativas à Polícia Militar em frente à Prefeitura do Rio. Um grupo de baderneiros tentou derrubar placas de sinalização. A polícia usou spray de pimenta para conter o início de confusão.

Em Belo Horizonte, uma bomba foi disparada por manifestantes no centro da cidade, que entraram em conflito com a PM. Em Brasília, cerca de 200 pessoas se reuniram na Rodoviária, no fim da tarde. De lá, o grupo decidiu seguir até o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Não houve confronto, mas, de manhã, um grupo de sem-teto protagonizou confusão ao tentar invadir a sede da Terracap.

Ruas agitadas
Confira abaixo parte das cidades onde houve manifestações e quais os principais grupos participantes
Belo Horizonte
Servidores municipais e ativistas contra a Copa
Brasília
Sem-teto e manifestantes contra a Copa
Curitiba
Contra a Copa
Fortaleza
Estudantes e garis
Porto Alegre
Centrais sindicais, estudantes, servidores municipais, funcionários de institutos e universidades públicas e funcionários da área da saúde
Recife
Policiais militares e bombeiros
Rio de Janeiro
Professores
São Paulo
Professores, metalúrgicos, sem-terra, metroviários
Salvador
Manifestantes contra a Copa
Vitória
Professores

Brasil vai passar "vergonha"
A violência não deve ser o único problema no Mundial. O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), ministro Augusto Nardes, disse ontem que o Brasil passará "vergonha" na Copa do Mundo devido às obras inacabadas. Ele chegou a dizer que Cuiabá "parece uma praça de guerra" em virtude dos atrasos nas construções relacionadas ao Mundial. "Estamos vigilantes para que não passemos (nos Jogos Olímpicos de 2016) uma vergonha como infelizmente vamos passar na Copa do Mundo em algumas cidades que não estão preparadas para receber os cidadãos", disse o ministro ao participar do lançamento do portal Fiscaliza Rio 2016, que reunirá dados de tribunais de contas.

Fornecedores da Petrobrás são doadores de campanha de quatro titulares da CPI

• Relator da comissão, petista José Pimentel (CE) recebeu, por exemplo, R$ 1 milhão da Camargo Corrêa, empreiteira que integra consórcio responsável por obras da refinaria Abreu e Lima, sobre as quais pesam suspeitas de superfaturamento

Murilo Rodrigues Alves - O Estado de S. Paulo

RIO - Um terço dos 12 titulares da CPI da Petrobrás do Senado indicados até agora recebeu dinheiro de fornecedoras da estatal nas eleições de 2010. O relator da comissão, José Pimentel (PT-CE), está entre eles. Ele recebeu R$ 1 milhão da Camargo Corrêa, empreiteira que lidera o consórcio responsável por obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, alvo de suspeitas.

A doação da empreiteira equivale a 20% de tudo o que o petista conseguiu arrecadar para a sua campanha ao Senado quatro anos atrás. Outros três titulares da comissão, instalada nesta semana e controlada pelos aliados da presidente Dilma Rousseff, também receberam de fornecedores da Petrobrás.

Até o momento, são conhecidos 12 titulares da CPI no Senado. Ainda falta a indicação de um nome da oposição, que resiste em fazê-lo por defender uma comissão mista, com a presença de deputados na apuração.

Humberto Costa (PT-PE) também recebeu R$ 1 milhão da Camargo Corrêa para sua campanha ao Senado. A construtora OAS doou outros R$ 500 mil à campanha do senador. Juntas, as duas fornecedoras com contratos com a Petrobrás respondem por 30% das doações obtidas pelo petista.


A Camargo Corrêa também contribuiu para as campanhas de Ciro Nogueira (PP-PI), com R$ 150 mil, e Vanessa Grazziotin (PC do B-AM), com R$ 500 mil, outros dois membros da CPI. Ciro ainda conseguiu recursos R$ 100 mil da Votorantim Cimentos.

Os fornecedores da Petrobrás foram responsáveis por 10% de todas as doações feitas em 2010 à campanha de Grazziotin e 6,25% do arrecadado pelo comitê de Nogueira.

Conforme revelou o Estado em abril, os fornecedores da Petrobrás respondem por 30% das doações nos pleitos de 2010 e 2012 aos postulantes à Presidência e ao Congresso Nacional. Isso não implica que a estatal tenha direcionado as doações ou que haja ilegalidade, mas revela o potencial de alcance político e econômico da estatal.

Operação. A Operação Lava Jato, da Polícia Federal, revelou em março deste ano suspeitas sobre as obras em Abreu e Lima tocadas pela Camargo Corrêa. A partir da intermediação do doleiro Alberto Youssef, a empreiteira teria sido favorecida por superfaturamento nas obras. O favorecimento teria ocorrido, segundo a Polícia Federal, com a ajuda do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Ele e Youssef estão presos no Paraná.
A Justiça deu na semana passada prazo de 20 dias para que a Petrobrás apresente todos os pagamentos feitos entre 2009 e 2013 à Camargo Corrêa, a principal financiadora dos membros da CPI.

A estatal e a empreiteira tiveram o sigilo bancário quebrado pela Justiça Federal do Paraná, que apura se houve desvios de recursos da estatal que eram destinados a obras da Abreu e Lima. A estatal terá de abrir para a PF e para o Ministério Público Federal as transações feitas entre Petrobrás, Camargo Corrêa e Sanko Sider.

Nas investigações do Ministério Público e da PF, Costa e Youssef receberam cerca de R$ 7,9 milhões por meio do consórcio da Camargo Corrêa, para a Sanko Sider, que teria feito depósitos em contas para a MO Consultoria, comandada pelo doleiro.

Financiadora da campanha de Humberto Costa, a construtora OAS fechou contrato de R$ 185 milhões com a Petrobrás em novembro do ano passado para a construção e montagem de dutos para o emissário do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). O contrato vai até agosto do ano que vem.

Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) já apontou "conduta omissiva" da alta administração da estatal em relação aos atrasos nas obras de tubulação do Comperj, cujo custo total foi estimado, em fevereiro de 2010, em R$ 26,9 bilhões, com expectativa de conclusão em 2021. Só o primeiro trem de refino (o complexo é composto por dois) possui previsão de conclusão em agosto de 2016.

Já a Votorantim Cimentos, doadora da campanha de Ciro Nogueira, foi contratada pela petroleira estatal por um ano para fornecer cimento para poços de petróleo pelo valor de R$ 10,8 milhões. O contrato, que se encerra hoje, ainda teve um aditivo.

Como não concorreu à vaga de senador, o vice-presidente da CPI, Antonio Carlos Rodrigues (PR-SP), não recebeu nenhuma doação dos fornecedores da estatal. No entanto, a petista Marta Suplicy, hoje ministra da Cultura e eleita para o cargo, ganhou R$ 2,5 milhões das construtoras Camargo Corrêa e OAS de um total de R$ 12 milhões de contribuições na campanha de 2010.

Controle. A CPI da Petrobrás no Senado foi instalada anteontem e é controlada pela maioria governista. Os aliados de Dilma aprovaram convites para ouvir a atual presidente da estatal, Graça Foster, e o seu antecessor, José Sergio Gabrielli.

Para Aécio, Lula está 'atormentado' com 'fracasso' do governo Dilma

• Tucano apresentou, em São Paulo, mais um ex-marineiro para sua equipe de campanha: o ambientalista Fábio Feldmann

Silvia Amorim – O Globo

SÃO PAULO - O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, disse nesta quinta-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está "atormentado" com o que chamou de "fracasso" do governo Dilma Rousseff. A declaração foi uma resposta a um artigo de Lula publicado no jornal "El Pais".

— Talvez seja o ex-presidente atormentado por aquilo que o ministro (Gilberto) Carvalho (secretário-geral da Presidência) já disse que o governo fracassou na execução de muitas dessas obras — afirmou o tucano.

Lula diz, no artigo, que "determinados setores parecem desejar o fracasso da Copa e disso dependessem suas chances eleitorais", fazendo uma referência aos partidos de oposição.
Em São Paulo nesta manhã para anunciar mais um integrante da sua equipe de programa de governo, o tucano apresentou o ambientalista Fábio Feldmann como coordenador da área ambiental da campanha. Feldmann é o segundo ex-auxiliar da campanha de 2010 da ex-senadora Marina Silva (Rede) que Aécio incorpora ao seu time. O outro ex-marineiro é Maurício Brusadin, que coordenou a área de estratégia digital de Marina quatro anos atrás e há alguns meses atua na mesma área da campanha tucana.

Em 2010, Feldmann estava filiado ao PV e foi o responsável pela elaboração do programa de governo de Marina para o mesmo setor. Naquele mesmo ano ele lançou-se para o governo de São Paulo para dar palanque à ex-senadora no estado.

O presidenciável também teve uma reunião política para discutir alianças partidárias. Com um tempo no horário eleitoral bem menor do que o da presidente Dilma Rousseff, Aécio avança agora sobre um grupo de partidos nanicos que apoiam o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), na sucessão estadual — PTN, PTC, PSL, PT do B, PEN e PMN. Juntos, eles acrescentariam cerca de 20 segundos à campanha tucana no rádio e na TV. Hoje, as estimativas são de que Aécio ficaria com cerca de 4 minutos e meio, Dilma mais de 13 minutos e Eduardo Campos (PSB) pouco mais de dois minutos.

Aécio rebate artigo de Lula no El País e diz que ele deve estar 'atormentado'

• No texto, ex-presidente associou as críticas feitas à Copa do Mundo ao ano eleitoral

Elizabeth Lopes e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Ao rebater as críticas que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez a setores que torcem pelo fracasso da Copa do Mundo no Brasil, o presidenciável tucano Aécio Neves disse nesta quinta-feira, 15, que o petista deve estar "atormentado".

"Talvez esteja o ex-presidente atormentado por aquilo que o ministro Gilberto Carvalho já disse, que seu governo fracassou e falhou na execução de muitas dessas obras (da Copa)", afirmou Aécio.

Em artigo publicado nesta quinta no jornal El País, Lula atacou indiretamente a oposição, dizendo que há "segmentos" que parecem torcer pelo fracasso da Copa para se viabilizarem eleitoralmente. Para Aécio, isso é "uma grande bobagem". "Todos nós somos brasileiros e vamos torcer para que o Brasil vença esta Copa", disse. Contudo, disse que existe um "dado claro": "Grande parte das obras de mobilidade anunciadas pelo governo petista como compromisso ficaram pelo meio do caminho".

Nas críticas a Lula e à administração do PT, Aécio destacou que cada vez mais enxerga "um governo muito assustado antes da hora". Ele argumentou que isso é resultado "deste sentimento claro de mudança que permeia toda a sociedade", citando novamente as pesquisas de intenção de voto que indicam que cerca de 70% da população querem mudança.

As afirmações do pré-candidato do PSDB foram feitas no início da tarde desta quinta-feira, no diretório estadual do PSDB, em São Paulo. Ele participou de evento para anunciar o nome do ambientalista Fabio Feldmann na coordenação do programa de meio ambiente do PSDB neste pleito presidencial. Feldmann é ex-colaborador de Marina Silva, hoje vice na chapa de Eduardo Campos (PSB).

Alckmin ajuda Aécio a atrair seis partidos 'nanicos'

• Pelos cálculos dos tucanos, grupo de partidos agregaria 20 segundos para campanha do senador na TV

Pedro Venceslau e Elizabeth Lopes - O Estado de S.Paulo

SÃO PAULO - O governador Geraldo Alckmin está ajudando o senador Aécio Neves, pré-candidato do PSDB à Presidência da República, a negociar a entrada de um bloco de seis partidos nanicos na campanha nacional tucana.

Escalado para fazer a "ponte" , o secretário da Casa Civil do Palácio dos Bandeirantes, Edson Aparecido, reuniu-se nesta quinta-feira, 15, com Aécio em São Paulo na sede estadual do PSDB para falar sobre a articulação, que envolve o PTN, PTC, PTdoB, PMN, PSL e PEN.

Pelos cálculos dos tucanos, esse grupo agregaria 20 segundos para Aécio na propaganda eleitoral gratuita de rádio e TV. Com apoio garantido até agora apenas do DEM e do Solidariedade, o senador mineiro teria pouco mais de 4 minutos, contra 14 minutos da presidente Dilma Rousseff, que disputará a reeleição. As siglas, que ficam sediadas em São Paulo, já fecharam o apoio a reeleição de Alckmin no Estado e são próximas dele.

Partidos que apoiam Dilma não vão suar para dar votos a ela, diz Aécio

- Reuters

O pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio Neves, afirmou nesta quinta-feira que vários partidos da base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff não vão se esforçar pela vitória da petista mesmo que formalizem apoio à candidatura dela à reeleição.

"Vários partidos políticos que hoje estão na base, pelas armas do governo, pela cooptação do governo, pela oferta crescente de espaços públicos, continuarão dando o tempo de televisão ao governo", disse Aécio a jornalistas após reunião em São Paulo, referindo-se ao horário gratuito de rádio e TV.

"Mas, certamente, não darão seu suor e os votos que têm porque mesmo muitos deles já estão cansados do governo", acrescentou.

Entre os exemplos citados, Aécio lembrou o PMDB, que vive uma relação turbulenta com a presidente Dilma, capitaneada pela bancada do partido na Câmara, e o PP, com quem os tucanos farão aliança regional, por exemplo, no Rio Grande do Sul. Aécio disse que participará no próximo dia 24 do lançamento da candidatura da senadora Ana Amélia Lemos (PP) ao governo gaúcho.

Aécio afirmou ainda que espera definir o nome do vice em sua chapa até 14 de junho, data marcada para a convenção nacional do partido, que ocorrerá em São Paulo.

"A escolha do vice não é uma escolha do candidato, é do conjunto de forças políticas que nos apoiam. O dia 14 de junho é a nossa convenção e espero que até lá esta questão esteja decidida", disse.

O senador voltou a atacar a gestão de Dilma, classificando-a como um governo de improviso e incapaz. "As duas marcas do governo --não vou nem entrar na crítica ética e moral que está presente na mente do povo-- são o improviso e a incapacidade de gestão", disse.

O pré-candidato do PSDB também aproveitou para criticar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que associou em artigo no jornal espanhol El País as críticas feitas à realização da Copa do Mundo ao ano eleitoral.

"Todos nós somos brasileiros e torcemos para o Brasil vencer as Copas. Grande parte das obras de mobilidade que eram compromisso do governo ficou pelo meio do caminho. Talvez seja um ex-presidente atormentado por aquilo que o ministro Gilberto Carvalho disse que o governo fracassou, falhou na execução de muitas obras", disse Aécio.

Apesar dos ataques a Dilma, o tucano não quis entrar em conflito com o pré-candidato do PSB, Eduardo Campos, que recentemente reforçou críticas da companheira de chapa Marina Silva a ele. [ID:nL1N0NZ127]

"Todo candidato tem o direito de escolher o melhor caminho. Quero trabalhar para encerrar o ciclo do governo que está aí, que perdeu o controle da economia, que paralisou o Brasil na infra e não nos permite mais avançar nos nossos indicadores sociais. Esse é o meu foco e não mudaremos a estratégia de campanha", disse.

Aécio participou em São Paulo da oficialização do ex-governador de Minas Gerais Antonio Anastasia como coordenador-geral do programa de governo da campanha. Também foi apresentado Fábio Feldman como coordenador setorial de meio-ambiente. A equipe de Anastasia será formada ainda por Carla Grosso, que será coordenadora-executiva do programa.

(Reportagem de Tiago Pariz; Edição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)

Em jantar com peemedebistas, Campos compara PT ao PSDB

Daiene Cardoso - Agência Estado

Em um "petit-comitée" para dez parlamentares do PMDB, o pré-candidato do PSB à Presidência da República, Eduardo Campos, impressionou os peemedebistas pela animação com a pré-campanha e chamou a atenção pelo tom de indignação com a propaganda petista lançada nesta semana. Aos convidados do jantar promovido em Brasília pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), Campos comparou a trajetória do PT a do PSDB. "Ele disse que o PT está ficando com o PSDB: copiando o mensalão, o apagão e agora induzindo o medo nas pessoas", revelou um dos peemedebistas aoBroadcast Político, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Promovido para ampliar a dissidência do PMDB e angariar novos apoiadores à campanha do PSB, o jantar reuniu, além do anfitrião, os senadores Pedro Simon (RS) e Ricardo Ferraço (ES). Da bancada do partido na Câmara foram Alceu Moreira (RS), Danilo Forte (CE), Fábio Trad (MS), Raul Henry (PE), Darcísio Perondi (RS), Osmar Terra (RS) e Geraldo Resende (MS). Acompanharam o presidenciável os deputados do PSB Márcio França (SP) e Beto Albuquerque (RS), este último líder da bancada na Câmara.

Aos novos aliados, Campos reclamou da forma "fascista" de fazer política adotada pelo PT ao amedrontar o eleitorado insinuando que programas sociais acabarão se um candidato de oposição ganhar a eleição presidencial. O pré-candidato usou os termos "terrorismo", "desrespeito ao eleitor", "contradição" e "deslealdade" do antigo aliado. "O PT chegou ao fundo do poço. A sensação é que a candidatura do PT está se esfacelando", comentou Raul Henry. "Me causou espanto essa agressividade", disse Geraldo Resende.

O pré-candidato ouviu dos convidados que os gestores que participaram da 17ª Marcha dos Prefeitos consideraram que seu discurso se destacou em relação ao do pré-candidato tucano, Aécio Neves. Ontem, Campos prometeu elevar os investimentos em saúde em 10% da receita, disse que não incentivará a política de desoneração de impostos que culmina com a redução dos recursos da União aos municípios e prometeu que abrirá diálogo com os prefeitos.

Num jantar que acabou no início da madrugada, Campos afagou os peemedebistas, disse que precisa garantir a governabilidade em caso de vitória para enfrentar os problemas econômicos. O presidenciável acusou o governo Dilma Rousseff de "destratar a classe política" e de desprezar a base aliada. "Vi um candidato extremamente disposto e animado com a possibilidade de ter uma parte do PMDB caminhando com ele", afirmou Henry.

O senador Ricardo Ferraço afirmou que o jantar era para peemedebistas "com credibilidade" e "que não se submetem à lógica petista". Ele aposta que o movimento pró-Campos deve crescer nos próximos dias na sigla. "Quanto mais competitivo ele se torna, mais as pessoas vão se aproximando", disse Ferraço. "O grupo é recém-iniciado. Lembre-se que a muralha da China começou com uma pedra só", complementou Perondi. A ideia é promover novos encontros com os "dissidentes" do PMDB governista.

Campanha
Apesar de seguir em terceiro lugar nas pesquisas, Campos demonstrou animação com o andamento da pré-campanha. Ele fez questão de falar da importância de Marina Silva como vice na chapa, destacou que a ex-senadora tem grande penetração entre o eleitorado jovem e nos grandes centros urbanos e que, ao ter seu nome vinculado ao de Marina, a intenção de voto na candidatura do PSB cresce.

Programa do PT repete fórmula e explora 'fantasmas do passado'

• Exibido nesta quinta, a inserção em TV apostou na comparação entre governos petistas e tucanos para afirmar que a presidente Dilma Rousseff é a melhor opção de mudança exigidas pela população

Ricardo Galhardo - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O programa partidário do PT exibido na noite desta quinta-feira, 15, em cadeia nacional de TV apostou na comparação entre os governos petistas e tucanos para tentar convencer o eleitorado de que a presidente Dilma Rousseff é a melhor opção para executar as mudanças exigidas pela população.

O programa repetiu as inserções que mostravam os "fantasmas do passado" exibidas no início da semana. Mas também buscou explorar o "futuro". "Nós podemos falar de futuro" foi o lema da propaganda partidária do PT desta quinta.

Enquanto pesquisas recentes mostram a queda da aprovação e das intenções de voto de Dilma e o aumento do número de pessoas que desejam que o próximo governo seja diferente do atual, a presidente tentou se justificar.

"Mudar não é fácil. Todo governo de mudança encontra obstáculos", disse Dilma, que admite não ter sido eleita "apenas para dar continuidade às conquistas do governo Lula".

Na sequência o programa enumerou comparações com o governo tucano de Fernando Henrique Cardoso. Um dos pontos foi a inflação, tema explorado pela oposição, cuja média é de 6.08% nos três primeiros anos da gestão Dilma Rousseff contra mais de 9% de nos oito anos de FHC e a presidente reitera que manterá a "mão firme" no controle dos preços.

Além de dar uma resposta sobre a inflação, a propaganda petista tentou destacar aspectos positivos na gestão econômica de Dilma como o aumento da renda e do emprego. "Não basta (a economia) crescer nos números dos economistas. É preciso crescer na vida das pessoas", diz o programa.

Enquanto petistas históricos como José Dirceu e José Genoino cumprem pena em regime fechado na penitenciária da Papuda por determinação do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa, o programa do PT diz que nunca se combateu tanto a corrupção quanto nos governos do partido e elogia o "Judiciário independente".

O roteiro da propaganda dirigida pelo publicitário João Santana contrasta com o discurso oficial do PT. No 14o Encontro Nacional do PT, dia 2 de maio, o presidente nacional do partido, Rui Falcão, acusou Barbosa de ser responsável pela vida de Genoino, que enfrenta problemas cardíacos. No último domingo Falcão divulgou uma nota na qual chama o ministro do STF de "arbitrário" por manter em regime fechado petistas que teriam direito ao semiaberto.

"O que você prefere, avançar no combate à corrupção ou voltar ao passado?", questionou a propaganda petista.

O texto é intercalado com discurso de Lula também no 14 Encontro Nacional do PT no qual ele cobra punição a petistas que cometem erros. Os únicos petistas que aparecem no programa são Dilma, Lula e Falcão.

O programa começou com a peça sobre os "fantasmas do passado" veiculadas no início da semana, comparadas em tom crítico com a propaganda feita pelo PSDB em 2002 na qual a atriz Regina Duarte dizia ter medo da vitória do PT.

A peça foi interpretada como uma tentativa de polarizar a disputa com o PSDB. Ontem o PT também apontou o risco de um "salto no escuro", em referência indireta a pré-candidato do PSB, Eduardo Campos.

PT insiste na tática do medo

• Apesar de críticas, inclusive, dentro do partido, legenda repete o discurso dos fantasmas do passado em nova peça partidária

Grasielle Castro – Correio Braziliense

O PT decidiu manter o tom do "discurso do medo" na propaganda partidária de 10 minutos, exibida ontem, com a associação da vitória da oposição ao risco de retrocesso não só nas políticas sociais, como também no combate à corrupção. No anúncio, protagonizado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pela presidente Dilma Rousseff e pelo presidente do partido, Rui Falcão, o estabelecimento de uma fronteira entre o governo do PT e o da oposição é nítido, com direito a resposta às críticas que têm recebido na economia e a aposta no tom de ameaças. O filme está repleto de afirmações como "Não basta crescer no mundo dos economistas, é preciso crescer na vida das pessoas" e "O que eles (oposição) querem é criar uma cortina de fumaça para trazer o passado de volta", além de "O que você prefere? Avançar no combate à corrupção ou voltar ao passado".

A estratégia já tinha sido apresentada na última terça-feira. Em uma inserção de um minuto, na qual a legenda mostra pessoas felizes até avistarem elas mesmos desempregadas, com uma voz que diz: "Não podemos deixar que os fantasmas do passado voltem e levem tudo o que conseguimos com tanto esforço". O anúncio foi exibido no dia em que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu a exibição da propaganda partidária estrelada pela presidente Dilma Rousseff, por sugerir a ideia de "continuidade das mudanças do governo". A decisão foi tomada após representação do PSDB, que questionou o material.

Na peça de ontem, as marcas de Lula são evidentes, com o uso até mesmo de uma de suas expressões mais marcantes: "nunca antes na história desse país". A aposta na imagem do ex-presidente segue o plano de mostrar à população que é Lula quem está por trás de Dilma. O entendimento, na cúpula do partido, é de que a associação abocanha a parte da população que acredita que Lula é o mais indicado para promover mudanças no país — tema que também foi explorado na propaganda. Segundo pesquisa Datafolha, divulgada recentemente, cerca de 70% dos brasileiros desejam que o próximo presidente adote ações diferentes e a maioria acredita que o petista é o mais indicado.

A publicidade, porém, foi encarada dentro do próprio partido como uma ação de desesperados. Desde a manhã de terça-feira, quando foi mostrada para os correligionários, o filme tem gerado críticas. Há petistas que dizem que a presidente deveria evitar a exibição de fragilidades e os ataques gratuitos. "Porque ela não mostra o que fez? Podia deixar os outros candidatos se degladiando sozinhos", reclama um aliado. A tática vai contra, inclusive, a preocupação que tem sido considerada no Palácio do Planalto de não antecipar o debate eleitoral. No governo, o entendimento é o de que ela tem que aproveitar os últimos dias para inaugurar obras e mostrar as realizações.

Essa preocupação, inclusive, foi a razão que Dilma deu ao presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) para não comparecer à Marcha dos Prefeitos deste ano, que acabou ontem. Segundo ele, Dilma disse que sua presença poderia soar como "questão de campanha".

Colaborou Diego Abreu

Oposição prepara resposta ao discurso petista do medo

• Principais concorrentes de Dilma Rousseff, PSDB e PSB fazem estratégia para responder às polêmicas inserções do PT na televisão. Socialistas querem ser propositivos; Aécio contra-ataca, mas tucanos fazem mistério

Eduardo Miranda – Brasil Econômico

Os partidos de oposição já dão sinais de que preparam uma resposta aos vídeos veiculados pelo PT na noite de ontem e na última terça- feira. Ontem, o senador e presidenciável Aécio Neves usou, em entrevista coletiva, em São Paulo, aproveitou a polêmica do vídeo petista na TV, ao dizer que seu crescimento nas pesquisas de intenção de voto "mostra que o brasileiro está com medo de o PT continuar no governo". "Comesse programa, o PT carimba na sua própria testa um atestado de fracasso.

Após praticamente 12 anos governando o Brasil, o que eles têm a oferecer aos brasileiros é o terrorismo, o medo? É muito pouco. Tenho absoluta convicção de que os brasileiros não estão com medo da volta ao passado, estão com medo de o PT continuar no governo. E as pesquisas mostram isso", afirmou. Mesmo sem ter sido alvo dos petistas, o PSB também criticou a campanha de televisão.

O primeiro- secretário nacional do partido e coordenador da campanha de Eduardo Campos, Carlos Siqueira, disse que a resposta do PSB ao vídeo vai esclarecer para a população que "as coisas não são bem assim". "O que pretendemos mostrar é que, até pela postura do nosso partido, não existe esse maniqueísmo entre o bem e o mal, que esse tipo de argumento tem pernas curtas na democracia. Não vamos dramatizar, como eles fizeram.

Vamos discutir os problemas e as deficiências que ocorreram durante todo o período em que o PT está no governo", adiantou Siqueira. A assessoria de imprensa de Aécio Neves não informou qual será a estratégia do partido para os próximos dias, como revide às críticas do PT. Coordenador da campanha do tucano à Presidência da República, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) não foi encontrado para comentar as futuras inserções midiáticas do partido na televisão.

Na semana passada, antes mesmo da escalada de fogo cruzado entre os três principais pré-candidatos, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello disse que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estava tendo uma postura muito "flexível" em seu entendimento sobre campanhas antecipadas.Novo presidente do TSE, Dias Toffoli fez questão de responder, argumentando que só há campanha quando o candidato pede voto.

A entrada da presidenta Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula na pré-campanha eleitoral esta semana foi complementada pelas polêmicas inserções do PT na TV. Depois do vídeo que alertou sobre os "fantasmas do passado", em alusão aos anos do governo PSDB, o Partido dos Trabalhadores exibiu ontem, em rede nacional, a inserção "Com gavetas", no qual um narrador afirma que "nunca se investigou tanto os casos de corrupção no país", em decorrência da independência de órgãos como o Judiciário e a Polícia Federal.

Carlos Siqueira, do PSB, disse que o PT não pode arrogar para si as políticas sociais. "A sensação que dá é que só o PT fez políticas sociais, que tudo começa e termina com eles. O SUS, a universalização da educação básica, tudo isso não tem dono, a conquista desses direitos é lutada sociedade organizada. Esse discurso do PT é de natureza autoritária", afirmou.

Cientista político do Ibmec/RJ, José Luiz Niemeyer não acredita que o PSDB responderá com discurso agressivo nas suas próximas inserções de TV. Ele acha que o perfil do partido não é o de dar respostas ao PT e que Aécio não quer entrar em conflito. "Eles não vão revidar nas campanhas de televisão, o Aécio Neves não vai comprar essa briga com o PT.

As críticas e respostas, que podem ser bem mais contundentes, podem vir da parte dos senadores e dos deputados que já estão habituados a fazer críticas duras ao governo federal no Congresso", afirma Niemeyer. Do ponto de vista estratégico, o cientista político diz que o PT pode estar "roendo o próprio fio" e prejudicando suas alianças para um eventual segundo turno.

"Os comerciais do PT não deveriam ir por esse caminho corrosivo, eles não deveriam investir nesse tipo de discurso. Isso pode provocar algum tipo de ojeriza no próprio Eduardo Campos, que não é o principal alvo de tudo isso, e respingar, fatalmente, no segundo turno, com a Dilma sem o apoio do PSB contra Aécio", argumentou.

Movimentos sociais tentam recuperar espaço perdido nas manifestações

• Especialistas apontam que protestos passam por uma segunda fase com grupos tradicionais e lideranças definidas

Renato Onofre – O Globo

SÃO PAULO - Os movimentos sociais tradicionais de luta pela terra e por moradia tentaram ontem reassumir o protagonismo político perdido nas manifestações de junho do ano passado. A volta de grupos tradicionais, com lideranças definidas, é vista por especialistas como uma segunda etapa do processo iniciado em 2013. Em comum entre os dois momentos, a insatisfação com o governo e a crítica à qualidade dos serviços públicos. Em oposição, a falta da truculência policial, considerada o estopim à adesão popular nos protestos do ano passado.

As diferenças entre os grupos que ontem foram para as ruas e o Movimento Passe Livre (MPL), que liderou as manifestações de junho passado, vão além dos vinte centavos. Sai de cena os coletivos e voltam, ainda que timidamente, as lideranças com cara, nome e função. Alguns com ligações políticas claras, e até a volta de bandeiras partidárias, rechaçadas e queimadas nos atos de junho passado.

A estratégia também mudou. O enfrentamento como tática de lutas nas ruas abre o espaço para o diálogo — vide o encontro entre o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MTST), Guilherme Boulos, e a presidente Dilma Rousseff (PT) na semana passada, antes da entrega da Arena Corinthians.

Enquanto o perfil muda, os problemas urbanos continuam em cena, mas reestreiam velhas temáticas ligadas aos movimentos sociais dos anos 80 e 90, como a luta por moradia e por terra — o próprio Movimento dos Sem-Terra (MST) apoiou atos na manhã de ontem em São Paulo. Cenário bem diferente de estilo e forma de atuação que não ganhou a adesão popular. Bem diferente das manifestações que levaram milhares de pessoas às ruas em junho do ano passado.

À frente daqueles atos que levaram milhares de pessoas às ruas em todo país estava um coletivo até então desconhecido — pelo menos fora da capital paulista —, comandado por jovens entre 20 e 30 anos sem rostos ou nomes: o MPL. O coletivo, como pedem para ser chamados, impôs às manifestações de 2013 o seu perfil horizontal e sem centralização nas decisões, nem mesmo nas ruas.

A reação nas redes sociais
A geração Facebook, também marca da onda de protestos do ano passado, saiu de cena, pelo menos no mundo virtual. A pedido do GLOBO, a R18 Tecnologia monitorou ontem a mobilização nas redes sociais (Twitter, Facebook e Instagram). Diferentemente de 2013, as manifestações de ontem contra a Copa não foram o tema central nas discussões na internet. As greves roubaram a cena da discussão virtual, com 65 mil menções compiladas até as 17h. Os protestos tiveram quase três vezes menos citações (26 mil). Até a capilaridade diminui. Ontem, 64% das mensagens se restringiam a apenas três estados: Rio, São Paulo e Pernambuco.

A luta pela redução das passagens ganhou a simpatia da população que viu ali um discurso comum ao seu dia a dia. E foi inflada pela truculência policial, que mobilizou o país contra atos de barbárie passados em tempo real nas redes sociais. Para o professor da FGV-SP, Rafael Alcadipani, ainda não há um estopim que faça os atos crescerem como em 2013. Ele avalia ainda que a volta das velhas lideranças reacende o papel de diálogo nos movimentos de rua:

— Há um combustível comum aos dois momentos que é a insatisfação popular. Ela ainda está presente, assim como ano passado, mas não foi catalizada como foi antes pela ação exagerada e violenta da polícia. O clima é que o gigante do passado ainda está adormecido, mas pode acordar até a Copa — avalia.

Segundo o professor titular do Departamento de Ciência Política da USP José Álvaro Moisés, há uma falência na representação política. Ele destaca também a insatisfação como elemento estimulador das ações populares. Para ele, a atual configuração dos protestos representa um segundo ato das manifestações iniciadas em junho de 2013:

— Primeiro, é importante deixar claro que a lógica dos movimentos sociais não é algo de todo racional. Talvez, podemos dizer que estamos caminhando para uma segunda etapa dos protestos.

Talvez, não basta ocupar as ruas, é preciso que lideranças sentem e negociem as demandas do grupo.

Campos: "Dilma caiu na armadilha da polarização"

• "Quem nega as conquistas dos governos do PT é Aécio, eu não nego; o que estou dizendo é que tem uma pauta nova"

• "Nunca tive ilusão de que seria o candidato do empresariado brasileiro, a base social de nossa candidatura é outra"

• "Ninguém nega a competência do Armínio. Mas é uma pessoa sem a legitimação do voto"

• "Nos protestos Dilma perdeu a oportunidade de virar uma grande liderança e se consagrar mais do que nas eleições"

Cristian Klein, Denise Arakaki e Maria Cristina Fernandes – Valor Econômico

SÃO PAULO - Longe de assustar, a estratégia do medo utilizada pelo PT - em inserções que começaram a ser exibidas nesta semana no rádio e TV - já representaria o erro das previsões do marqueteiro João Santana, guru da pré-campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff, e pode significar a oportunidade para furar a lógica polarizada da eleição presidencial. É assim que os pré-candidatos a presidente e vice-presidente do PSB, Eduardo Campos e Marina Silva, avaliaram, em visita ao Valor, a forte cartada lançada pelo PT, em propaganda que mostra brasileiros temendo a volta ao passado ao olharem para eles mesmos em piores condições de vida. Para Campos, a estratégia de marketing do PT sinaliza desespero e demonstra que o partido recorre ao "último bastião" de seus eleitores - um núcleo duro formado por beneficiados por programas federais como o Bolsa Família, o Minha Casa Minha Vida, Prouni e Fies.

"Não somos os anões de que falava o João Santana", afirmou Campos, ao se referir à entrevista em que o publicitário do Planalto exalou otimismo. Em outubro do ano passado, Santana afirmou que Dilma será reeleita no primeiro turno em decorrência do que chamou de "antropofagia de anões" a abater seus principais adversários - além de Campos, o senador Aécio Neves (PSDB-MG). "Eles vão se comer, lá embaixo, e ela, sobranceira, vai planar no Olimpo", disse à época.

O ex-governador de Pernambuco afirma que a previsão simplesmente não se confirmou. As intenções de voto de Dilma têm caído nas últimas pesquisas eleitorais e já indicam a possibilidade de haver um segundo turno. E o efeito foi justamente o contrário ao previsto pelo marqueteiro presidencial. "Você vê numa campanha de reeleição que, pela primeira vez, uma candidata que está na frente sai batendo no outro. Quem está na frente não bate no outro. Ignora", diz.

O outro, no caso, é o PSDB. Ao falar sobre o passado, a propaganda do PT chamou para o ringue seu adversário predileto e tenta repetir o duelo que venceu nas últimas três eleições (2002, 2006 e 2010) contra os tucanos. Para Campos, será a oportunidade para furar o bloqueio da polarização. "À medida que Dilma começa a falar em medo, ela arma a cena para a gente entrar. À medida que, para segurar seu núcleo duro, começar a falar para trás, ela arma a cena da polarização [de troca de acusações entre PT e PSDB]. Aí, entramos dizendo que os dois têm razão e você [eleitor] tem razão também maior - que é mudar isso aí. Do ponto de vista estratégico, ela está no pior dos tons. Se ela estivesse falando para o futuro... Mas não está", disse Campos, para quem Dilma já teria caído mais, para 27%, de acordo com pesquisa da qual, no entanto, não revelou o instituto e diz ter "ouvido falar".

Por outro lado, Eduardo Campos acena para onde e como poderia ser sua reação à estratégia petista. "Tem uma certa arrogância naquilo de dizer: você está aí porque eu lhe dei tudo. Meio que desconsidera o esforço individual de cada um, a luta, a conquista, a batalha. Esse negócio pode dar muito errado, se acertarmos em tirar esse medo", afirma, para em seguida acrescentar: "Não restou um argumento que não seja o medo. Se você já começa por aí, é porque já derrotou todos os outros argumentos. É um discurso que já é uma confissão da incapacidade de fazer. 'Não mude não, porque senão vai piorar'", diz.

Numa subida de tom contra Aécio - a quem vem criticando desde que o Datafolha apontou o crescimento do senador tucano - Eduardo Campos disse que não nega o legado e as conquistas sociais dos governos do PT, desde o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Quem nega isso é Aécio. Eu não nego isso, não. Aécio e o PSDB é que fazem o discurso negando. O que estou dizendo é que tem uma pauta nova", pontuou.

A declaração é mais um reflexo da inflexão de Campos à esquerda, numa tentativa de impingir ao senador mineiro a pecha de candidato que representa segmentos mais à direita da sociedade. Questionado sobre o esvaziamento de sua candidatura entre o empresariado, desde que anunciou a aliança com a ex-senadora e ambientalista Marina Silva, o ex-governador enfatizou que sua pretensão nunca foi a de ser representante do setor produtivo. "Nunca tive ilusão de que seria o candidato do empresariado brasileiro. Claro que tem muito empresário apoiando nossa candidatura, mas a essência da base social da nossa candidatura é outra", afirmou.

Campos insinuou ainda que o candidato do PSDB dá poder excessivo ao economista Armínio Fraga na determinação de suas diretrizes. "Ninguém nega a competência do Armínio. Reconhecida dentro e fora do país. Mas é uma pessoa sem legitimação do voto. Não se arruma essa economia só com o tripé macroeconômico. Precisa de um projeto para o país. Passa por educação, inovação, infraestrutura, capacidade de dialogar com setores que estão lutando por direitos. Tem uma agenda microeconômica que o Armínio não fez no governo FHC. A sociedade brasileira é mais complexa do que a nomeação de um chefe de equipe econômica que vai botar o Brasil nos trilhos", disse.

Indagado sobre que medidas tomaria nos cem primeiros dias de seu governo, Campos tergiversou: "Precisa marcar na chegada a capacidade de dialogar com a sociedade; há um enorme desejo da sociedade de contribuir encontro em torno de novos valores. Mais que um projeto, é a atitude do novo governo e essa fica clara na chegada, na formação da equipe, na articulação com o Congresso, que não é um problema, o Congresso vai querer ajudar".

Campos deixou claro o desagrado causado pela declaração de Aécio de que ele e Marina estariam em seu governo em 2015. "Não posso dizer que Dilma vai trabalhar no nosso governo ou que Aécio vai trabalhar no nosso governo. É desrespeitoso com o concorrente. Somos forças com posições comuns, e temos um bocado de coisa diferentes da nossa própria caminhada. A nossa sempre foi muito mais próxima das lutas sociais, da luta por terra, liberdade, que a luta do PSDB".

Campos enumerou mais diferenças com o PSDB: "No dia 1º de maio o Aécio falou em flexibilizar as leis trabalhistas e eu disse que não se tira direito de trabalhador. Também não dá pra falar em redução de idade penal. É ignorância jurídica. O Supremo já disse que precisa mudar Constituição. Tem coisas concretas que mostram as diferenças".

Em sua opinião, o crescimento de Aécio deve-se a atuação do senador no Congresso em defesa da CPI da Petrobras e à maior exposição do tucano no Sudeste, onde o PSDB é forte, e região, ao mesmo tempo, onde Dilma caiu mais. O pessebista confia que seu crescimento nas pesquisas virá do eleitorado que compõe a taxa anormal dos entrevistados que dizem que votarão em branco ou nulo, a maior desde 1989. "Quando a gente pega quem nos conhece [a ele e a Marina], a gente já pontua próximo do que Marina teve no dia da eleição [de 2010, quase 20%]. Quando coloca ela na chapa e comunica assim, a gente vai para o primeiro lugar em São Paulo, Rio, Brasília e Paraná", diz.

A associação com Marina Silva é a aposta para a subida. "Isso vai ficar evidenciado lá para agosto. Com TV, internet, cobertura diária. A partir daí, na primeira quinzena de setembro, você vai ver a confusão", empolga-se.

O entusiasmo, porém, dá lugar ao choque de realidade quando Campos é indagado se concorda com Aécio sobre a necessidade de se tomarem medidas impopulares, seja qual for o vencedor de outubro. Nisso os dois estão de acordo, embora o pessebista prefira dar tons mais amenos aos ajustes na economia.

O pré-candidato do PSB reconheceu que o presidente da República eleito terá que adotar um conjunto de medidas para "restabelecer o equilíbrio macroeconômico" a partir de 2015.

O ex-governador afirmou que as medidas vão tirar o Brasil da "recuperação". "O pessoal só não vai ser reprovado porque nós vamos vencer as eleições", acrescentou Campos, que desviou-se do adjetivo "impopular". "Todas as medidas que venham a restabelecer o equilíbrio macroeconômico e puderem fazer o país crescer não são impopulares. São em busca da popularidade, em busca da compreensão da população de que são necessárias. Temos que falar a verdade para a população", disse. Sua pré-candidata a vice, completou: "Se as pessoas querem mágica, um salvador da pátria, não somos nós, temos agenda".

Sobre o papel dos bancos públicos, o ex-governador de Pernambuco disse que estes têm que voltar "ao seu leito natural". "Vai ter um processo de desmame do tesouro nacional, de animar o mercado de capital, passar segurança para os bancos privados poderem exercitar o crédito de longo prazo. É um processo, não um decreto. Hoje tem uma exposição importante desses bancos no crédito. Tem muito título do Tesouro lastreando essas operações, que estão impactando o orçamento fiscal".

Para Marina, as mudanças já poderiam ter sido feitas, desde que as ruas se encheram de manifestantes, em junho do ano passado. A ex-senadora afirma que Dilma Rousseff teria perdido uma oportunidade histórica de se livrar da "velha política" e respondeu às demandas de um modo tradicional, como se fosse uma pauta de reivindicações de um movimento sindical.

"Se a presidente Dilma tivesse, naquele momento, ligado para algumas pessoas que mesmo sendo de posição diferente e poderiam contribuir... Se perguntasse a mim, eu diria: entre para a história em quatro anos. Chame as pessoas, chame todas as lideranças independentes dos partidos e monte uma agenda para o país. E dê um xeque-mate. Chame para montar uma agenda para o Brasil", disse.

Campos argumenta que, com isso, Dilma, eleita com o apoio de Lula, teria se legitimado ali, pela iniciativa coerente com sua própria trajetória, de alguém que não galgou carreira pelos degraus da política profissional.

Marina concordou: "Essa não é uma pauta de reivindicação em moldes sindicais. Isso é uma energia para mudar a nação. Aposentemos a Velha República. Você tem uma bala de prata que é o Lula. E você entra para a história pilotando essa agenda", disse.

Citando "um amigo" da área da Sociologia, Marina disse que se faz uma análise de que, quando foi feita a escolha por Dilma, Lula não queria um sucessor, queria "um intervalo". "Se fosse Tarso [Genro, governador do Rio Grande do Sul] ou Patrus Ananias [candidato derrotado ao governo de Minas Gerais] seria um sucessor, da genealogia histórica do PT. Dilma seria um intervalo. Se ele tivesse trabalhado com a ideia de intervalo, provavelmente não seria tão traumático", disse.

Questionada se isso não seria impossível, pela tendência dos governantes de se encantarem pelo poder, a ex-senadora ponderou. Lembrou o caso do ex-governador de seu Estado, o Acre, o petista Binho Marques, quando Marina ainda era filiada ao PT. "Isso ocorreu no governo do PT do Acre quando preferi ficar no ministério [do Meio Ambiente] e não saí [candidata] para o governo. Binho, um educador, foi [candidato] com muita resistência, e foi dizendo que não queria voltar novamente e iria cumprir uma tarefa", disse Marina.

Para Eduardo Campos, Lula é uma carta fora do baralho e não se deve perder muito tempo perguntando sobre a possibilidade de sua volta. "Ele pode ter todos os defeitos do mundo, mas não é burro. Sabe ler as cartas. É intuitivo e tem a percepção das circunstâncias do que está vivendo. Vai colocar em questão três coisas que está vivendo? A história, o poder e a perspectiva de poder? Se Dilma vai [à reeleição], só está colocando uma coisa em disputa: o poder. Ele tem as três", diz.

Em tom irônico, o ex-governador de Pernambuco afirma que Dilma terá que encarar o desafio de qualquer maneira. "Dilma vai ter que lamber essa barrinha de sal. E achando doce", diz, aos risos.

Para completar a blague, Campos desenha o cenário que ocorreria entre a presidente da República e seus apoiadores da coalizão governista. "Aquela base dela, quando vir a água entrando dois dedos no porão, não fica um para segurar a mão dela para descer as escadas", diz.

Para o pessebista um dos problemas do governo Dilma foi o voluntarismo da presidente, que teria tomado as rédeas da política econômica por conta própria, centralizando decisões que seriam mais afeitas ao ministro da Fazenda. "Ela não queria a permanência do Guido [Mantega, ministro da Fazenda] e resolveu assumir o ministério. E ela mesma foi conduzindo isso, com uma pauta, achando que ia animar o investimento, estudando a regulação dos setores, ela mesma estudando. E deu no que deu", disse Campos.

Segundo o ex-governador, Dilma "começou a fazer um negócio paradoxal". "É o desenvolvimentismo que gera o mais baixo crescimento da República. Quem ia peitar a banca e baixar os juros, no ato de vontade, está legando os juros num patamar mais alto. [Dilma] é intervencionista e estatizante para alguns e está quebrando as estatais brasileiras", criticou.

O pré-candidato do PSB afirmou que o partido enxerga na estratégia de lançar candidaturas próprias no Sudeste uma forma de penetrar em Estados como São Paulo e Minas Gerais. O presidenciável negou ainda que haja divergências com o Rede Sustentabilidade na formação dos palanques.
"Nossa posição é a busca da candidatura própria. Agora, temos um partido consolidado aqui em São Paulo que tem diretório permanente, com prefeitos e deputados que passaram por alianças na eleição passada com [o governador Geraldo] Alckmin", ressaltou Campos, acrescentando que PPS e PV também estão divididos sobre o quadro eleitoral no Estado. Uma ala do PSB paulista defende a reeleição do tucano, enquanto os aliados preferem um nome próprio. "Nesses 40 dias temos que encontrar um caminho para todo mundo, mas se não der para todo mundo, que seja para uma parte", disse, sinalizando o abandono do projeto inicial de se coligar com o PSDB.

Sobre Minas, Campos lembrou que a relação entre PSDB e PSB vem desde os tempos em que os dois partidos se uniram ao PT para apoiar a eleição de Marcio Lacerda (PSB) à Prefeitura de Belo Horizonte, em 2008. O presidenciável, no entanto, afirmou que os tucanos não levaram em conta a possibilidade de Lacerda concorrer ao governo mineiro em outubro e isso despertou em setores do partido o interesse em lançar um nome próprio.

"Esse movimento que manteve o Marcio Lacerda na prefeitura quando ele desejava sair frustrou um time que começou a ficar animado por um ambiente que está gerado em Minas, de uma eleição que não é exatamente do jeito que se imaginava, polarizada desde agora [entre PT e PSDB]", afirmou.

"Fiz uma reunião com o Rede para ver os caminhos. E o pessoal lá disse que vai colocar a candidatura do Apolo [Heringer] nos órgãos partidários. Não podemos impedir isso". Além disso, argumentou Campos, o fato de Marina ter tido um bom desempenho no Estado na eleição presidencial de 2010, também animou o grupo que defende a candidatura própria. Com isso, o PSDB já avisou que deve reagir e lançar um candidato a governador em Pernambuco, Estado de Eduardo Campos.

O ex-governador reconheceu as dificuldades que enfrentarão com o tempo mais reduzido na propaganda eleitoral, mas espera que a cobertura jornalística equitativa das TVs equilibre o quadro. Deixou claro que ainda aposta em fratura na coalizão governista. "Acho que as mídias sociais vão ter uma importância grande. A gente pode chegar perto dos três minutos, o ideal seria ter quatro minutos. Pode ser que a gente ganhe isso sem que a gente faça grande esforço. Imagine um PMDB não dando os votos [na convenção] porque Rio de Janeiro brigou com Dilma, Ceará também. Junta os delegados do PMDB autêntico, o [senador Ricardo] Ferraço do Espírito Santo, essa turma se junta com os rebelados. E que o PMDB fique neutro nacionalmente. Aí esse tempo vai ser distribuído [entre todos]. Admita-se que isso também aconteça no PP, no PR. A confusão no meio deles pode nos beneficiar".

Roberto Freire: A ‘Copa das Copas’ e o sonho que virou pesadelo

- Brasil Econômico

À primeira vista, há quem imagine que o tempo passou rápido demais entre a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo e o início do Mundial, daqui amenos de um mês, mas não é bem assim. Foi em 2007, e lá se vão sete anos, que a Fifa designou ao país a responsabilidade de receber o maior evento esportivo do planeta.

A nomeação logo foi transformada em peça de propaganda política pelo então presidente Lula, que surfou na onda do mais desbragado populismo triunfalista e anunciou um futuro glorioso coma "Copa das Copas". Cedo ou tarde, no entanto, a falácia lulopetista acabaria desmoronando como um castelo de cartas.

A menos de 30 dias para a bola rolar no ainda incompleto Itaquerão, palco do jogo de abertura, o cenário de descalabro envergonha os brasileiros e constrange o país perante o mundo. Levantamento publicado pela "Folha de S.Paulo" mostra que menos da metade das metas estipuladas na matriz de responsabilidades apresentada pelo Brasil à Fifa foram cumpridas. Das 167 intervenções anunciadas no documento, apenas 68 (41%) foram concluídas a tempo.

Outras 88 (53%) estão incompletas ou ficarão prontas após a Copa, enquanto 11 simplesmente não saíram do papel. Em relação às obras de mobilidade urbana, fundamentais para que as cidades não aprofundem um colapso já existente, somente 10% estão totalmente concluídas. A um mês do campeonato, três dos 12 estádios que serão utilizados sequer foram finalizados (em São Paulo, Curitiba e Cuiabá). A última estimativa sobre o custo das arenas aponta uma acintosa cifra de R$ 8,9 bilhões, mais que o triplo do orçamento inicial (R$ 2,6 bi).

Para se ter uma ideia do tamanho do prejuízo, esse montante é superior à soma do que Alemanha (R$ 3,6 bilhões)e África do Sul (R$3,2bi) gastaram com seus estádios nas duas últimas Copas do Mundo. Ao contrário da promessa de Lula de que o Brasil não gastaria um centavo de dinheiro público, a "Copa das Copas" deve se transformar na mais cara de todos os tempos, tendo consumido mais de R$ 30 bilhões em despesas governamentais.

Além da incompetência do PT, os interesses políticos do ex-presidente e sua incorrigível megalomania levaram o país a ter 12cidades- sedes, e não seis ou oito, o que seria mais racional. É evidente que esse inchaço tornou praticamente inexequível o cumprimento de todas as exigências impostas pela Fifa.

O resultado de tamanho desmantelo, com sucessivos atrasos, é risco iminente de o Brasil ser substituído como sede da próxima Olimpíada, no Rio de Janeiro, como já se começa a especular na imprensa. Ao que parece, o Comitê Olímpico Internacional (COI), que já acendeu sua luz amarela para 2016, é uma entidade um pouco mais séria e menos tolerante coma incúria lulopetista do que a Fifa.

A indignação que tomou conta das ruas em junho de 2013 e já começa a se espalhar novamente às vésperas da Copa é a prova de que a sociedade brasileira não agüenta mais ser enganada. O espetáculo farsesco protagonizado por Lula em 2007, ao vender o Mundial como a solução de todos os problemas do país, foi desmascarado por uma multidão que se revoltou com os bilhões torrados em estádios e exige o " padrão Fifa" em educação, saúde, segurança e no trato como dinheiro público.

Sete anos depois, o sonho de uma grande festa no país do futebol se transformou em pesadelo. Esperamos, pelo menos, que o Brasil seja campeão.

Roberto Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS

Dora Kramer: Serra no radar

• Aécio ainda pondera os prós e contras para composição da chapa

- O Estado de S. Paulo

Não há nada decidido, embora sejam verdadeiras as cogitações em torno do nome do ex-governador José Serra para compor a chapa presidencial do PSDB como candidato a vice de Aécio Neves.

Ciente da delicadeza do tema e do potencial de dano de uma expressão ou palavra posta fora do lugar, o senador mineiro não se estende em comentários a respeito.

Limita-se a dizer que mantém a posição de decidir a questão em meados de junho, o mais próximo possível da data da convenção do partido, marcada para o dia 14.

Serra, perguntado a respeito, simplesmente muda de assunto. Fato é, porém, que há algum fogo nessa fumaça. Diferente do boato que andou circulando sobre a hipótese de o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso vir a ocupar o lugar de vice, que nunca passou de falatório.

O que se depreende pelo ambiente no PSDB é que hoje uma composição entre Aécio e Serra seria possível, mas não de todo provável. Possível porque pessoas próximas ao ex-governador é que levantaram a lebre e não foram desestimuladas por ele. Ao menos não com veemência.

A interpretação decorrente disso foi a de que seria um sinal, em princípio, positivo para o entendimento. Consta ainda como mera probabilidade porque há variantes a serem examinadas. Prós e contras a serem examinados.

Um princípio está posto: não há portas fechadas. Mas há contas a serem feitas. Pragmáticas, com vistas a chegar à vitória. Se a conclusão for a de que o nome de José Serra é imprescindível para atrair de modo definitivo o eleitorado de São Paulo, a condição eleitoral objetiva estará dada.

Ocorre que não é o único ingrediente a ser pesado na balança. Ninguém nega, nem os mais próximos e fiéis aliados de Aécio Neves, que a figura de Serra faz sombra e que soaria muito mais natural a tentativa de 2010 com Aécio no lugar de vice do que o contrário.
Outro fator a ser considerado: em caso de o tucano ser eleito, como seria a convivência no governo? Não haveria uma tensão permanente, uma impressão de que Serra, por sua personalidade e atributos, é quem daria de fato as cartas na administração, deixando ao titular a tarefa da representação formal?

São conjecturas que se fazem no partido. Com muito cuidado, de maneira sutil, insinuada, com receio de num deslize fazer desandar uma articulação que se tiver de ser, será.

Lado bom. Nem tudo é desesperança na seara governista em relação à possibilidade de vitória da presidente Dilma Rousseff. Há quem procure se concentrar na imagem do copo meio cheio, em detrimento do copo meio vazio de água.

Por essa visão a candidatura oficial ainda transitaria por uma zona de conforto, contando com dois trunfos importantes a serem explorados no horário eleitoral: a divulgação dos feitos do governo e a exploração dos defeitos dos adversários.

Vacinação. Aparentemente é uma bobagem o embate travado no PSB sobre a retirada ou não da referência à "socialização dos meios de produção" do programa do partido, datado de 1947.

Afinal, tal tese já foi devidamente enterrada pela História e não seria crível que Eduardo Campos a incluísse em sua plataforma. Mas, os defensores da supressão alertam que todo o cuidado é pouco em relação a armadilhas muito comuns em campanhas eleitorais.

Citam exemplos. Dilma Rousseff nunca disse que adotaria medidas em favor da legalização do aborto enquanto presidente, mas sua posição pessoal a respeito do assunto foi usada contra ela em 2010. José Serra jamais se pronunciou a favor da privatização da Petrobrás. O que não impediu o PT de insinuar que sim.

A retirada daquele anacronismo do programa do PSB seria uma forma de prevenção contra eventual factoide para constranger o candidato.

Eliane Cantanhêde: Mal-estar e mau humor

- Folha de S. Paulo

O "Dia Internacional de Lutas contra a Copa" virou um dia nacional de mau humor contra um pouco de tudo e de reivindicações as mais diversas pelo país afora.

Sem-teto, sem-terra, metalúrgicos, garis, professores, estudantes, rodoviários, vigilantes, comerciantes, servidores de saúde, funcionários de universidades e, no caso mais grave, os PMs e bombeiros que deixaram Recife nas mãos de assassinos e saqueadores. Aliás, repetindo o que já tinha acontecido em Salvador bem no início da Semana Santa.

É difícil definir o que aconteceu nesta quinta-feira (15) no Brasil, com tantas categorias, tantas reivindicações, tantas reclamações, tantas intenções. Se há um ponto em comum é um mau humor generalizado.

É mais difícil ainda entender o que o ex-presidente Lula pretendeu ao dizer que a Copa no Brasil virou "objeto de feroz luta política eleitoral". Será que ele está acusando as oposições pelos protestos? Não faz sentido, como muitas coisas que Lula joga ao vento não fazem.

É também difícil tentar entender o comercial do PT num clima de mal- -estar generalizado, não só contra a Copa, mas em toda a parte e por motivos difusos: crimes hediondos, linchamentos, assaltos a rodo, depredações de ônibus, uma sensação de que tem alguma coisa errada.

A propaganda do partido do governo é pesada, ameaçadora, e só piora ainda mais o clima. É genialidade demais para nós, meros mortais --para quem alegria combina com continuísmo e mal-estar e mau humor projetam mudança.

As manifestações de quinta-feira, o vandalismo em Recife, a fala de Lula, o silêncio da oposição e a propaganda do PT só confirmam que, como em junho de 2013, o ambiente é confuso e não autoriza certezas. Algo grave está ocorrendo, mas o quê? Uma descrença nas instituições?

E o que todo mundo não consegue saber, inclusive os governos, é se isso vai explodir durante a própria Copa. Tudo indica que vai.

Míriam Leitão: A luz no dia difícil

- O Globo

O país parece tão confuso. Manifestações,greves, bloqueios de ruas, os estrangeiros chegando e nada pronto ainda. De repente, uma luz no noticiário: a Justiça Federal aceitou denúncia contra os envolvidos no atentado do Riocentro. Isso foi há muito tempo. Foi há 33 anos. Por que trazer de volta esse caso? Ele é um dos mais emblemáticos episódios da ditadura militar.

O que tem isso a ver com o desconforto de ficar horas para atravessar um engarrafamento que pode surgir a qualquer momento por causa de uma manifestação? Ou ter que sair andando por falta de transporte? Ter medo de ser apanhado por um rojão de bombas de gás? Toda essa agitação vai passar. Pode-se superar cada greve, cada movimento e protesto — até os mais oportunistas — preservando as leis do país.

Existem temores, sim. De que mais algum inocente seja atingido, de que a Polícia se exceda, de que os bandidos se aproveitem. Mas tudo será, mais dia menos dia, resolvido.

Há a preocupação com os retrocessos na economia que as decisões de controle de preço representam.

Há represamento de tarifas de energia e combustível, que é escondido através de gasto público ou perda de receita das empresas.

Cada solução que inventam tem produzido outro desajuste. No futuro, haverá correções sérias a serem feitas. Seria insensatez manter os atuais desequilíbrios minando a economia brasileira.

A grande certeza da democracia é que, mesmo defeituosa, ela acabará encontrando a sua maneira de amortecer as tensões, resolver os conflitos e eleger vencedores.

E uma ditadura, o que pode fazer? Programar um atentado num show de música para estudantes, num grande centro de convenções, que poderia matar inúmeros jovens. O atentado do Riocentro é emblemático.

Foi planejado já no fim do regime. Era apenas a contagem regressiva até o fim daquele governo infeliz de um general que gostava de cavalo, mas não de povo, e que pediu que o esquecessem.

Ele foi lembrado agora, quando este jornal trouxe à luz uma informação histórica: a de que a cúpula do governo fora informada de tudo. O próprio presidente Figueiredo soubera do atentado.

Não era correto definir os autores de atentados assim de “bolsões sinceros porém radicais”, como eles diziam. Havia bolsões sinceramente radicais na defesa do regime e acobertados pelos altos escalões.

Foi impressionante, aquele caso, pela longa impunidade, exibida nos jogos da praia, de Wilson Luiz Chaves Machado. Ele estava ao lado do sargento em cujo colo a bomba explodiu. E teve uma vida tranquila, certo da impunidade. Ele sempre foi blindado pelo Exército contra qualquer pergunta constrangedora. E sempre manteve o seu silêncio providencial. Os outros da lista dos que ontem se tornaram réus, como o general Newton Cruz, mostram que havia a cadeia de comando consciente de tudo o que faziam os bolsões.

A Lei da Anistia era usada como se fosse uma segunda blindagem nesse país tão pouco afeito a enfrentar seu passado. No caso, é tão estranho o uso desse argumento porque a Lei da Anistia é de 1979 e perdoava os crimes até então cometidos. O atentado do Riocentro não havia acontecido ainda, é de 1981. Uma lei pode perdoar um crime ainda não cometido no período de sua entrada em vigor? A Justiça Federal do Rio, em decisão histórica, aceitou denúncia do Ministério Público, tornou réus e abriu processos contra o coronel Wilson Machado e outros cinco acusados. A juíza Ana Paula Vieira de Carvalho considerou que aquele foi um crime contra a humanidade.

A decisão tão esperada chegou num dia de manifestações no Brasil, em que várias insatisfações vieram à tona. A coincidência ajuda a mostrar que, qualquer que seja o dia difícil numa democracia, ele será sempre melhor do que o Estado totalitário, em seu mais alto escalão, armar seus agentes e mandá-los sorrateiramente com bombas para explodir no meio de jovens que apenas assistiam um show musical. A bomba explodiu antes, mas o país teve que esperar 33 anos pela Justiça. E ontem foi apenas o primeiro passo.

Claudia Safatle: Mercado está atento à rejeição de Dilma

• Preços dos ativos indicam aposta no segundo turno

- Valor Econômico

É o aumento da rejeição da presidente Dilma Rousseff, e não a queda das intenções de voto, o que chama a atenção dos analistas de mercado para as pesquisas - tanto as realizadas pelos institutos e registradas na justiça eleitoral quanto às feitas por encomenda, para o consumo interno de algumas instituições financeiras. Segundo o Datafolha, em outubro o índice de rejeição dos eleitores à Dilma era de 27%. Caiu para 25% em novembro, subiu para 33% em abril e chegou a 35% em maio. Aécio Neves, candidato à Presidência da República pelo PSDB, e Eduardo Campos, pelo PSB, também apresentam elevados índices de rejeição, de 31% e 33%, respectivamente. Mas quando ela se revela sobre a pré-candidata conhecida e testada no governo há pelo menos três anos e meio, a informação é mais forte e a rejeição é de difícil reversão.

Tão importante quanto saber dos rumos da taxa de juros, da renda variável e do câmbio, agora, é tomar o pulso dos eleitores. Há, no mercado financeiro, economistas e analistas especializados na leitura de pesquisas.

O alto índice de rejeição da presidente seria um dos sinais mais contundentes de que haverá segundo turno e, provavelmente, com Aécio Neves na disputa. Se ele chegar às vésperas das eleições em queda, Dilma será reeleita. Mas se Aécio estiver em uma curva ascendente, as chances de ele ser vitorioso são grandes.

Várias outras possibilidades saem dos números, dependendo das combinações. Por exemplo, se a presidente e os votos nulos e brancos - em torno de 25% a 30%, enquanto o padrão seria de 9% - permanecerem nos patamares de hoje, Dilma poderia até ganhar no primeiro turno.

A rejeição de Dilma indica que aquele contingente é de eleitores da oposição. Trata-se de um quadro bem diferente da rejeição a um candidato que pouco se conhece, argumentam os analistas. Em resumo: "Um candidato à reeleição em geral só perde para si mesmo".

Essa é a visão que orienta a dinâmica dos mercados, hoje. "Se Dilma estivesse com o jogo ganho, certamente a Bolsa de Valores estaria mais baixa e os juros e o dólar mais altos", aposta uma fonte da área financeira que há anos acompanha as pesquisas eleitorais. Os preços dos ativos, por enquanto, não refletem a vitória nem a derrota da presidente. Eles vislumbram o segundo turno.

Os mercados, no Brasil, exercem muito pouca, praticamente nenhuma, influência nas intenções de voto da população. Do conjunto de pesquisas se extrai quatro grandes preocupações da sociedade - saúde, educação, segurança e corrupção. Esta última pela primeira vez está entre as maiores inquietações dos eleitores.

O debate que no momento ocupa o tempo dos pré-candidatos à Presidência estaria, na ótica desses analistas, totalmente descolado dos reais interesses do cidadão. Inflação, autonomia do Banco Central, represamento de preços administrados, política industrial, papel do BNDES na economia, são assuntos importantes para os agentes econômicos e caros ao mercado financeiro, mas de pouca serventia à conquista de votos. Assim como as críticas do ex-presidente Lula à mídia e o perigoso desejo de enquadrá-la ao sabor das suas ideias não sensibilizam o eleitor, que está mais interessado em saber quando diminuirão as filas dos hospitais públicos.

O consumidor percebe que a inflação está elevada, checa os preços a cada vez que vai ao supermercado. Mas ele está empregado, seu salário foi reajustados pela inflação passada mais um ganho real e o poder de compra está preservado. Portanto, acreditam esses economistas, não é a inflação que aumenta a rejeição da presidente Dilma.

Nesse aspecto, arriscam uma explicação: a nova classe média, que deixou a pobreza nos anos mais recentes, tem renda de US$ 15 mil mas demanda bens e serviços de trabalhadores com renda de US$ 30 mil por ano. Ela tornou-se mais seletiva, mais crítica e menos tolerante com a baixa qualidade dos serviços prestados pelo Estado. A disputa sobre quem vai melhor atender a essas novas necessidades, em um curto período de campanha, estimula o discurso populista. "Como a campanha começa mesmo depois da Copa do Mundo, não haverá tempo hábil para os candidatos firmarem um contrato com a sociedade, a não ser o do discurso populista", observou um analista.

No Palácio do Planalto, a determinação é de rebater todas as críticas que vierem da oposição e defender os quase quatro anos de governo Dilma. Cumprindo rigorosamente o "script", ministros e auxiliares graduados foram instados a procurar a imprensa para responder às críticas sobre o excesso de subsídios concedidos pelo governo em nome de uma suposta política industrial, sobre o gigantismo assumido pelo BNDES como um banco do Tesouro Nacional, assim como à política de represamento de preços de energia elétrica, combustíveis e tarifas de transportes urbanos.

Em relação à algumas dessas questões, as diferenças entre os pré-candidatos começaram a surgir. Eduardo Campos e Aécio apoiam a autonomia operacional do BC, estabelecida em lei, para que a autoridade monetária possa cumprir a meta de inflação. Segundo o presidente do PT, Rui Falcão, o partido é contra essa proposta. Aécio, em texto publicado no Valor no dia 2 de maio, feito em parceria com Armínio Fraga, considerou um "exagero" a política de concessão de recursos subsidiados pelo BNDES, em benefício de poucas empresas e em detrimento do restante da sociedade. O ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, saiu em defesa do banco e dos subsídios.

Esta semana, em entrevista à Folha de São Paulo, o ministro chefe da Casa Civil, Aloysio Mercadante, justificou o represamento de preços públicos como forma de proteção ao consumidor. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarou que não há preços represados. Os candidatos das oposições criticaram o modelo de gestão econômica do PT.

Pela leitura que analistas do mercado financeiro fazem das pesquisas, Dilma, Aécio e Campos não ganharam um voto sequer nessa discussão. As questões macroeconômicas, reiteram essas fontes, não vão definir as eleições deste ano.

Panorama político – Ilimar Franco

- O Globo

O discurso da mudança
Os tucanos pregam que a fadiga de material vai derrotar o PT nas eleições presidenciais. Os socialistas acreditam que essa fadiga é do PSDB também. E buscam convencer os eleitores de oposição de que eles são a mudança viável. Os petistas não se vêem como alvo do voto mudancista. Eles apostam no discurso de que nunca se mudou tanto e que é preciso impedir uma volta ao passado.

A vida como ela é
Aconteceu quarta-feira no Senado. Solenidade de promulgação de lei que indeniza os soldados da borracha — nordestinos que foram para o Norte do país extrair látex para atender aos aliados na Segunda Guerra Mundial. Na mesa, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB), que liderou a luta pela aprovação da lei. O ex-seringueiro Belizário Costa recebeu a palavra pelos beneficiários. Mas não agradeceu. Criticou a deputada dizendo que a indenização era uma mixaria. A senadora Ana Amélia (PP-RS) havia sugerido sua fala. Constrangida, ela não sabia que o deputado Gladson Cameli (PP) o havia instruído. Perpétua e Gladson disputam vaga para o Senado no Acre.

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“Se os protestos na Copa forem de massa, quem está no governo vai perder pontos. O prejuízo vale para os governos federal e estaduais”
Rodrigo Maia
Deputado federal (RJ) e ex-presidente do DEM
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A maioria
O presidente do PP, senador Ciro Nogueira, fez as contas. A presidente Dilma tem o apoio de 17 estados. Aécio Neves, de oito (RS, SC, RJ, MG, GO, AM, PA, AC). Eduardo Campos tem um (PE). E um dos estados, Sergipe, ainda está indefinido.

A escolha
Os tucanos continuam conversando com seus aliados no PSB, mas comemoram que melhorou muito o relacionamento com o PSD. Porém, avaliam que não será possível ter o apoio de ambos. Ocorre que tanto Gilberto Kassab (PSD), na foto, quanto Márcio França (PSB) querem a vice. A preferência do governador Geraldo Alckmin é por Kassab.

Abrindo espaço
Com um pé na reeleição de Luiz Fernando Pezão (PMDB) e outro em Lindbergh Farias (PT), o PDT emplacou mais um no governo do Rio. Ontem, Airton do Amaral deixou cargo do partido na Câmara para ser diretor na Cia. Docas do Rio.

Correndo pela pista
Metade das vagas (5.250) para decolagens e pousos de jatinhos na Copa já está reservada. A Secretaria de Aviação Civil ofereceu 10 mil slots. Não tem mais pista para os jogos do Brasil, a final, as duas semifinais e para Argentina x Nigéria, em Porto Alegre, dia 25 de junho. Estão ocupados os aeroportos das capitais e das cidades próximas.

Tudo pelo politicamente correto
O PSB decidiu encaminhar para sua Comissão de Ética o caso do deputado Pastor Eurico (PE). Ele reapresentou projeto, arquivado em 2013, sobre a “cura gay”. Seu gesto foi visto como provocação no comando da campanha de Eduardo Campos.

Os nanicos dos tucanos
Quatro partidos nanicos vão integrar a coligação de Aécio Neves (PSDB-DEM Solidariedade) ao Planalto. Na semana que vem, serão anunciados o PTdoB, o PTC, o PSL e o PTN. Destes, o PTdoB tem quatro deputados e 23 segundos na TV.

A PESQUISA ELEITORAL para presidente da República feita em São Paulo, citada ontem, não foi encomendada pelos tucanos, mas pelo PSB.