quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Opinião do dia: Marina Silva

Não me venha chamar de mentirosa. Mentira é quem diz que não sabe que tinha roubo na Petrobras, mentira é quem diz que não sabe o que está acontecendo na corrupção desse país. Mentira é quem diz que ia fazer 6 mil creches e só fez 400.

Marina Silva, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente. Discurso em S. Paulo, 30. de setembro de 2014.

Datafolha mostra acirramento entre Aécio e Marina pelo segundo lugar

Ricardo Mendonça – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Pesquisa Datafolha finalizada nesta terça (30) mostra tendência de acirramento da disputa pelo segundo lugar na corrida presidencial.

Enquanto a presidente Dilma Rousseff (PT) lidera isolada com 40%, sem alteração em relação ao levantamento anterior, as intenções Marina Silva(PSB) e Aécio Neves (PSDB) estão cada vez mais parecidas. A pessebista agora tem 25%, o tucano alcança 20%.

Na série do instituto, trata-se do quarto levantamento seguido com queda ou oscilação negativa de Marina. E também o quarto com variação positiva de Aécio.

No início de setembro, a vantagem da ex-ministra do Meio Ambiente sobre o senador mineiro era de 20 pontos (34% a 14%). Agora, a dianteira foi reduzida para 5 pontos. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos.

Em votos válidos (conta que não considera brancos e nulos), o placar do primeiro turno é Dilma com 45%, Marina com 28%, Aécio com 22%.

Outra novidade do levantamento é que Dilma ampliou sua vantagem sobre Marina na simulação de segundo turno. Se a etapa final entre as duas candidatas fosse hoje, o resultado seria 49% a 41% a favor da petista. Na semana passada, a situação ainda era de empate técnico (47% a 43%).

Contra Aécio, Dilma vence o embate final por 50% a 41% (55% a 45% em votos válidos).

O Datafolha ouviu 7.520 eleitores na segunda e nesta terça. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos. O nível de confiança é de 95% (em 100 levantamentos com a mesma metodologia, os resultados estarão dentro da margem de erro em 95 ocasiões). O registro da pesquisa no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é BR-00905/2014.

Marina volta a cair e já é ameaçada por Aécio

• Vantagem da candidata do PSB sobre tucano cai para 5 pontos no Datafolha e 6 no Ibope

Júnia Gama – O Globo

BRASÍLIA - Os principais institutos de pesquisa eleitoral, Ibope e Datafolha, divulgaram ontem novos levantamentos sobre a disputa presidencial que mostram a candidata do PSB, Marina Silva, em queda, com redução da distância para o terceiro colocado, Aécio Neves (PSDB), gerando incerteza sobre quem estará no segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff (PT). A candidata à reeleição continua à frente na preferência do eleitor, com cerca de 40% das intenções de voto. Em ambas as pesquisas, os dados coincidem, no primeiro turno, dentro da margem de erro. No segundo turno, os institutos apresentam números diferentes, mas que apontam tendências semelhantes. Marina Silva cai no primeiro e no segundo turno, enquanto Aécio diminui sua distância de Dilma na simulação de segundo turno.

Na pesquisa Datafolha, Dilma Rousseff se manteve em primeiro lugar, com os mesmos 40% das intenções de voto que detinha na sondagem anterior, divulgada sexta-feira passada. Marina Silva continuou em tendência de queda, oscilando negativamente de 27% para 25%. O terceiro colocado, Aécio Neves, subiu dois pontos, dentro da margem de erro, de 18% para 20%. Brancos e nulos somaram 5% e aqueles que não sabem em quem irão votar são outros 5%.

Para segundo turno, Dilma amplia vantagem
Na simulação de segundo turno, Dilma ampliou sua vantagem sobre Marina, enquanto Aécio cresceu, diminuindo sua distância da candidata petista. Contra Marina, Dilma Rousseff subiu de 47% para 49% das intenções de voto, enquanto a candidata do PSB foi de 43% para 41%. Assim, Dilma e Marina deixaram o empate técnico que tinham na semana passada. Já contra Aécio Neves, a presidente manteve 50% da preferência do eleitorado, enquanto o tucano cresceu de 39% para 41%, dentro da margem de erro.

O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, ao comentar o resultado da pesquisa, afirmou que, de acordo com as tendências apresentadas nos mais recentes levantamentos, de queda de Marina e crescimento de Aécio, fica mais difícil definir qual dos dois candidatos estará no segundo turno contra Dilma Rousseff.

- Há probabilidade maior de os dois (Marina e Aécio) chegarem muito próximos no dia da eleição. A gente tem verificado em seguidas eleições para governo do estado e prefeitura, não ainda na presidência, mudanças no dia da eleição, e às vezes as tendências se acentuam no final de semana da eleição - afirmou Paulino.

Na pesquisa Ibope, Dilma oscilou um ponto positivo em relação à pesquisa anterior, realizada há uma semana, e chegou a 39%. Já Marina Silva caiu quatro pontos entre as duas sondagens, de 29% para 25%, e Aécio Neves manteve 19% em ambas. Votos em branco e nulos foram 7% e aqueles que não souberam responder são também 7%. Os demais candidatos à Presidência somaram, juntos, 3% das intenções de voto.

Na simulação de segundo turno, o Ibope mostrou Dilma à frente da candidata do PSB, com 42% dos votos, contra 38% de Marina. No levantamento anterior, ambas as candidatas tinham exatos 41%. Na disputa entre Dilma e Aécio, a petista também venceria, com 45%, e o tucano teria 35%. Na pesquisa passada, Dilma tinha 46% e Aécio, 35%. O Ibope também simulou segundo turno entre Marina e Aécio. Nele, Aécio diminuiu em uma semana a distância para Marina em nove pontos. Na semana passada, Marina tinha 44%, contra 31% do tucano. Agora, a candidata do PSB marcou 38%, contra 34% do tucano.

A pesquisa do Instituto Datafolha, encomendada pela Rede Globo e pelo jornal Folha de S.Paulo, ouviu 7.526 entrevistados entre esta segunda e terça-feira. A pesquisa foi registrada no TSE sob o protocolo BR-00905/2014. O Ibope, na pesquisa em parceria com a Rede Globo, ouviu 3.010 eleitores, entre sábado e segunda-feira. O levantamento foi registrado no TSE sob o protocolo BR-00909/2014. A margem de erro, nas pesquisas de ambos os institutos, é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Dilma aponta 'desvio de caráter' de Marina

• Dilma afirmou que a ex-senadora mentiu ao dizer que votou a favor da contribuição

Luciana Nunes Leal, Márcio Dolzan, Mariana Salowicz, Idiana Tomazelli, Ricardo Galhardo, Vera Rosa e Carla Araújo - O Estado de S. Paulo

No ataque mais contundente até agora à adversária do PSB, Marina Silva, a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) voltou na tarde desta terça-feira ao tema da votação da CPMF e disse que a ex-ministra mentiu ao dizer que votou a favor da contribuição.

“Errar é humano. Mentir é desvio de caráter”, afirmou Dilma, em entrevista coletiva depois de receber apoio de um grupo de atletas no Rio de Janeiro. O tema da CPMF foi abordado por iniciativa da própria presidente. “Um presidente pode se equivocar, é humano, pode errar, se confundir. Mas uma coisa não pode: não pode mentir. No caso da CPMF, ao contrário do que a candidata Marina diz, nas duas ocasiões em que houve votação, para criar e para prorrogar, a candidata Marina votou não. Ela disse na minha frente e de todo o Brasil que tinha votado sim. Não é verdade.”

Na entrevista, a presidente comentou a alta do dólar e a queda da Bolsa decorrentes de pesquisas que mostram seu favoritismo frente a Marina. “Mercado financeiro é especulação. Alguém está ganhando dinheiro. Hoje é dia 30, estão lucrando. Especulam com a minha vitória, como fizeram com Lula.”

Antes, Dilma visitou, como presidente, as obras do Parque Olímpico, na Barra da Tijuca, na zona oeste. Depois, ela saiu do evento oficial e compareceu como candidata à reunião com os atletas. Mesmo no ato de campanha, a petista foi acompanhada pelo ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

No discurso proferido no ato político, Dilma prometeu um combate “sem trégua” à corrupção. “Além de três refeições por dia, acesso à casa própria e educação, um país tem que ter valores, tem que ter combate sem trégua à corrupção e tem que ter alma”, disse a presidente.

Olimpíadas. A petista ainda defendeu a manutenção do Ministério do Esporte. “Tem gente querendo acabar com o Ministério do Esporte. Sem o ministério, não teríamos avançado nessas políticas”, afirmou.

Repetindo o bordão usado na Copa do Mundo, ela disse que o Brasil vai organizar a “Olimpíada das Olimpíadas” em 2016.

De manhã, em Santos, no litoral paulista, Dilma voltou a usar o discurso do medo contra seus adversários. “No domingo a gente vai olhar para a urna e vai pensar: eu vou votar em quem tem experiência de governo ou em uma aventura?”, questionou.

Cercada por sindicalistas, na maioria portuários, Dilma enumerou os investimentos feitos na cidade, reiterou que não vai retirar direitos trabalhistas “nem que a vaca tussa” e, sem citar nomes, acusou adversários de agir contra o pré-sal. “Vou votar, isso em Santos é muito importante, a favor do desenvolvimento do pré-sal ou vou votar contra o pré-sal?”, indagou a presidente.

Durante o evento, uma caminhada pela região central da cidade, Dilma e o candidato do PT ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, mostraram que precisam afinar os discursos. Ao enumerar as obras federais na região, Dilma exaltou o VLT que ligará Santos a São Vicente.

“Aqui estamos investindo pesado em transporte urbano. É com dinheiro do governo federal que o VLT Santos-São Vicente é feito. Sem dinheiro do governo federal não saía o VLT”, afirmou Dilma. Já Padilha criticou a demora do governo Geraldo Alckmin para entregar a obra. “Por que é que ele (Alckmin) promete e promete o VLT e a única coisa que ele vem inaugurar aqui é uma coisa que não funciona?”

Marina: 'Mentira é dizer que não sabe de roubo na Petrobras'


• Marina ‘Eu não quero me parecer com essa gente’

• Ex-senadora ainda acusou Dilma Rousseff de mentir durante a campanha eleitoral

Julianna Granjeia e Sérgio Roxo – O Globo

SÃO PAULO. No discurso mais agressivo da campanha, a candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, acusou a presidente Dilma Rousseff de mentir. Ao fazer críticas à forma como petistas estão trabalhando contra sua candidatura, a ex-senadora foi ainda mais dura:

— Eu não quero me parecer com essa gente

A presidenciável rebateu a acusação da petista de que mentiu quando disse que votou a favor da CPMF no Senado.

— Não me venha chamar de mentirosa. Mentira é quem diz que não sabe que tinha roubo na Petrobras, mentira é quem diz que não sabe o que está acontecendo na corrupção desse país. Mentira é quem diz que ia fazer 6 mil creches e só fez 400.

Para mostrar que a sua candidatura representa os diversos segmentos da sociedade, Marina se reuniu com simpatizantes da sua candidatura nesta terça-feira em são paulo. No evento, discursaram líderes estudantis, ambientalistas, políticos e militantes LGBT.

— Nunca pensei que uma mulher poderia permitir que pudessem fazer o que estão fazendo para destruir a biografia de outra mulher — disse ela.

O discurso foi feito ao lado de seu vice, Beto Albuquerque, durante gravação do programa eleitoral da campanha. De tão inflamado, a candidata, que já vinha sofrendo com rouquidão, voltou a ficar afônica e não deu a entrevista coletiva que estava prevista após o evento.

Antes de sua fala, dezenas de simpatizantes deram seu apoio à candidata para a gravação. Entre os presentes, o cantor Arnaldo Antunes, o ex-diretor do Banco Central Luis Fernando Figueiredo, o ex-secretário nacional de segurança pública Luiz Eduardo Soares e a coordenadora da campanha Neca Setúbal.

Marina disse ainda que sua fragilidade diante dos ataques a diferencia dos petistas.

Dilma e Marina aumentam o tom das críticas recíprocas

• Petista acusa adversária de "desvio de caráter", e candidata do PSB diz que não quer "se parecer com essa gente"

Julianna Granjeia, Marco Grillo, Maria Lima e Rafael Galdo – O Globo

BRASÍLIA, RIO e SÃO PAULO - A presidente Dilma Rousseff e a candidata do PSB à Presidência, Marina Silva, subiram o tom ontem nas críticas recíprocas. No Rio, onde participou de um encontro com atletas e dirigentes esportivos, a petista acusou a adversária de ter "desvio de caráter" e voltou a afirmar que ela mentiu sobre a posição na votação da CPMF. Em São Paulo, Marina afirmou que "mentirosa é quem diz que não sabe que tinha roubo na Petrobras", em relação ao suposto esquema de corrupção na estatal.

A artilharia petista vai continuar: em uma inserção programada para a televisão hoje, o programa de Dilma vai mostrar uma foto sombria de Marina, ladeada pelos ex-senadores Jorge Bornhausen e Heráclito Fortes, hoje no PSB, enquanto o locutor dirá que a candidata "agora anda com gente da ditadura (militar)". Enquanto a imagem é exibida, o locutor classifica os dois políticos como "representantes dos ruralistas e dos banqueiros". Na semana passada, a presidenciável participou de um ato político, de mãos dadas com o deputado Paulo Bornhausen, filho de Jorge e candidato do PSB ao Senado em Santa Catarina.

Ontem, ao final da entrevista coletiva e sem ser questionada a respeito, Dilma atacou Marina:

- Eu acho que um presidente pode se equivocar, errar e se confundir. Só tem uma coisa que um presidente não pode fazer: mentir. O jornal O GLOBO e nós (campanha) levantamos que, nas duas ocasiões em que houve votação para criar a CPMF e para prorrogá-la, a candidata Marina votou não. E disse, na minha frente e de todo o Brasil, que tinha votado sim. Eu acredito que é muito importante que as pessoas assumam o que fazem. Errar é humano. Mentir é desvio de caráter.

Logo depois, a campanha de Dilma usou o Facebook para reforçar a crítica à adversária, com uma foto, a frase "Errar é humano, mentir é desvio de caráter", e a hashtag #peganamentira.

Durante o discurso no encontro com atletas, a presidente já havia criticado Marina, mas sem citar o nome da adversária. Dilma afirmou que "tem muita gente dizendo que a gente não deve ter Ministério do Esporte", em referência à sabatina de Marina no GLOBO, quando a presidenciável não garantiu a continuidade da pasta em um eventual governo.

- Queria fazer uma reflexão. Se não tivéssemos o Ministério do Esporte, não tínhamos avançado tanto em algumas políticas para os esportes - disse, ao lado do ministro do Esporte, Aldo Rebelo.

Durante o evento, a judoca Rafaela Silva leu um manifesto dizendo que "acabar com o Ministério do Esporte ou anexá-lo a outra pasta seria um retrocesso inadiável". Segundo a campanha petista, mais de cem atletas já assinaram o documento, mas o número ainda não está fechado porque há a expectativa de mais adesões.

Ao mesmo tempo, em São Paulo, Marina fez seu discurso mais agressivo contra Dilma e rebateu a acusação de que mentiu quando disse que votou a favor da CPMF no Senado.

- Não me venha chamar de mentirosa. Mentirosa é quem diz que não sabe que tinha roubo na Petrobras, mentirosa é quem diz que não sabe o que está acontecendo na corrupção deste país. Mentirosa é quem diz que ia fazer seis mil creches e só fez quatrocentas.

"Pior fraqueza é fazer o jogo do dominador"
Ao criticar a forma como petistas estão trabalhando contra sua candidatura, a ex-senadora foi ainda mais dura. Comentou que a "pior fraqueza" é aquela em que "você fere e, depois, diz: "engula o choro"".

- Amanhã vão dizer que "ela é fraca", "ela se emociona", "ela não serve para governar o Brasil". Mas a pior fraqueza é fazer o jogo do dominador e se integrar a ele para parecer com ele. Eu não quero me parecer com essa gente.

Marina lembrou ainda que comemorou quando o país elegeu a primeira mulher presidente, em 2010, mas lamentou os acontecimentos recentes:

- Nunca pensei que uma mulher poderia permitir que pudessem fazer o que estão fazendo para destruir a biografia de outra mulher.

Marina participou de um evento com líderes estudantis, ambientalistas, políticos, um índio, um deficiente físico e um militante LGBT, além do cantor Arnaldo Antunes, do ex-diretor do Banco Central Luís Fernando Figueiredo, do ex-secretário nacional de Segurança Pública Luiz Eduardo Soares e da coordenadora da campanha, Neca Setúbal.

Já Dilma contou com as companhias do ex-lateral Cafu, do iatista Torben Grael, dos ex-jogadores de vôlei Marcelo Negrão e Maurício, do atleta paralímpico Leonardo Curvelo e de dirigentes esportivos como o presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley, e do presidente do Clube Pinheiros, Luís Eduardo Dutra. Diversos atletas que recebem incentivos do governo federal, como o Bolsa-Atleta, também participaram do ato.

Dilma afirmou que o Brasil vai realizar a "Olimpíada das Olimpíadas", em referência à "Copa das Copas", frase dita por ela sobre o Mundial de 2014. Antes do encontro, a presidente visitou o Parque Olímpico, na Barra, acompanhada do governador do Rio e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB), do prefeito Eduardo Paes e de diretores do Comitê Olímpico Internacional (COI). Segundo Dilma, as obras para as Olimpíadas estão no andamento adequado. A presidente prometeu, caso reeleita, criar uma universidade federal voltada para o esporte de alto rendimento. Segundo a presidente, a faculdade será construída no Parque Olímpico, obra em construção para as Olimpíadas de 2016.

- É uma universidade que vai servir de centro de referência para todo o Brasil e desenvolver a ciência esportiva - afirmou, defendendo que os programas que distribuem recursos para atletas sejam transformados em "políticas de estado".

Depois de mais um dia intenso de campanha - antes de vir ao Rio, Dilma participou de um evento em Santos, São Paulo -, Dilma estava afônica e brincou sobre as falhas na voz:

- Sabe aquilo que acontece em São Paulo com a Cantareira? Eu estou usando volume morto.

O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, também esteve no Rio e foi ao Mercadão de Madureira, na Zona Norte. Sem o governador Pezão - que esteve ao lado de Dilma, mas também é o candidato apoiado pelo PSDB no Rio -, o senador centrou fogo contra as duas adversárias . De acordo com ele, os investimentos deixaram de vir para o Brasil e não se sabe o que esperar de um futuro governo petista, que acusou de ser intervencionista.

- Sinalizei de forma muito clara quem será o meu futuro ministro da Fazenda (Armínio Fraga) se vencer as eleições, exatamente para mostrar o caminho que perseguiremos, de resgate dos investimentos, de credibilidade da nossa economia. O máximo que a atual presidente e candidata conseguiu fazer foi anunciar quem será o seu futuro ex-ministro da Fazenda - atacou, em referência à decisão de que Guido Mantega deixará o ministério num eventual novo governo petista.

Já sobre Marina, afirmou que a candidata não adquiriu condições de governabilidade:

- A impressão que se tem sempre é que ela está a olhar sobre a cerca de sua propriedade para tentar enxergar no terreno, na grama do vizinho, algum fruto mais vistoso ou qualificado para que possa, num eventual futuro, fazer parte do seu pomar.

No Rio, Aécio diz que seu programa é 'mais bem elaborado'

• Tucano prometeu simplificar o sistema tributário na primeira semana de sua gestão caso seja eleito

Rafael Galdo – O Globo

RIO — O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, respondeu nesta terça-feira as críticas sobre a divulgação de seu programa de governo por partes na última semana de campanha antes do primeiro turno das eleições. Segundo ele, o programa de sua candidatura seria o mais "bem elaborado". Ele afirmou que já divulgou, por exemplo, suas propostas para região Nordeste, para o agronegócio, projeto para a indústria, sustentabilidade e também para a segurança pública, com redução da maioridade penal para crimes hediondos. Ainda segundo o tucano, nesta terça-feira apresentará suas propostas para gestão do Estado e, na quarta-feira, para a área social.

— Ninguém tem um programa mais bem elaborado, bem acabado e discutido com propriedade do que o nosso — garantiu.

O candidato visitou nesta manhã o Mercadão de Madureira, um dos principais centros de comércio popular da cidade, na Zona Norte do Rio, onde deu entrevista para a rádio local. Ele caminharia pelos corredores do centro comercial, mas devido ao grande tumulto que se formou, decidiu recuar, para garantir a segurança. Antes de ir embora, em entrevista coletiva, Aécio focou seu discurso na política econômica, principalmente nos incentivos aos pequenos e microempreendedores. O candidato prometeu que na primeira semana de um eventual governo enviará ao Congresso uma proposta de simplificação do sistema tributário brasileiro.

— Ele (o sistema) é oneroso, não apenas no nível de impostos que cobra. É extremamente alta a nossa carga tributária. Mas é oneroso também na complexidade do pagamento desses impostos — avaliou Aécio, que acrescentou:

— Quero reassumir meus compromissos com o crescimento da economia brasileira. Só crescendo vamos gerar empregos e renda. Vamos ter tolerância zero com a inflação. Quero permitir, com a simplificação do nosso sistema tributário e também com a desburocratização da vida das empresas, que cada vez mais o empreendedor possa ousar, contratando gente e ampliando seus negócios — disse ele, lembrando que o Simples foi criado no governo do PSDB.

Críticas às adversárias
No evento, Aécio esteve acompanhado por lideranças políticas de sua coligação no Rio, como os deputados federais Otávio Leite (PSDB) e Indío da Costa (PSD) e os deputados estaduais Jorge Picciani (PMDB) e Luiz Paulo (PSDB). No entanto, não contou mais uma vez com a participação do candidato ao governo do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), que se encontrará novamente nesta tarde com a presidente Dilma Rousseff (PT), sua adversária. Quem representou a chapa do peemedebista no encontro foi seu candidato a vice, Francisco Dornelles (PP). Interlocutores da campanha tucana afirmaram, no entanto, que não existe um mal estar com a situação, já que desde o início da corrida eleitoral estava clara a simpatia de Pezão por Dilma. Um deles chegou a afirmar que "os generais estariam com Dilma, mas todos dos coronéis para baixo estão com Aécio".

Com o crescimento nas pesquisas, Aécio centrou fogo contra suas duas principais adversárias, Dilma Rousseff e Marina Silva (PSB). Ele voltou a criticar duramente o governo do PT em questões como a gestão econômica. Sobre Marina, afirmou que a candidata não adquiriu condições de governabilidade:

— A impressão que se tem sempre é que ela está a olhar sobre a cerca de sua propriedade para tentar enxergar no terreno, na grama do vizinho, algum fruto mais vistoso ou qualificado para que possa, num eventual futuro, fazer parte do seu pomar.

Em vídeo, deputado diz que 'tem dedo forte dos petistas dos Correios' na campanha de Dilma

• Em reunião em Minas, Durval Ângelo (PT-MG) atribui desempenho da presidente nas pesquisas de intenção no Estado à 'contribuição' da empresa; imagens foram obtidas pelo 'Estado'

Andreza Matais e Fábio Fabrini - O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Numa reunião com dirigentes dos Correios em Minas Gerais, com a presença do presidente da empresa pública, Wagner Pinheiro, o deputado estadual Durval Ângelo (PT-MG) afirmou que a presidente Dilma Rousseff só chegou a "40%" das intenções de votos em Minas Gerais porque "tem dedo forte dos petistas dos Correios". Um trecho gravado da reunião, realizada na última quinta-feira, foi obtido pelo Estado. "..Se hoje nós temos a capilaridade da campanha do [Fernando] Pimentel [candidato do PT ao governo de Minas] e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é graças a essa equipe dos Correios." O deputado diz, ainda, que "a prestação de contas dos petistas dos Correios será com a vitória do Fernando Pimentel a governador e com a vitória da Dilma".

Todo discurso é acompanhado pelo presidente dos Correios, Wagner Pinheiro, que não se manifesta no trecho ao qual o Estado teve acesso. Pinheiro está sentado à mesa ao lado do deputado Durval Ângelo e não o interrompe. O parlamentar, que integra o Diretório Nacional do PT e é coordenador político da campanha de Pimentel, pede ao presidente dos Correios que informe à direção nacional do partido sobre "a grande contribuição que os Correios estão fazendo" nas campanhas.

"... A Dilma tinha em Minas Gerais, em alguns momentos, menos de 30%. Se hoje nós estamos com 40% em Minas Gerais tem dedo forte dos petistas dos Correios. Então, queremos que você leve à direção nacional do PT, que eu também faço parte do diretório, mas também à direção nacional da campanha da Dilma, a grande contribuição que os Correios estão fazendo." E prossegue: "Muitos companheiros tiraram férias, licença, que têm como direito, ao invés de estarem com suas famílias passeando, estão acreditando no projeto."

O deputado diz, na gravação, ter uma "parceria antiga com gigantes que representam os Correios" e cita nominalmente o diretor regional dos Correios em Minas Gerais, Pedro Amengol, o assessor do gabinete da diretoria, Lino Francisco da Silva, e o gerente regional de vendas dos Correios, Fábio Heládio, os três ligados ao PT. '"...No dia da reunião que nós tivemos no hotel [da qual participou Pimentel], o Helvécio [Magalhães, coordenador da campanha do petista] falou: "Vou reunir com a equipe ainda esta semana e vamos liberar a infraestrutura. E, se hoje nós temos a capilaridade da campanha do Pimentel e da Dilma em toda Minas Gerais, isso é graças a essa equipe dos Correios.""

O deputado contou que várias reuniões foram realizadas no Estado por funcionários dos Correios para trabalhar pelas campanhas: "Os Correios trabalharam com as 66 mesorregiões [de Minas]. Fizemos reuniões em todas e nas macrorregiões, regiões assim como Governador Valadares, com 40 cidades, assim como 30 cidades do Sul, em Viçosa tinha 70 cidades. Onde eu tive perna eu fui acompanhando."

Na última semana, o Estado revelou que os Correios abriram uma exceção para entregar, sem chancela, 4,8 milhões de folders da campanha de Dilma Rousseff no interior de São Paulo. A chancela ou estampa digital serve como comprovação de que o material entregue pelos carteiros foi realmente postado nos Correios e distribuído de forma regular, mediante pagamento. Dez partidos de oposição também foram beneficiados com a exceção para enviar 927,7 mil unidades sem chancela.

Outro lado. Wagner Pinheiro, afirmou, via assessoria, que "os Correios não estão contribuindo com a campanha de qualquer candidato". Ele confirmou que participou da reunião em Minas Gerais na quinta-feira, que disse ter ocorrido após cumprir agenda de trabalho. "A reunião não ocorreu durante o expediente e a empresa não custeou despesas relacionadas a ela."

Após a publicação da reportagem no portal estadao.com.br, na tarde desta terça, os Correios divulgaram nota na qual afirmaram que “as alusões feitas na matéria sobre participação de pessoas ligadas aos Correios em atividades político-partidárias jamais podem ser entendidas como atuação da empresa". E complementam: “A participação de algum profissional, como cidadão, nessa ou em outra atividade, fora do âmbito dos Correios e fora do seu expediente de trabalho, diz respeito à pessoa e não à empresa".

A empresa reforçou que sua atuação no processo eleitoral “restringe-se à prestação de serviços, regularmente previstos". O deputado Durval Ângelo (PT) disse que “assinava embaixo” a nota oficial dos Correios, sem dar outras explicações.

A assessoria de campanha da presidente Dilma Rousseff afirmou: “A campanha não mobiliza funcionários da empresa. A única relação da campanha com os Correios ocorre mediante prestação de serviços pagos, como já informado anteriormente ao Estado de S. Paulo".

A campanha de Fernando Pimentel disse que ele tem recebido apoio de vários segmentos de servidores em Minas, incluindo os Correios. “É algo corriqueiro na campanha." Na última semana, Pimentel esteve com funcionários da estatal num encontro organizado pelo diretor dos Correios em Minas, Pedro Amengol. “Demonstramos o apoio do coletivo de trabalhadores e trabalhadoras dos Correios, que está organizado há mais de dez anos no Estado", disse Amengol, conforme o site da campanha. Amengol não se pronunciou nesta terça.

Ministro do STF vê organização criminosa na Petrobras

André Guilherme Vieira e Maíra Magro – Valor Econômico

CURITIBA e BRASÍLIA - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki reconheceu o envolvimento de "várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais superiores, inclusive parlamentares" e de pessoas físicas e jurídicas em seu despacho de homologação da delação premiada de Paulo Roberto Costa, cujas 26 cláusulas agora chanceladas pelo relator da operação Lava-Jato na Suprema Corte, reconhecem a ocorrência de "vantagens econômicas ilícitas oriundas dos cofres públicos, distribuídas entre diversos agentes públicos e particulares".

Segundo Zavascki, com a investigação "foi possível identificar um conjunto de pessoas físicas e jurídicas envolvidas em operações ilícitas, entre as quais as utilizadas inclusive para lavar dinheiro oriundo de crimes antecedentes praticados em detrimento da Petrobras S.A", destacou o relator da matéria no STF.

Segundo o termo que totaliza 16 páginas, "essas apurações estão relacionadas à atividade do réu Paulo Roberto Costa que, enquanto diretor de Abastecimento da Petrobras e mesmo após, atuou como líder de organização criminosa voltada ao cometimento de fraudes em contratações e desvio de recursos em diversos âmbitos e formas, totalizando dezenas de milhões de reais, tendo sido a vantagem distribuída entre diversos agentes, públicos e privados, em grande parte ainda não identificados", ressalta a autorização para a colaboração premiada, assinada por quatro integrantes da força-tarefa de procuradores da República, por Costa e por sua defensora, Beatriz Catta Preta.

O documento de 26 páginas é resultado de 15 dias ininterruptos de depoimentos do ex-executivo, que totalizam mais de 180 horas de declarações feitas por Costa na sede da Polícia Federal de Curitiba, na presença de delegados, de um procurador da República e de sua advogada.

De acordo com o estabelecido na delação, a abrangência da Lava-Jato deverá ter caráter de investigação nacional: "(...) a necessidade de conferir efetividade à persecução criminal de outros criminosos e ampliar e aprofundar, em todo o país, as investigações em torno de crimes contra a administração pública, contra o sistema financeiro nacional, crimes de lavagem de dinheiro e crimes praticados por organizações criminosas, inclusive no que diz respeito à repercussão desses ilícitos penais na esfera cível, tributária, administrativa, disciplinar e de responsabilidade", considera.

"Agora começa uma nova etapa da investigação, ampliada, que, com base nas informações de Costa, aprofundará muito mais o assunto", disse ao Valor PRO a advogada Beatriz Catta Preta, responsável pela negociação dos termos da delação de Costa. "Foram duas reuniões com os investigadores para definirmos que haveria a colaboração do meu cliente", contou.

Segundo Beatriz, um dos requisitos dos quais os responsáveis pela Lava-Jato não abrem mão é sobre a absoluta confidencialidade do teor de tudo o que foi pormenorizado por Costa: "Confesso a você que é a primeira delação de que participo e saio de mãos vazias", admite a defensora. "Não tenho cópia, pode acreditar", assegura.

O Valor PRO apurou que os mencionados como praticantes de crimes no esquema Costa/Petrobras/Youssef só terão ciência do conteúdo da delação depois de oficialmente citados como investigados: "Não poderia ser diferente. Dar ciência ao suspeito de que ele é investigado obstruiria a investigação. Isso me parece óbvio", esclarece um investigador diretamente envolvido na Lava-Jato.

Em uma das cláusulas fica expresso que Costa usará a tornozeleira eletrônica até o trânsito em julgado dos processos a que responde. "A avaliação da produtividade do acordo, para fins de fixação do tempo de regime semiaberto a cumprir, entre zero e dois anos, será feita pelo juízo com base em relatórios a serem apresentados pelo Ministério Público e pela defesa e deverá tomar em consideração fatores tais (...) como valores recuperados no Brasil e no exterior".

Os parentes do ex-diretor da Petrobras também receberão proposta para delatar o que souberem.

Terça-feira de ataques e contra-ataques

- Zero Hora (RS)

Aécio : "Intervencionista e sem condição de governar"

Em uma rápida e tumultuada visita na manhã de ontem ao Mercadão de Madureira, tradicional centro popular de compras na zona norte do Rio, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, concentrou os ataques no governo de Dilma Rousseff (PT). Aécio ficou apenas 50 minutos no Mercadão e não percorreu as lojas. Ao chegar , foi cercado por dezenas de pessoas, a maioria cabos eleitorais com uniformes padronizados. Predominavam bandeiras do governador do Rio e candidato à reeleição , Luiz Fernando Pezão , e do candidato a deputado federal Marco Antonio Cabral, filho do ex-governador Sérgio Cabral, todos do PMDB. O tucano afirmou que apenas sua candidatura "tem condições de derrotar o PT no segundo turno".

– O ano de 2015 será muito difícil para qualquer que seja o presidente, mas será muito pior se não for com a nossa eleição – afirmou Aécio. Ele se disse preparado para encerrar o que descreveu como um "ciclo de inflação alta, crescimento baixo e escândalos que não param". O candidato também voltou a defender a redução da maioridade penal e o corte de ministérios: – Vou acabar com metade dos atuais ministérios. É uma vergonha o Brasil ser hoje administrado por quase 40 ministérios para atender à companheirada. Ao atacar o PT, Aécio chamou o governo Dilma de "intervencionista". Depois, também mirou em Marina, a quem criticou indiretamente . – Temos uma outra candidata que infelizmente não adquiriu condições de governabilidade – declarou.

Dilma: "Errar é humano. Mentir é desvio de caráter"

Em um dos ataques mais contundentes contra a adversária do PSB, Marina Silva, desde o início da campanha eleitoral, a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT), afirmou que a rival tem "desvio de caráter". O tema era a CPMF . Dilma reiterou que a ex -senadora mentiu ao dizer que votou a favor da contribuição . – Errar é humano. Mentir é desvio de caráter – afirmou, após receber o apoio de um grupo de atletas na capital fluminense. O tema da CPMF foi abordado por iniciativa da própria presidente: – Um presidente pode se equivocar, é humano, pode errar, se confundir. Mas uma coisa não pode: não pode mentir. No caso da CPMF , ao contrário do que a candidata Marina diz, nas duas ocasiões em que houve votação, para criar e para prorrogar, a candidata votou não.

Ela disse na minha frente e de todo o Brasil que tinha votado sim. Não é verdade. É muito importante que as pessoas assumam o que fazem – completou. Na entrevista, a presidente comentou a alta do dólar e a queda da bolsa: – Mercado financeiro é especulação. Alguém está ganhando dinheiro. No Rio, Dilma participou de uma visita às obras do Parque Olímpico. Depois, esteve em um evento com atletas que a apoiam. Durante o ato político, Dilma prometeu um combate "sem trégua" à corrupção: – Além de três refeições por dia, acesso à casa própria e educação, um país tem de ter valores, tem que ter combate sem trégua à corrupção .

Marina: "Não me venha chamar de mentirosa "

A candidata do PSB Marina Silva fez um dos discursos mais inflamados de sua campanha, rebateu as críticas da presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff (PT). – Não me venha chamar de mentirosa. Mentira é quem diz que não sabe que tinha roubo na Petrobras, mentira é quem diz que não sabe o que está acontecendo na corrupção deste país, mentira é quem diz que ia fazer 6 mil creches e só fez 400 – afirmou Marina, durante evento com apoiadores em São Paulo . – O que estou dizendo aqui não é nenhuma mentira contra a nossa presidente – completou. Marina chorou ao falar dos ataques que vem sofrendo por parte do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A campanha de Dilma tem explorado a imagem de que a adversária é frágil e não teria firmeza para governar .

– Amanhã vão dizer que "ela é fraca", "ela se emociona". A pior fraqueza é fazer o jogo do dominador e se integrar a ele para parecer com ele. Eu não quero me parecer com essa gente – disse Marina. A candidata lembrou que, mesmo após sua derrota em 2010 – quando foi candidata à Presidência pelo PV e recebeu cerca de 20 milhões de votos – "celebrou" o fato de o país ter eleito a primeira mulher presidente. No entanto, acusou Dilma de agora ajudar a "destruir" sua "biografia honrada": – Nunca pensei que uma mulher pudesse permitir fazer o que estão fazendo para destruir a biografia honrada de uma outra mulher . Marina se diz vítima de uma "campanha de boatos e mentiras" do PT, partido ao qual foi filiada por 24 anos .

Marina culpa Dilma por corrupção na Petrobras

• Candidata do PSB acusa a presidenta de mentir quando disse que não sabia de desvios

Leonardo Fuhrmann – Brasil Econômico

A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, acusou a presidenta Dilma Rousseff (PT), que busca a reeleição, de mentir ao afirmar que não sabia sobre os eventuais desvios de dinheiro na Petrobras durante assuas gestões no Ministério de Minas e Energia e no principal cargo do País. "É mentira quem diz que não sabia que tinha roubo na Petrobras", discursou ontem em São Paulo, para uma plateia composta por integrantes de movimentos sociais, líderes religiosos, acadêmicos e empresários que defendem sua candidatura. Ainda no ataque contra a atual mandatária, Marina disse que a campanha de Dilma é "mentirosa" e compreendeu de forma equivocada a votação da candidata pessebista a respeito da criação da CPMF (Contribuição Provisória sobre a Movimentação Financeira). "Quem não foi nem vereadora e vira presidente do Brasil não entende nada da coisa", prosseguiu em sua fala a militantes.

A ex-senadora também acusou a petista de "comer pela boca do marqueteiro", em menção a João Santana, responsável pela campanha da reeleição. "Ajudei a eleger uma mulher, mas nunca imaginei que ela poderia tentar destruir a honra de outra mulher", afirmou. Até agora, a candidata evitava declarar publicamente em quem votou no segundo turno das eleições presidenciais de 2010. Ela participou da disputa pelo PV, mas terminou na terceira colocação, atrás de Dilma e do ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB). Depois de fazer as declarações, a candidata cancelou a entrevista coletiva que daria em seguida. Alegou estar sem voz. De olho em um possível segundo turno, Marina já acirrou a polarização com Dilma, assim como já vinha fazendo a petista. Presente ao encontro, o deputado federal Alfredo Sirkis (PSB-RJ) afirmou que o segundo turno é uma eleição diferente e será o momento de discutir se os eleitores querem manter o governo da presidenta ou trocá-la. Ele chegou a afirmar que considera normal uma aproximação com o PSDB, do presidenciável Aécio Neves. "Eles nem se atacaram tanto assim". Apesar de estar otimista, Sirkis afirmou que é impossível ter certeza que Marina estará no segundo turno.

Luiz Sérgio Henriques: Além da 'antropofagia dos anões'

• A ativação de forças das oposições será vital para ocupar um lugar vazio, o da esquerda democrática

- O Estado de S. Paulo

Praticamente desde o começo do ciclo petista, de modo intermitente e nem sempre por motivos razoáveis, pois, afinal, o poder está em jogo em eleições regulares, tem vindo à tona o fantasma de possíveis dificuldades para o cumprimento de um requisito mínimo da política democrática, a saber, a alternância no poder. Não propriamente que algum dirigente do partido dominante brandisse armas do arcaico arsenal da velha esquerda revolucionarista - não reformista! -, como a "ditadura do proletariado" ou as "democracias populares", as quais, uma vez instaladas, exigiriam a ruptura definitiva com o passado das respectivas sociedades e instaurariam uma realidade radicalmente nova - um modo de produção dito socialista - que não permitisse recuo ou reversão, a não ser pela via catastrófica da contrarrevolução e da guerra civil.

Evidentemente, nenhuma estratégia desse tipo era, ou é, possível na circunstância brasileira, e, ainda que o fosse, por certo não seria nem remotamente desejável. Mesmo assim, aqui e ali surgiram alusões a uma hipótese de "mexicanização", entendendo-se por isso o prolongado domínio de um partido da "revolução institucional", cujos movimentos de enquadramento oficialista da sociedade, decapitação de forças conservadoras e ocupação muitas vezes destruidora das instituições o deixassem praticamente sozinho em cena aberta, sem adversários capazes de propor o rodízio no poder, com aliados em posição subalterna e o sistema de freios e contrapesos abalado.

O partido dominante - afirmou-se em diferentes ocasiões - tinha menos um projeto de governo do que um projeto de poder; menos um programa de reformas sociais, num sentido simultâneo de mais liberdade e mais igualdade, do que a ideia de se manter por tempo indefinido à frente do Estado, valendo-se de maciços recursos do poder para "fazer amigos" e reduzir inimigos a sparrings de conveniência, marcados para perder.

De fato, uma parte desse diagnóstico pôde buscar amparo em elementos da ideologia e da ação prática do petismo, ainda alimentados pela incompletude, nesse partido, da mudança imposta pela realidade às esquerdas de todo o mundo em fins do século passado: na formulação de Norbert Lechner, a transição do paradigma revolucionário, tão em voga nos anos 1960, para o democrático, que traz em si, essencialmente, a exigência de compatibilizar hegemonia e pluralismo, programação econômica e mercado, ativismo estatal esclarecido e respeito às múltiplas dimensões e a atores da sociedade civil e da sociedade política.

Outra parte do diagnóstico, porém, provém de uma segunda ordem de problemas. A anomalia "mexicana" contou, para se estabelecer e consolidar, com a fraqueza de outras forças da esquerda moderada, e mesmo da centro-esquerda, que, não compreendendo a natureza do desafio apresentado pelo principal esteio daquela anomalia, se deixaram conduzir de modo mais ou menos inerme à posição de adversários convencionais, batidos em eleições nas quais se apresentaram internamente conflagrados e destituídos de laços "orgânicos" com uma sociedade que se modificava aceleradamente, com alterações vistosas no mercado de trabalho, nos padrões de consumo, nas expectativas sobre o setor público como provedor de serviços essenciais.

Definitivamente, partidos de notáveis, com vida interna restrita às ocasiões eleitorais, não são páreo para um partido de massas (originalmente de massas), com vocação para se apossar das estruturas de poder e, ainda por cima, como ficou demonstrado no minucioso julgamento da Ação Penal 470, lançado ao jogo bruto da desestruturação do sistema partidário e da desfiguração do órgão central da democracia representativa.

Atributos, deve-se repetir, não inerentes à esquerda tout court, mas à sua parte ainda hostil à centralidade da democracia como o trâmite irrecorrível de qualquer projeto de mudança social que se queira legítimo.

O bloco à moda "mexicana" não se instalou só por causa da fraqueza de seus rivais da esquerda democrática ou da capacidade de cooptar, com método, a parte conservadora. Teve a seu dispor, por um bom período da primeira década do século, condições excepcionais para sua vigência e reprodução, com os recursos advindos da demanda de commodities e a correlata emergência da China, este fato espantoso, com a força dos deslocamentos tectônicos, que ainda mal conseguimos conceituar. Teve, assim, recursos para pôr em prática mecanismos clássicos de consenso passivo, como o populismo cambial ou o sistema de bolsas, considerado menos como direito da cidadania do que como dádiva do governante, ele mesmo entendido como "encarnação física da identidade metafísica da nação", para mencionar outra expressão de Lechner.

Nem o desaparecimento dessas condições favoráveis nem processos judiciais, como o da Ação Penal 470 ou o que parece avizinhar-se em torno da Petrobrás, têm por si sós o atributo de abrir o caminho da alternativa. Podem favorecer, como favoreceram, trincas no bloco antes aparentemente homogêneo, como a passagem para a área oposicionista de Marina Silva e Eduardo Campos. Podem vitaminar a oposição tradicional, se não neste, certamente em futuros embates. Podem dar fôlego a forças governistas de centro que se colocam como garantidoras das liberdades, como o PMDB histórico ou o que dele tiver restado. Mas, como está à vista de todos, não dispensam a condução sábia de diferenças e divergências entre atores e forças das oposições democráticas.

A ativação destas forças, se souberem superar o estágio grosseiramente chamado de "antropofagia de anões", será vital para a ocupação de um lugar desgraçadamente vazio na política brasileira - o de uma esquerda democrática.

Será bom para a esquerda, melhor ainda para a democracia.

*Luiz Sérgio Henriques é tradutor e ensaísta. É um dos organizadores das 'Obras' de Gramsci no Brasil.

Merval Pereira: Cabeça a cabeça

- O Globo

Com a manutenção dos índices da presidente Dilma Rousseff na casa dos 40%, o que indicaria ser mais difícil do que apregoavam os militantes uma vitória já no primeiro turno , as duas pesquisas divulgadas ontem — do Datafolha e do Ibope , os dois institutos de opinião mais acreditados pela opinião pública — indicam que o grande assunto destes últimos dias da corrida presidencial ser á a disputa entre o candidato do PSDB, Aécio Neves , e a do PSB, Marina Silva, para ver quem vai brigar com a incumbente no segundo turno da eleição.

De maneira geral, as pesquisas são muito favoráveis a Aécio Neves, especialmente a do Datafolha, que o coloca pela quarta rodada seguida em ascensão, quase num empate técnico com Marina. Já o Ibope chega à mesma conclusão, mas por outro caminho: registra a queda de Marina pela quarta rodada seguida, mas coloca Aécio Neves estagnado pela terceira vez consecutiva. A diferença entre ele e Marina, neste caso, seria mais pela decadência da adversária do que por seus méritos, o que faria a diferença num segundo turno. No Datafolh a, em duas semanas, a diferença entre Marina e Aécio caiu 8 pontos: de 30% a 17% para 25% a 20%.

Outra boa novidade para Aécio Neves é a disputa pelo segundo turno, onde os dois adversários de Dilma perdem por uma diferença semelhante, de 9 e 8 pontos, com a vantagem adicional para o tucano de que ele chega aos mesmos 41 pontos de Marina em trajetória inversa. Aécio Neves foi de 39% para 41%, enquanto Marina caiu de 46% para 41%. É interessante observar que, tanto na pesquisa do Datafolha quanto na do Ibope, os adversários da presidente Dilma crescem no segundo turno muito mais do que ela, o que indicaria que ela tem uma margem mais apertada para ampliar sua votação. No Datafolha, ela sobe de 40% no primeiro turno para 50% contra Aécio Neves e 49% contra Marina. No Ibope, o melhor resultado é para Marina, que continua em empate técnico com a presidente — que tem 42% dos votos contra 38% de Marina.

Contra Aécio, a presidente venceria por 45% a 35%. Nesses dois casos, a presidente acrescenta apenas de dois a cinco pontos à sua votação, enquanto Marina cresce 13 pontos e Aécio Neves, 15 pontos. No Datafolha, a presidente cresce de 9 a 10 pontos no segundo turno, enquanto Aécio sobe nada menos que 22 pontos, e Marina, 16 pontos. A diferença nas duas pesquisas representa, na verdade, 5 a 6 pontos na disputa do segundo turno. A atropelada na reta final de Aécio Neves sobre Marina Silva, se mantidas na mesma intensidade a queda de uma e a subida do outro, pode levar a uma disputa voto a voto no dia da eleição, daqui a quatro dias.

A dificuldade de Aécio é que ele não está reagindo em São Paulo, maior colégio eleitoral e principal reduto tucano, onde, segundo o Ibope, a candidata do PSB continua liderando e em ascensão, ao contrário do resultado nacional: tinha 35% e agora aparece com 39% das intenções de voto . Aécio caiu de 19% para 17%, e a presidente Dilma manteve-se em segundo lugar, com 23%. O candidato tucano parece, no entanto, ter superado seu principal obstáculo, que era o voto útil em Marina de eleitores convencidos de que só ela poderia derrotar Dilma.

Mesmo que seu crescimento seja lento, segundo o Datafolha, ou esteja estagnado, segundo o Ibope, o candidato do PSDB ainda tem eleitores indecisos que saíram de Marina, mas não encontraram o candidato ainda. É nesse time que ele poderá encontrar os últimos reforços à sua candidatura. O que tudo indica é que já não existem mais tantos eleitores apenas de Marina, que desistiriam da eleição caso ela não tenha chances.

O PT conseguiu transformá-la em uma candidata comum, que, para o bem ou para o mal, disputará a Presidência da República dentro de um terreno definido pela falta de escrúpulos ditada pela propaganda petista. Tanto ela quanto Aécio serão obrigados a subir o tom de suas campanhas nos próximos dias e no segundo turno, pois a disputa passou a ser de antipetistas contra os conservadores, no sentido de eleitores que querem manter o que está aí.

Não há mais espaço para um discurso utópico de ser contra ao mesmo tempo PT e PSDB. Nesse terreno, o candidato tucano tem melhores condições estruturais para enfrentar a guerra que se avizinha. E Marina precisará desse apoio caso seja ela a ir para o segundo.

Dora Kramer: Outro nível é possível

- O Estado de S. Paulo

Entre as várias ideias vagas que embalam esta campanha, uma delas reza que se a presidente Dilma Rousseff for reeleita o medo terá vencido a esperança. É de se perguntar medo do quê exatamente o governo estaria conseguindo incutir no eleitorado.

De perder os benefícios sociais parece pouco para explicar. Teria o PT conseguido baixar tanto o padrão, desmoralizar de tal forma a tudo e a todos, desqualificar de maneira tão insidiosa os adversários que a população teria se convencido de que não há gente mais decente e competente para governar o País? Nos últimos 12 anos teria o Brasil perdido a memória de sua história e acreditado na fábula de que era tudo uma tragédia antes do advento do Lula lá?

É uma possibilidade. Pois se a economia vai muito mal, se o governo não admite os erros e não dá sinal de que mudará o rumo, manipula informações sem a menor cerimônia, gasta, não se compromete com ajustes, dá de ombros para a inflação e ainda assim permeia o ambiente um sentimento de medo com a hipótese de fim de um ciclo, deve ser por algum tipo de condicionamento à lógica do "pior sem ele" - o PT.

No campo da política existe o clamor geral pela reforma. Não há quem não condene a atual sistemática de aparelhamento da máquina do Estado, de loteamento partidário, distribuição de cargos em troca de apoio no Congresso e zero exigência de mérito para a ocupação de ministérios. O fisiologismo passou de exceção a regra e o Congresso só não chegou ao fundo do poço porque nesse fosso sempre se cava mais um pouco.

Pois muito bem. A presidente em momento algum da campanha se viu motivada a firmar compromisso algum no sentido da mudança. Ao contrário. Defendeu o latifúndio de ministérios, em troca de minutos no horário eleitoral renovou o contrato com gente que havia demitido na faxina cenográfica e deixou patente que se tiver um segundo mandato continuará tudo como está.

Não haveria uma contradição entre o repúdio às chamadas velhas práticas pelo PT corroboradas e a posição de 40% do eleitorado? Tomando como verdadeira a premissa sobre a vitória do medo, aqui tampouco se compreende de imediato a origem do temor. A não ser que a razão seja também a acomodação ao baixo padrão. A sensação de que "sempre foi assim" e que, portanto, qualquer grupo político faria o mesmo no poder.

A gigantesca e eficiente máquina de propaganda petista pode ter feito esse malefício e aqui também criado um vasto lapso de memória em relação a um tempo em que no Congresso as decisões e negociações passavam por um conjunto de líderes muito mais bem qualificados.

Na era petista o controle passou às mãos do baixo clero (real e moral), cujo padrão é o que se vê. Não foi sempre assim. O comportamento de suas excelências esteve longe de ser exemplar, mas também nunca esteve tão perto do execrável com a chancela do Poder Executivo. Os que acompanham o dia a dia do Parlamento pelo menos desde a Constituinte sabem muito bem disso.

Quanto à corrupção, o governo encontrou o álibi perfeito para aqueles que decidiram mandar às favas as relações com qualquer tipo de escrúpulos ao contar o conto de que dá combate sem trégua ao que chama de maneira amena de malfeitos. Quem está na cadeia ou sendo alvo de processos não se encontra em tal situação em decorrência da atuação do Executivo. Poder-se-ia dizer mesmo que isso ocorreu apesar de todas as críticas feitas pelo PT ao longo dos últimos anos a todos os institutos de controle quando estes contrariavam seus interesses.

Já houve época em que deputados e senadores foram cassados, um presidente sofreu impeachment e a República nem por isso se sentiu ameaçada. Pensando bem, talvez o medo de que se fale seja do mal que o PT possa causar se voltar a ser oposição. Tudo depende do crédito que ainda merecer.

Fernando Rodrigues: Senhores do universo

- Folha de S. Paulo

A pesquisa Datafolha dos dias 29 e 30 mostra Dilma Rousseff (PT) com 40% contra 25% de Marina Silva (PSB). Aécio Neves (PSDB) está em terceiro lugar, com 20%.

Foi muito bem sucedida a estratégia petista de ataque a Marina. Numa eleição tão cheia de incertezas, ninguém duvida da presença de Dilma Rousseff no segundo turno.

Mas o cenário é mais sofisticado. Dilma e seu marqueteiro, João Santana, transformaram-se nos "senhores do universo" desta eleição, para usar a metáfora de Tom Wolfe no livro "A Fogueira das Vaidades".

A dupla tem o poder de modular o processo de desossar Marina. Pode decidir quem passará ao segundo turno ao apertar um pouco mais o botão ou ao suavizar a "Blitzkrieg". Aécio fica ali embaixo com uma bacia coletando os votos que desabam da prateleira marinista.

Ocorre que parece ter chegado a um limite o benefício direto da estratégia para Dilma. Ela tem hoje os mesmos 40% registrados no último dia 26. Seus comerciais vitriólicos na TV fazem os votos perdidos por Marina deslizarem para Aécio.

Se os "senhores do universo" Dilma e Santana desejarem, podem pisar no acelerador e catapultar Aécio ao segundo turno. A alternativa é reduzir a guerrilha, permitindo que Marina passe à rodada final de votação. A decisão será tomada depois de ponderar a respeito de quem seria o adversário mais fraco contra Dilma numa disputa mano a mano.

A julgar pelo demonstrado até agora pelo Palácio do Planalto, Marina é uma candidata muito mais indesejada do que Aécio. Ela (ainda) incorpora o sentimento de mudança mais do que o tucano.

E assim chegamos à reta final. Dilma e seu marqueteiro comandam a situação a ponto de poderem escolher quem preferem enfrentar. E por que Marina não reage? Essa é uma pergunta que renderá quilômetros de análises depois da eleição, se a pessebista de fato for ejetada da disputa.

Luiz Carlos Azedo: Eduardo e Luciana

• Quatro pontos percentuais dos "nanicos" poderão garantir o segundo turno, caso Dilma continue roubando mais votos de Marina do que Aécio

- Correio Braziliense

Dois candidatos de esquerda são coadjuvantes da presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) na “desconstrução” da candidatura de Marina Silva, embora não se beneficiem eleitoralmente como ambos da desidratação da candidata do PSB: Eduardo Jorge (PV) e Luciana Genro (PSol). Fragilizam o discurso de Marina ao fazer um contraponto às tentativas da candidata socialista no sentido de ampliar os apoios políticos ao seu projeto de poder e permanecer como “terceira via” alternativa à polarização PT versus PSDB.

Histriônico, mas autêntico, o candidato do PV faz uma campanha onde ostenta um visceral compromisso com a verdade e com seus próprios pontos de vista sobre a realidade, indiferente ao politicamente correto, o que atrai simpatias nos debates, mas não lhe dá votos. Faz uma campanha alternativa, sem perspectiva nenhuma de vitória, a ponto de passear de bicicleta, sem identificação no capacete ou na camisa, pela Avenida Paulista no domingo, pouco preocupado se estava sendo reconhecido ou não por seus eventuais eleitores.

No debate da Record, domingo, fez o mais duro ataque até agora ao programa Mais Médico, carro-chefe da campanha de Dilma Rousseff, afirmando com todas as letras que os médicos cubanos vivem num regime de “trabalho escravo”. Eduardo Jorge foi criticado por Luciana Genro por ter sido secretário de José Serra (PSDB) e Gilberto Kassab (PSD), mas revelou não estar nem aí para a velha divisão esquerda versus direita e disse que não é nem capitalista, nem socialista, é ecologista e apoia qualquer proposta a favor da sustentabilidade, venha de onde vier. É mais ou menos isso que sua candidatura representa. Provavelmente, seu partido continuará colaborando com quem ganhar as eleições. Eduardo Jorge contribui para “descontruir” Marina sempre que desnuda a aproximação da candidata do PSB com setores que tradicionalmente criticam os ambientalistas.

Já Luciana Genro (PSol) representa o pensamento da esquerda radical que faz oposição ao PT e Dilma Rousseff por suas alianças conservadoras e programa social-liberal. O PSol atraiu uma parcela da juventude que participou das manifestações de junho do ano passado e poderia ter ido dar mais vida à candidatura de Marina Silva. Isolou essa militância da grande massa do eleitorado por causa de suas posições esquerdistas. Nos debate eleitorais, sempre que pode, Luciana Genro ataca duramente a candidata do PSB, descaracterizando-a como uma alternativa à esquerda. Com isso, ajuda a empurrar a candidata do PSB para a posição na qual a presidente Dilma Rousseff pretende mantê-la, ou seja, como candidata das elites econômicas, principalmente dos banqueiros.

No último debate da Record, Luciana Genro levantou a bola para a polêmica declaração homofóbica do candidato do PRTB à Presidência, Levy Fidelix. Mas reagiu de maneira tímida à resposta grosseira do adversário conservador. Agora, corre atrás do prejuízo: com o deputado federal Jean Wyllys (PSol-RJ), entrou com representação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cobrando punição a Fidelix “por ter incitado o ódio e a violência contra a população LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais)”.

O episódio, porém, criou um fato novo no debate eleitoral, resgatando a discussão sobre as questões de gênero, que andava meio escanteada. Todos os candidatos foram obrigados a se posicionar sobre o tema. Dilma voltou a defender a criminalização da homofobia. Aécio criticou Fidelix. “Quero expressar nosso repúdio absoluto àquela declaração. Como já disse, qualquer tipo de discriminação é crime. Homofobia também”, disse o tucano. Marina Silva (PSB) também rebateu as ofensivas, alegando que a Rede Sustentabilidade estuda representar contra o candidato. “Posturas como essa, ecoadas por pessoas públicas, somente reforçam o preconceito que vitimiza milhões de pessoas no país”, defendeu.

Com pouco tempo de televisão, sem recursos e isolados politicamente, Eduardo Jorge e Luciana Genro têm 1% dos votos cada, assim como o Pastor Everaldo (PSC), cujo discurso conservador busca não somente o voto evangélico, mas também o eleitor à direita do espectro político. Os três vão cumprir um papel importante no processo eleitoral, pois esses três pontos percentuais poderão garantir a realização do segundo turno caso a presidente Dilma Rousseff continue roubando mais votos de Marina Silva do que Aécio Neves.

Ponto zero
Há ainda três candidatos de ultraesquerda na disputa eleitoral, que não marcaram pontos nas pesquisas: Mauro Iasi (PCB), Zé Maria (PSTU) e Rui Costa Pimenta (PCO). Os três reivindicam a herança do comunismo. O mesmo acontece com Eymael (PSDC), que se autodefine como um democrata-cristão. Juntos, esses candidatos somam mais um ponto percentual. Contribuem, pois, para a existência de segundo turno.

Rosângela Bittar: Crise de abstinência

• A diretoria do PSB quer logo o poder de decidir-se por Lula

- Valor Econômico

A presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, está empenhando a alma para vencer no primeiro turno, vez que o segundo turno, temida incógnita em situações normais, pior nesta campanha de vida ou morte para o PT, é uma eleição com adversário em vantagens iguais de tempo de propaganda e alianças que o primeiro turno só deu a ela. Sua diligência deu certo: chegou ao fim desta etapa em ótima situação, curva ascendente, constatação de que seu deseducativo marketing do truque, uma opção que deve ter sido difícil, desrespeitou o eleitor, fez a técnica de campanha regredir milênios, mas funcionou, e era isso o que lhe importava. A propaganda foi dirigida ao eleitorado que nessa propaganda acreditaria, sem qualquer pejo com avanços ou retrocessos.

Portanto, é perfeitamente possível que Dilma vença no primeiro turno, e as pesquisas da semana permitem a conclusão.

O candidato Aécio Neves (PSDB) não só vai lutar até o fim para chegar à frente da candidata Marina Silva (PSB) ao segundo turno das eleições como essa meta deixou de ser inatingível, como parecia há duas semanas. No Datafolha de ontem está a seis pontos da meta. Se não havia razão para desistir antes quando estava longe no terceiro lugar - não se abandona um projeto político coletivo sem razão muito forte na qual a possibilidade de derrota não está incluída - agora menos ainda há motivo para esfriar o combate. Na sua campanha só se fala em guerra de segundo turno, não em aliança ou neutralidade.

Portanto, é perfeitamente possível que Aécio chegue ao segundo turno e as pesquisas da semana também apontam isso.

No momento, porém, essas duas hipóteses são ainda excepcionais, embora a cada dia que passa, e só faltam quatro, menos especialistas queiram se aventurar a fazer prognósticos. A regra é o provável, e esse plausível é Dilma e Marina confrontarem-se no segundo turno.

Assim, não se pode evitar que cresça a especulação sobre o que fará o PSDB de Aécio no novo quadro político e quem, no PSB de Marina, vai articular apoios e alianças para ela. Bem como quem vai estruturar uma campanha, que Marina não teve até agora. Não foi por outra razão que se enredou em questões para as quais até crianças eleitoralmente desinteressadas teriam resposta.

No PSB, embora haja preocupações quanto aos estragos na relação política que a estratégia de campanha de Aécio e sua opção por resgatar os votos que havia perdido para Marina no boom emocional que a candidatura despertou, há confiança de que os constrangimentos serão superados. Principalmente porque, não sendo produto de falsificação, os ataques não fecharam todos os caminhos.

Aécio jamais consideraria, neste momento, apoiar Marina, e não se imagina fora do segundo turno, um sentimento que pode ter pois foi reforçado pelas pesquisas, mas analistas da situação do PSDB têm uma equação política com começo, meio e fim para ele.

Se houver segundo turno sem ele, já terá perdido em Minas, de onde se espera, do PT, uma política de terra arrasada contra o PSDB e o toque de reunião a todas as siglas que até agora formaram a aliança com Aécio. A força eleitoral do partido voltará ao PSDB de São Paulo, com o desempenho de Geraldo Alckmin e José Serra. Se houver divisão, Aécio, certamente, ficará do lado mais fraco. Serra deve querer apoiar Marina, com quem fez uma boa relação política, e Alckmin, que terá um início de governo difícil, não poderá confrontar uma candidata a presidente com chances.

Aécio vai precisar de Brasília para reerguer-se em Minas, e só a metade de um mandato de senador é pouco. Melhor para ele, aponta-se nestas conjecturas, será eleger Marina, entrar no seu governo e ali brilhar de alguma forma. Como ela já disse que vai acabar com o instituto da reeleição, o partido mantém, assim, seu horizonte eleitoral bem próximo.

Aécio pode passar, nesse caso, de candidato presidencial de pior desempenho do seu partido, a líder com oportunidade de levar o PSDB a uma vitória política que romperá a síndrome de abstinência que imobiliza os tucanos na oposição.

Se não há razão para precipitações, tendo em vista suas chances reais de ir adiante, o candidato do PSDB não deveria também fechar as portas a conversas que se desenvolvem no interior dos partidos. O modelo em especulação se assemelha à participação do PSDB no governo Itamar Franco, o que teve circunstância política mais parecida com a de Marina Silva. A ela caberia uma grande articulação para fazer a união nacional, recuperando o país da desunião promovida pelo PT.

O movimento da cúpula do PSB que provocou choque, inclusive dos adversários, com a tentativa de seu presidente, Roberto Amaral, de realizar eleições internas a uma semana das urnas do próximo domingo, foi uma precipitação do medo de perder o poder para, justamente, comandar esse processo de reposicionamento do partido.

O PSB, mais ainda depois da morte de seu presidente, Eduardo Campos, continua dividido entre os que preferiam a candidatura própria e os que não gostariam de ter rompido com o PT; está cindido também entre os que têm voto (deputados, senadores e governadores de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Brasília, Paraíba) e os sem voto, abrigados na burocracia partidária, entre eles o vice que virou presidente, Roberto Amaral, o dirigente da fundação João Mangabeira, Carlos Siqueira, e o tesoureiro Márcio França.

A máquina partidária temeu perder para o grupo de Marina o controle das negociações caso esperasse o resultado das eleições de primeiro turno. Mas não contava com a rebelião do grupo de Pernambuco que pretende influir nas escolhas para a substituição de Eduardo Campos.

Para atender a eles, Amaral adiou por uma semana a definição do comando partidário, o que melhora mas não resolve, cai numa data ainda inadequada, meio à guerra da campanha. A diretoria pretende manter o poder para liderar qualquer processo: seja para retomar a aliança com o PT, se Dilma vencer no primeiro turno; seja para articular-se com o PSDB, caso Marina dispute o segundo turno. Se for Aécio o adversário petista do segundo turno, o PSB, vê-se claro, marchará com uma terceira divisão.

Roberto DaMatta: Enredos repetidos

- O Globo

O autoritarismo se repete tanto quanto as eleições. Só que o traço familístico e personalista que o forma ocorre diariamente e surge nas negativas envergonhadas e cínicas das roubalheiras; enquanto a eleição desponta como um ato cívico. Um ritual de passagem do poder mais do que positivo emoldurado na forma pelos partidos, mas no fundo por pessoas, padrinhos e ventríloquos cuja sombra se projeta em certos candidatos. Qual é a fórmula do autoritarismo? Ela é banal: no Brasil, todos os crimes e desafios dependem de pessoas. Se for X, duvidamos; se for de classe média e não petista, é fascista.

Em véspera de eleição, determinados assuntos surgem nitidamente como propriedade de candidatos ou partidos. O PT aparece, mesmo alquebrado, como dono absoluto do Brasil. Ele, condescendentemente, relega seus opositores ao papel de incapazes de enfrentar problemas e de inimigos dos pobres. Mas, como compensação, o PT falha clamorosamente quando não explica como um sistema de corrupção tomou conta da vida pública brasileira nestes "momentos mágicos" em que tem governado. Nunca, jamais e em nenhum momento, as pessoas foram tão ou mais importantes do que os assuntos, os crimes e as leis neste país quanto neste período lulopetista. Daí o recorrente da máquina pública para o enriquecimento ilícito por meio do personalismo. Se é nosso, pode! Se for uma outra pessoa, polícia!

Centrado em protagonistas, o processo eleitoral amplia esse lado. Porque em campanha presidencial todos se apresentam como a "solução" para os problemas. Na refrega que vai ter o primeiro turno neste fim de semana, todos os recursos pessoais e institucionais são mobilizados na esperança de mudar os prognósticos das pesquisas.

Mas o fato é que o ritual eleitoral exerce pressão para votar. Nisso reside a esperança de quem espera mudar o jogo, indo para o segundo turno (caso de Aécio); ou simplesmente de lá chegar sem maiores trepidações (caso de Marina); ou de vencer e liquidar a fatura neste primeiro embate (caso da presidente Dilma).

Os marqueteiros e observadores sutis ou medíocres, como é o meu caso, especulam e se abrem às angustias dominantes do não saber - essa máquina de fazer rezar e promover insônia.

Pessoalmente, eu gostaria que o eleitor estivesse também interessado em liquidar o "Você sabe com quem está falando?", essa praga cultural que faz parte de nossa estrutura autoritária. Que revela o personalismo porque tenta distinguir, proteger e inocentar os que, em nome do povo e elevados a donos do poder, promovem a má-fé e uma intolerável transgressão dos limites entre a esfera pública (que é de todos) e a pessoal - a do partido, do compadre e do filhotismo. Hoje, graças ao PT e a uma exemplar ausência de oposição, partidos, parentes e companheiros se confundem.

Nascido de um sistema aristocrático, o nosso republicanismo acabou com o Império, mas manteve o baronato. Hoje, ministros, senadores, magistrados, deputados e outros altos funcionários públicos são muito mais patrões do estado do que seus servidores. No Brasil, o significado profundo da palavra "poder" tem tudo a ver com a tomada de cargos. Tomar o poder é ter o gosto de "tirar" e de promover a "queda" de milhares de pessoas. O poder à brasileira é tão onipotente que ele pode até mesmo saquear o nosso dinheiro, como ocorreu no governo Collor e ocorre na roubalheira atual. Ele também censurou, prendeu, exilou e torturou, como ocorreu no Estado Novo e na ditadura militar.

A reação sistemática contra a autonomia de certas instituições é um sintoma da relação entre pessoas e cargos estatais por meio do governo que faz a intermediação entre o estado impessoal e grupos que passam a comandá-lo e, inevitavelmente, o fazem com um viés pessoal.

Seria isso feito apenas por maldade? Penso que é mais complicado. Não sou fascista, embora tenha alergia aos reducionismos e ao controle do mercado, da informação e do mérito. Sei como isso opera porque tenho observado o processo ao longo da minha longa vida.

Alexis de Tocqueville observou como, nos Estados Unidos, a democracia liberal e individualista promovia solidão e isolamento. Ele viu a luta para desmanchar elos pessoais, mesmo num país excepcional porque foi fabricado por imigrantes. Em sociedades que transitaram da Monarquia para a República por meio de golpes (de elos pessoais entre poderosos), as oligarquias continuaram a operar juntando sua força familística ao poder do voto aberto e livre. Em todo lugar a democracia tem recriado clãs pelo voto. É um defeito do regime ou da sociedade? Essa é a questão.

O fato é que, quando a maré vai mal, os laços pessoais compensam a derrota política e ficam acima das clivagens ideológicas mais ferozes. No Brasil, sempre fomos nobres ou comunistas e fascistas generosos e, mais que isso, bem educados e penhorados a quem nos prestou um favor ou roubou conosco.

Amor com amor se paga.

Antes de votar, caro leitor, reflita sobre o personalismo que relativiza todos os crimes, caso o criminoso seja amigo, partidário ou parente. O que o país precisa é de um Plano Real Social. De uma moeda ética única que discuta o espaço dos favores trocados com justiça e mérito; ao lado dos empenhos que conduzem a essas falcatruas que, realizadas debaixo do caldo do filhotismo, inibem a oposição e impedem a apuração dos carnavais de escândalos.

Isso para não falar da crise institucional envolvendo as polícias que, para alguns, atuam independentemente e, para outros, agem dentro de parâmetros partidários e familísticos para derrubar os nossos em favor dos adversários.

Você decide!

Jose Roberto de Toledo: Modelo mostra que grupo pró-PT chega a 39% do eleitorado

– O Estado de S. Paulo

O modelo de divisão do eleitorado em pró-PT, anti-PT e volúvel elaborado pelo Ibope e pelo Estadão Dados mostra que o “lago” onde a candidata petista tem mais chances de pescar eleitores é maior do que aquele onde seus adversários se saem melhor na pescaria. Isso explica porque os candidatos petistas a presidente têm chegado em primeiro ou segundo lugar desde 1989.

Os eleitores que têm maior propensão a votar nos candidatos majoritários do PT somam 39% do eleitorado nacional, enquanto aqueles cuja probabilidade em votar num petista tende a zero somam 33% do total. Os 28% restantes são volúveis: podem tanto votar em nomes do PT quanto da oposição ao partido.

Hoje, Dilma Rousseff (PT) está capturando 83% dos eleitores pró-PT na simulação de primeiro turno, e entre 85% (contra Marina Silva) e 88% (contra Aécio Neves) nas simulações de segundo turno. É um sinal de que há eleitores pró-PT descontentes com Dilma. Mas significa também que a presidente ainda tem, teoricamente, espaço para aumentar sua intenção de voto.

Para estar nesse agrupamento, os eleitores têm que ter se enquadrado em pelo menos três de cinco respostas: 1) acha o governo bom ou ótimo, 2) aprova Dilma, 3) diz que votaria com certeza ou poderia votar em Dilma, 4) diz ter preferência partidária pelo PT, 5) é beneficiário do Bolsa Família.

O grupo pró-PT tem penetração acima da média no Norte-Nordeste, entre católicos, entre pretos e pardos, entre quem tem 45 anos ou mais, entre quem estudou até o ensino fundamental e entre os mais pobres. Isso não significa que não haja eleitores pró-PT nos demais segmentos. Só que há proporcionalmente mais nesses.

Os 33% de anti-PT são eleitores que não se enquadraram em nenhuma dos cinco critérios: não aprovam o governo Dilma, não votariam nela de jeito nenhum ou não a conhecem o suficiente para opinar, não têm Bolsa Família, não declaram preferência partidária pelo PT e acham o governo ruim, péssimo ou regular. Eles têm maior renda e escolaridade e se concentram no Sudeste.

Aécio tem 36% dos votos no eleitorado anti-PT, e está tecnicamente empatado com Marina, que tem 40%. É também onde há a maior taxa de brancos/nulos: 15%.

O eleitorado volúvel está dividido em 32% para Marina, 21% para Dilma, 20% para Aécio e 15% de indecisos – a maior concentração entre os três segmentos.