quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Opinião do dia – Aécio Neves

Essa campanha vai ficar marcada na história do Brasil como a campanha da infâmia por parte dos nossos adversários. Mas para eles não há limites, não há limites para se manterem no poder. A campanha da minha adversária é a campanha da mentira. A campanha adversária tem na mentira o seu instrumento mais vigoroso de ataque político.

Aécio Neves, senador (MG) e candidato a presidente da República, na entrevista em Belo Horizonte, 22 de outubro de 2014.

CVM investiga Petrobras em meio a escândalos

• Órgão regulador do mercado de capitais abre processo para apurar denúncias da Lava-jato

Rennan Setti e Bruno Rosa – O Globo

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), xerife do mercado de capitais brasileiro, abriu um processo administrativo para investigar a Petrobras. Embora a CVM não informe o motivo da investigação - alegando que "não comenta casos específicos, inclusive para não afetar negativamente trabalhos de análise" -, uma fonte ligada à estatal informou que o objetivo do processo é tomar ciência das denúncias surgidas com a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

- A CVM abriu esse processo para tomar pé de tudo o que está acontecendo com a Operação Lava-Jato, já que há uma investigação em curso, envolvendo vários órgãos. Esse é o objetivo - disse uma fonte ligada à estatal.

Já fontes próximas à CVM disseram que, mesmo sem ter instaurado processos sancionadores até então, o órgão já vinha apurando as denúncias surgidas na Operação Lava-Jato. Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras preso na operação, aceitou fazer acordo de delação premiada e contou que o dinheiro da estatal era desviado para pagar propina a políticos de PT, PMDB e PP.

Na última sexta-feira, a Petrobras esclarecera, em resposta a um ofício da CVM que pedia informações sobre os crimes denunciados na Lava-Jato, que constituiu comissões internas para averiguar indícios de irregularidades na empresa. Além disso, a companhia afirmou que requereu acesso aos autos da operação - o que foi deferido pela Justiça -, e que solicitou acesso ao conteúdo da delação premiada do seu ex-diretor Paulo Roberto Costa - o que ainda não foi deferido pelo Judiciário.

Estatal na mira da SEC, nos EUA
A abertura do processo, de número RJ-2014-12.184, foi requerida na segunda-feira pela Superintendência de Relações com Empresas (SEP) da CVM. A apuração tem caráter preliminar e, caso se identifiquem irregularidades, dará origem a processo administrativo sancionador, que pode resultar em punições para a companhia.

- A impressão que dá é que a CVM se sentiu pressionada a abrir uma investigação depois que a SEC (Securities and Exchange Commission, o órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos), começou a apurar a conduta da empresa - disse um gestor, que preferiu não ser identificado.

Na semana passada, a consultoria política Arko Advice havia divulgado que a Petrobras é alvo de investigação semelhante nos Estados Unidos. A SEC, porém, não informa quais empresas estão sob investigação. A estatal possui recibos de ações (ADRs, American Depositary Receipts) negociados na Bolsa de Nova York, e por isso está submetida também às leis do mercado acionário americano.

A investigação seria preliminar e contaria com 28 advogados e analistas da SEC e do Departamento de Justiça dos EUA. A depender do resultado da apuração, a Petrobras responderia não apenas por irregularidades no mercado acionário, mas também criminalmente, além de estar passível de cobrança de multas - as leis americanas preveem punições à corrupção, mesmo que ocorrida fora do país.

- A CVM não é a Polícia Federal, ela não tem como objetivo apurar se houve crimes na empresa, mas se as informações prestadas pela companhia em balanços financeiros e comunicados estão corretas. Então, a investigação é positiva, porque trará mais transparência à companhia - disse Rogério Freitas, da gestora de recursos Teórica Investimentos.

Procurada, a Petrobras não se manifestou sobre o processo aberto pela CVM.

Em fevereiro, a CVM já havia arquivado sua investigação sobre as supostas irregularidades na compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), feita em 2008. A apuração foi iniciada após queixas de acionistas da estatal. A autarquia não deu continuidade ao caso porque as possíveis irregularidades no negócio já haviam prescrito - o prazo de ação do órgão é de cinco anos após a ocorrência dos fatos.

Em carta, Conselheiro critica auditoria
Mas, segundo fontes próximas à CVM, o órgão está acompanhando de perto todas as denúncias surgidas com a Operação Lava-Jato porque, caso a investigação descubra que houve, de fato, crime na aquisição da refinaria americana pela Petrobras, o órgão poderá reabrir o caso. Isso porque, em casos de crime, o prazo de prescrição é maior.

Ontem, em carta aberta, Silvio Sinedino, membro do Conselho de Administração da Petrobras eleito pelos funcionários, afirmou que a estatal deveria identificar funcionários envolvidos nas fraudes. Ele ressaltou ainda que há indícios de corrupção na gestão da petroleira.

"Como entender que a Auditoria Interna não tenha sido capaz de identificar nenhum desses desvios? Eram mesmo indetectáveis?", destacou Sinedino, que também é presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet). "Se o esquema de corrupção existiu, e tudo indica que sim, com certeza há outros petroleiros envolvidos, ou alguém acha que é possível que seja armado um esquema de desvio gigantesco de valores por uma única pessoa e que não desperte a atenção de ninguém?"

Doleiro afirma que 'testa de ferro' mentiu

• Defesa de Alberto Youssef afirma que dono do Labogen, Leonardo Meirelles, está mentindo ao dizer que ele ‘trabalhou’ para tucanos

Ricardo Brandt e Fausto Macedo - O Estado de S. Paulo

A defesa de Alberto Youssef desafiou nesta quarta-feira, 22, Leonardo Meirelles, apontado como “testa de ferro” do doleiro no laboratório Labogen, a provar o envolvimento do PSDB no esquema de corrupção da Petrobrás desbaratado pela Operação Lava Jato da Polícia Federal.

O criminalista Antônio Figueiredo Basto, que defende Youssef, afirmou que seu cliente está disposto a fazer uma acareação com Meirelles, colocando-se frente a frente com o juiz federal Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal, em Curitiba, no processo criminal que apura superfaturamento e desvios nas obras da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

A obra da Petrobrás, iniciada em 2008 e ainda não concluída, teve superfaturamento já constatado. “Meu cliente afirma peremptoriamente que nunca falou com Sérgio Guerra, nunca teve negócio com ele e nunca trabalhou para o PSDB”, afirmou Basto. “Estamos pedindo uma impugnação do depoimento do Leonardo e uma acareação entre eles.”

Em depoimento prestado na segunda-feira à Justiça Federal no Paraná, Meirelles afirmou que o doleiro trabalhou, dentro do esquema da Petrobrás, também para o PSDB, além de PT, PMDB e PP, partidos governistas que haviam sido apontados por Youssef e pelo ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa.

Meirelles disse ainda ter presenciado uma conversa telefônica de Youssef na qual o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra era mencionado. Guerra, que morreu em março deste ano, é suspeito de ter recebido R$ 10 milhões do esquema quando era senador a fim de ajudar enterrar uma CPI que funcionou em 2009 no Congresso e tinha a estatal como alvo.

A Queiroz Galvão é suspeita de ter feito o pagamento. A empreiteira faz parte do Consórcio C II Ipojuca Interligações, contratado por R$ 2,7 bilhões para implantar as tubulações na Abreu e Lima que transportam produtos entre as unidades. A construtora negou qualquer irregularidade e disse que todas as doações são feitas dentro da lei.

A acusação foi feita por Costa no âmbito da delação premiada ao Ministério Público Federal. No caso de Meirelles, a referência ao PSDB foi feita após seu advogado, Haroldo Nater, questionar sobre o envolvimento de outras legendas no esquema além de PT, PMDB e PP.

O homem apontado como “testa de ferro” de Youssef afirmou ainda que haveria um segundo tucano envolvido no esquema, além de Guerra. Ele não citou o nome deste político porque o processo da Lava Jato no Paraná é de 1.º instância, portanto não tem competência para investigar parlamentares.

Mas Meirelles, que é réu na ação, disse se tratar de alguém que é conterrâneo do doleiro. Foi uma referência indireta a Álvaro Dias, senador reeleito do PSDB que fez a carreira política em Londrina, no interior paranaense, cidade natal de Youssef. Dias, que integrava a CPI da Petrobrás que funcionou em 2009, nega manter qualquer relação com o doleiro.

Posteriormente, ainda durante a oitiva de segunda-feira, seu advogado perguntou especificamente sobre a ligação com Guerra. Foi então que respondeu ter presenciado uma conversa de Youssef em que ele citou ao telefone o ex-presidente do PSDB. “Em uma das ocasiões eu estava na sala, teve um contato telefônico do Alberto Youssef quando do qual surgiu o nome (Sérgio Guerra). Faltava um ajuste, alguém não estava reclamando, estava atribuindo alguma coisa que não estava acontecendo, que não estava caminhando em virtude do que tinha uma coisa do passado que estava parado”, disse Meirelles.

No pedido do advogado de Youssef, anexado nesta quarta ao processo, o criminalista afirma que o documento visa a “repudiar na integralidade o depoimento de Meirelles, vez que este não corresponde à realidade dos fatos ora processados”. Segundo o advogado do doleiro, Youssef está à disposição da Justiça “para o esclarecimento dos pontos contraditórios e conflitantes existentes entre as suas (doleiro) declarações e as que foram realizadas por Meirelles”.

Na terça, a defesa de Youssef já havia apontado estranhamento com o depoimento de Meirelles. O advogado do doleiro falou em “ influência estranha” no processo e em “ interesse eleitoral”.

No pedido formalizado nesta quarta, o criminalista ressalta que seu cliente depôs sob juramento de dizer a verdade. “Enquanto Meirelles falou na qualidade de acusado, descompromissado com a veracidade de suas alegações”.

Meirelles é oficialmente dono do Labogen, um laboratório que, segundo a Polícia Federal, é de propriedade, na verdade, de Youssef – que estava prestes a assumir formalmente o negócio. O Labogen tinha plano de atuar em contratos da Petrobrás para o fornecimento de insumos. A suspeita é que o intermediador do negócio era o deputado federal André Vargas, que foi expulso do PT após ter o nome envolvido no caso. Vargas nega irregularidades na transação.

Tucanos. O PSDB defendeu mais uma vez em nota que o caso seja investigado. “O PSDB defende que todas as denúncias sejam investigadas com o mesmo rigor, independente da filiação partidária dos envolvidos.”

Dias voltou a dizer que a oposição fez um relatório paralelo com 18 representações ao procurador-geral da República sobre irregularidades na Petrobrás, em 2009, após concluir que o governo não deixaria a CPI fazer investigações.

Governo adia divulgação de resultados negativos

• Estatísticas sobre 7 milhões de alunos e resultado da arrecadação de tributos em setembro ficam para depois da eleição

• Órgãos responsáveis apontam questões administrativas, técnicas e legais para justificar adiamento

Fábio Takahashi, Sofia Fernandes – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO e BRASÍLIA - Por decisão do governo federal, o país chegará ao segundo turno da eleição presidencial no domingo sem ter dados atualizados sobre o desempenho dos alunos em português e matemática e a arrecadação de tributos, estatísticas potencialmente negativas para a campanha da presidente Dilma Rousseff.

Como a Folha informou, também só serão divulgados depois da eleição dados sobre o desmatamento e um novo estudo sobre o contingente de pobres e de miseráveis.

Avaliações independentes ou informações oficiais já publicadas sinalizam que os indicadores mostrarão piora nessas duas áreas.

Diferentes instituições do governo Dilma Rousseff responsáveis por esses dados apontam questões técnicas, administrativas ou legais para explicar o que houve.

No caso da educação, tradicionalmente até agosto são apresentados os resultados de um exame nacional aplicado, a cada dois anos, a mais de 7 milhões de alunos.

Em setembro, o Ministério da Educação divulgou indicador que usa como base a prova de 2013 e a taxa de aprovação dos alunos --o Ideb--, sem mostrar qual foi o resultado em cada âmbito.

Assim, não é possível saber como está o nível atual dos estudantes brasileiros em português e matemática.

Por meio de dados secundários do próprio ministério, é possível estimar que os estudantes do ensino médio tiveram notas piores na prova nacional, mas menor reprovação nas escolas.

Os colégios nesse nível de ensino são mantidos majoritariamente pelos Estados, mas cabe à União induzir melhorias no sistema.

Já os alunos do ensino fundamental devem ter obtido desempenho positivo nas duas matérias.

Associação de funcionários do Inep (órgão que organiza a prova) divulgou carta pedindo autonomia ao órgão e "proteção frente a demandas de caráter privado".

O professor da USP Ocimar Alavarse, especialista em avaliações educacionais, afirma que o intervalo entre a aplicação da prova (novembro de 2013) e a divulgação dos resultados (provavelmente novembro de 2014) "limita a análise" dos dados.

Economia
Outra informação que será divulgada apenas após as eleições é o resultado da arrecadação de tributos em setembro. Mantida a tendência recente, a arrecadação será menor do que a esperada pela gestão Dilma.

O anúncio normalmente ocorre até o dia 25. Em abril, maio e junho, porém, foi feito após essa data (nos dias 27, 26 e 28, respectivamente).

Na aferição do desmatamento da Amazônia, cujos resultados são divulgados todo mês, apenas em novembro serão publicados os dados de agosto e setembro.

Segundo análise da ONG de pesquisa Imazon, a taxa subiu 191% se comparado os bimestres de 2013 e 2014.

Outra divulgação postergada foi o estudo do Ipea que analisará o número de miseráveis no país. Um diretor chegou a pedir afastamento devido à decisão.

Segundo pesquisa do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), houve, no ano passado, pequeno aumento no número de indigentes. A informação já foi usada pelo tucano Aécio Neves em sua campanha.

Aécio diz que vai libertar o Brasil como Tancredo libertou o país da ditadura

• Em comício em Belo Horizonte, o presidenciável afirmou que sua maior vitória será em Minas Gerais

Cristiane Jungblut – O Globo

BELO HORIZONTE — Em um comício realizado numa praça da região central da capital mineira, o candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse que no próximo domingo vai “libertar o Brasil como fez Tancredo Neves há 30 anos, quando libertou o país da ditadura”. Cercado de políticos mineiros, Aécio se comparou ao avô no desafio de devolver o país a um governo mais democrático. Tancredo liderou o processo de redemocratização e a campanha das “Diretas Já”. Escolhido presidente, por voto indireto, no Colégio Eleitoral, Tancredo morreu antes de assumir.

— São pouquíssimos dias que nos separam da libertação do Brasil. Porque, se há 30 anos atrás, o pai de minha mãe, o presidente Tancredo Neves nos libertou da ditadura, e eu vou libertar o Brasil de um grupo que se apropriou do poder em benefício de de um pequeno grupo e em detrimento dos interesses maiores da nossa gente. Não venho para dividir, venho unir esse país em torno de valores como os da ética e da honradez — disse Aécio Neves.

Ele lembrou ainda do ex-presidente, também mineiro, Juscelino Kubitschek.

— Sempre que a dificuldade é grande, o Brasil descobre em Minas o líder para conduzir as mudanças. Foi assim com Juscelino Kubitschek há 50 anos. E há 30 anos coube a outro mineiro nos conduzir à liberdade e à democracia. E quase como a construção do destino, outros 30 anos se passaram e e estou aqui com os mesmos valores, a mesma coragem, a mesma determinação para governar o Brasil — discurso o tucano.

Aécio disse que está nas mãos do eleitor eleger um novo governante, com um novo projeto para o país.

— Vamos dizer não à corrupção e ao desgoverno. Vamos convencer o indeciso e virar o voto contrário e mostrar que Minas não se curva à mentira e à ofensa. Alguns não acreditam, mas minha maior vitória será em Minas. Minas é minha casa, minha causa, minha vida — disse Aécio, com voz rouca, durante o comício.

Numericamente atrás nas últimas pesquisas, Aécio pediu que cada um “arregace as mangas” e tente virar o voto dos indecisos.

— Neste próximo domingo, estaremos escolhendo o país no qual queremos viver. Se no Brasil que respeita sua história e que constrói o seu futuro. Ou nesse país da vergonha, da mentira, do achincalhe e das ofensas em que se transformou a campanha da nossa adversária — disse o tucano, criticando a adversária Dilma Rousseff (PT).

Ele reclamou dos ataques que têm sofrido.

— Nossa história é de dignidade e honradez. Ninguém viu nessa campanha eleitoral o que eu vi, a energia que eu senti. Sou hoje um vitorioso, mas no domingo serei mais do que vitorioso. Peço a vocês: faltam apenas poucos dias. Vamos arregaçar as mangas, de cabeça erguida.

Pouco antes, o senador eleito Antonio Anastasia (PSDB) reclamou dos ataques a Aécio, especialmente desferidos pelo ex-presidente Lula.

— Vamos calar a boca daqueles que vem aqui falar baixarias — disse Anastasia.
O cantor Fagner, presente no comício, disse que o Nordeste estava com Aécio.

— Tem gente que acha que é dono do Nordeste — alfinetou o artista.

Durante o comício, os cantores sertanejos acabaram descumprindo a legislação eleitoral. O cantor César Menotti —da dupla César Menotti e Fabiano — cantou o jingle da campanha, enquanto o clipe passava no telão. A legislação proíbe a realização de showmícios, com a apresentação de cantores.

Vários artistas estavam no palco, assim como Pimenta da Veiga, que perdeu a eleição estadual para Fernando Pimentel (PT). Confiantes, esta foi a primeira vez que o PSDB realizou o comício na Praça da Estação.

Aécio diz que PT faz ‘campanha da infâmia’ e que Lula ‘apequena sua biografia’

• Tucano disse que petista faz ataques ‘torpes e absurdos’

Cristiane Jungblut – O Globo

BELO HORIZONTE - O candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, disse que o PT faz uma "campanha da infâmia" e que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "apequena sua biografia" ao fazer ataques pessoais e ao PSDB. Aécio disse que Lula faz ataques "torpes e absurdos" e que não se comporta como um ex-presidente da República. O tucano mudou a estratégia, que era não responder ao petista. Nos últimos dias, Lula elevou o tom; chegou a comparar o PSDB aos nazista. Em comício no sábado, Lula foi para os ataques pessoais, chamando Aécio de "filhinho de papai". Aécio afirmou que os brasileiros "não merecem ser governados pelo PT".

Aécio disse que está sendo vítima de uma campanha do "medo" feita pelo PT, acusando a campanha da presidente Dilma Rousseff de distribuir panfletos apócrifos afirmando que ele acabará com os programas sociais, como o Bolsa Família, e que vai privatizar os bancos públicos.

Perguntado sobre Lula, Aécio primeiro disse que iria "ignorar" os comentários do ex-presidente. Mas mudou de ideia.

— Ele apequena sua biografia com ataques torpes e absurdos como esse (de comparar o PSDB aos nazistas). Lula não está disputando a eleição, ignoro. Lamento apenas que um ex-presidente da República se permita cumprir um papel tão inexpressivo como esse que ele vem cumprindo no final dessa campanha eleitoral. É triste para sua própria biografia. Só quem perde com isso é ele — disse Aécio.

O tucano disse que os eleitores responderão a todos os ataques. Essa resposta foi dada quando perguntado sobre as insinuações de Lula e da própria presidente Dilma de que ele tem sido agressivo com as mulheres:

— Não vou responder. Deixe que as pessoas respondam nas urnas a todas essas infâmias. A minha campanha é a da verdade, da responsabilidade.

Enfático, Aécio disse que a campanha de Dilma ficará marcada como a campanha "da infâmia e do medo".

— Essa campanha vai ficar marcada na história do Brasil como a campanha da infâmia por parte dos nossos adversários. Mas para eles não há limites, não há limites para se manterem no poder. A campanha da minha adversária é a campanha da mentira. A campanha adversária tem na mentira o seu instrumento mais vigoroso de ataque político.

Mas não receio o PT. A minha candidatura vai vencer a mentira, vai vencer o PT. Os brasileiros não merecem ser governado pelo medo — disse Aécio, acrescentando:

— O medo daqueles que anunciam o fim dos programas sociais se perderem as eleições e que colocam em dúvida afirmações tão claras como estamos fazendo em relação a empresas públicas. Vou até o final desta campanha falando a verdade.

Segundo ele, há a distribuição de material apócrifo.

— Acredito que a verdade vai vencer a mentira, as propostas vão vencer os ataques. Vai vencer o Brasil velho, o Brasil antigo, que é representado por esse governo. Quem não tem o que falar sobre o futuro é porque, realmente, perdeu as condições de governar o Brasil. Hoje mesmo são boletins, jornais apócrifos, anônimos sendo distribuídos em todo o Brasil, exatamente dando a ideia de que poderíamos exatamente de que poderíamos estar indo na direção da diminuição ou do fim dos programas sociais ou da privatização dos bancos públicos. Os nossos adversários sabem que isso não vai acontecer — disse Aécio, acrescentando que seu dever é tranquilizar os beneficiários do Bolsa Família e os servidores dos bancos públicos, que estão "aparelhados por partidos políticos".

'Que investigue', diz Aécio sobre Aeroporto
Em relação aos aposentados, Aécio repetiu que vai acabar com o fator previdenciário. Também rebateu as acusações da presidente Dilma sobre a valorização do salário mínimo, afirmando que vai manter o atual mecanismo até 2019.

— Hoje quero reiterar alguns compromissos: o primeiro deles é o compromisso de garantir os programas sociais em andamento, em especial o Bolsa Família, e o compromisso com os bancos públicos, com o seu fortalecimento e profissionalização, valorização dos seus funcionários.

— Já não sou candidato de um partido, de uma coligação, mas de um amplo sentimento de mudança, que já venceu no primeiro turno e acredito que vencerá no segundo turno.

Aécio disse que o Ministério Público Federal em Minas pode investigar as obras do aeroporto de Claudio, que foi construído em terra desapropriada que pertencia à família do candidato. A Procuradoria Geral da República arquivou a denúncia criminal sobre o caso, mas o MP em Minas investiga se houve improbidade administrativa.

— Tem que investigar. Que investigue — disse apenas.

Mais tarde, à imprensa local, ele disse que, se vencer, terá uma relação "republicana" com o governador eleito Fernando Pimentel (PT). Ainda prometeu democratizar a mídia, fortalecendo os veículos regionais, e novas regras para times de futebol.

Democratização da mídia
Aécio defendeu a democratização da mídia e disse que, se eleito, vai fortalecer esse princípio e ainda as mídias regionais. A questão da liberdade de imprensa se tornou foco de debate e polêmica na campanha, porque o PT da presidente Dilma Rousseff defende a regulamentação da mídia no país.

— A regionalização da mídia é muito importante. A democratização da mídia é algo muito importante. E eu quero poder, se presidente for, fortalecer a mídia do interior. Tenho o compromisso de democratização da mídia para que os veículos do interior possam crescer — disse Aécio.

O tucano, depois da coletiva, se reuniu apenas com órgãos regionais. Ele disse que sempre procura fazer esses encontros, como em São Paulo e no Nordeste e que não poderia deixR de fazê-lo justamente em Minas Gerais.

'Lula apequena biografia', afirma Aécio sobre ataques

• Candidato diz ignorar declarações de ex-presidente, segundo quem o tucano é 'filhinho de papai', e evita falar sobre decisão do Ministério Público Federal de investigar construção de aeroporto

Pedro Venceslau e Elizabeth Lopes - O Estado de S. Paulo

BELO HORIZONTE - O candidato Aécio Neves respondeu em Belo Horizonte na tarde desta quarta-feira, 22, os ataques feitos contra ele pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula Silva, que chamou o tucano de "filhinho de papai" em um comício. "Eu ignoro. Lamento apenas que o ex-presidente cumpra esse papel inexpressivo. É triste. Lula apequena sua biografia", afirmou.

O presidenciável falou com os jornalistas nesta quarta antes de participar de um comício no centro de Belo Horizonte. O tucano também reclamou da produção de materiais de campanha apócrifos que, segundo ele, tentam criar rumores de que ele acabaria com programas sociais e prejudicaria os servidores públicos. "Essa campanha será marcada como a da infâmia. Jornais apócrifos estão sendo produzidos em todo o Brasil, dizendo que somos contra os programas sociais e bancos públicos. O meu dever é tranquilizar os beneficiários do Bolsa Família e os servidores."

Questionado sobre propagandas elaboradas pela campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) com insinuações de que ele desrespeita as mulheres, Aécio voltou a se queixar das "infâmias". "Eles acham que podem enganar a todos o tempo todo, mas não podem", disse.

Aécio cumpre agenda em seu Estado natal, local também escolhido para encerrar a campanha tucana, no sábado, 25. No sábado, ele vai visitar o túmulo do avô, Tancredo Neves, em São João Del Rey, mas no domingo volta a Belo Horizonte.

Aeroporto de Cláudio. O candidato foi econômico nas palavras ao comentar a decisão do Ministério Público Federal em Divinópolis, na região central de Minas, de abrir procedimento para apurar suspeita de improbidade administrativa na construção do aeroporto de Cláudio. "Tem que investigar", afirmou.
A obra, iniciada na gestão de Aécio à frente do governo de Minas em 2009, custou R$ 13,9 milhões ao Estado e foi feita em terreno desapropriado de um tio-avô do tucano, Múcio Guimarães Tolentino. O caso foi divulgado pelo jornal Folha de S.Paulo. Aécio nega irregularidades.

Democratização da mídia. Durante entrevista coletiva concedida a jornalistas de veículos do interior de Minas, Aécio defendeu a democratização da mídia e do futebol. "A democratização da mídia é muito importante, quero fortalecer a mídia do interior", disse. Sem entrar em detalhes, o candidato sinalizou que a proposta seria no sentido de garantir mais repasse de publicidade a jornais menores. A ideia, portanto, não se assemelharia à bandeira da democratização dos meios de comunicação tradicionalmente defendida por lideranças de esquerda e setores do PT. Aécio é sócio de uma rádio no Estado. A sociedade foi formalizada depois que o tucano deixou o comando do governo mineiro, em 2010.

O tucano também disse ter conversado nesta quarta com o senador eleito pelo PSB do Rio e ex-jogador Romário e falou sobre a democratização do futebol brasileiro. "Temos que democratizar o futebol brasileiro. Vou estimular um debate sobre a profissionalização da gestão dos clubes", afirmou. Aécio sugeriu ainda que o calendário do Campeonato Brasileiro seja reformulado. / Colaborou Marcelo Portela

Dilma tem que responder pelos atos 'igual um homem', diz tucana

• Deputada estadual Terezinha Nunes liderou o movimento 'Todas com Aécio', no Recife, e rebateu pesquisa mostrando de que eleitores condenam agressividade de tucano na campanha

Clarissa Thomé - O Estado de S. Paulo

RECIFE - Centenas de pessoas se reúnem na Praça do Marco Zero, no Recife (PE), em evento de apoio à candidatura de Aécio Neves à presidência, nesta quarta feira, 22. O ato, batizado de "Vem Pra Rua", ocorre um dia depois de grande evento de campanha da presidente Dilma Rousseff (PT) na cidade, com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Dilma e Aécio disputam os votos de Marina Silva (PSB) no Estado onde foi a mais bem colocada no primeiro turno, com 48% dos votos. Dilma teve 44% e Aécio, 5%.

A manifestação começou com caminhada do movimento Todas com Aécio, liderado pela deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB), que não se reelegeu. Cerca de 2 mil mulheres, segundo a organização, saíram da Praça Maciel Pinheiro e caminharam pelas ruas centrais em direção ao Marco Zero.

"Quando o PT foi agressivo com Marina e ela chorou, disseram que era coitadinha. Agora estão reclamando que Aécio foi agressivo com Dilma. Dilma não é coitadinha. Uma mulher que chega à presidência da República tem que responder pelos seus atos igual a homem", disse a deputada.

A fala ocorre após a pesquisa Datafolha, divulgada nesta quarta-feira, mostrar que 71% dos eleitores condenam a agressividade nas eleições e que destes, 36% consideram que Aécio está sendo mais agressivo que a presidente no 2º turno. 24% consideraram a petista mais agressiva.

Convocação. O ato "Vem Pra Rua" marcado para esta quarta-feira foi organizado nas redes sociais e, apesar de a campanha do PSDB alegar que o ato não tem líderes, vários tucanos divulgaram vídeos convocando a população para participar do movimento e pedindo voto para o candidato do PSDB, Aécio Neves. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso chegou a pedir para a população se juntar "contra essa podridão que está havendo no Brasil".

O estudante de engenharia João Campos, filho de Eduardo Campos, morto em acidente aéreo em agosto, também postou em seu perfil no Facebook na terça um vídeo convocando os jovens que participaram da onda de protestos iniciada em junho de 2013 a votarem em Aécio.

"Se engajem e participem da campanha do futuro presidente Aécio Neves nesta reta final. Principalmente você que é jovem, que foi às ruas no ano passado. Agora chegou a hora de escolher o caminho da mudança. Eu sou brasileiro. Eu sou Aécio 45", diz o rapaz, que veste camisa amarela estampada com a frase "Não vamos desistir do Brasil", lema repetido por Eduardo Campos.

Mobilização pró-Aécio em SP reúne cerca de dez mil pessoas

• Para Walter Feldman, apoio à tucano é 'muito semelhante ao que aconteceu nas manifestações de junho do ano passado'

Ana Fernandes e Ricardo Chapola - O Estado de S. Paulo

Segundo a Polícia Militar, a manifestação de apoio ao candidato a presidente Aécio Neves (PSDB) na capital paulista reúne cerca de 10 mil pessoas. A concentração começou no Largo da Batata, na zona oeste, e segue na Faria Lima. Jingles da campanha se misturam a gritos de ordem contra o PT. A cantora Wanessa Camargo cantou em cima do carro de som a música oficial da campanha, que já havia gravado para o programa de TV de Aécio. Ela cantou também o Hino Nacional.

Entre os gritos anti-PT, repetidos à exaustão pelos manifestantes, destacaram-se hostilidades contra o ex-presidente Lula. "Lula, cachaceiro, roubou o meu dinheiro", gritavam. Também ouviu-se:"Dilma vai embora, o Brasil não quer você, aproveita e leva o Lula e os vagabundos do PT"; "O PT roubou" e "Fora PT".

"É uma coisa impressionante, muito semelhante ao que aconteceu nas manifestações de junho do ano passado", disse Walter Feldman, que coordenou a campanha de Marina Silva e que agora se dedica à campanha do tucano, ao Broadcast Político, em meio à manifestação. Com nome #VemPraRuadia22, o movimento tenta reavivar o espírito das manifestações que causaram abalo à avaliação da presidente Dilma Rousseff (PT), em 2013.

Foi anunciado no carro de som atividades simultâneas em mais de 15 cidades. O carro tocou o jingle da campanha e chamou para gritos de "Fora PT", "O PT roubou" e até uma marchinha de "Dilma vai embora, que o Brasil não quer você / aproveita e leva o Lula e os vagabundos do PT".

A ideia é partir em seguida para uma caminhada pela Avenida Faria lima. O tom ufanista se vê em camisas e bandeiras do Brasil e se mistura a falas de revolta contra o PT.

Muitas pessoas trouxeram crianças e até cachorros. Misturam-se eleitores tradicionais do PSDB a eleitores que também já votaram no PT. "Sempre votei no PSDB, sou anti-PT desde a 'revolução de 64'", disse a confeccionista Acrisia Monteiro. Já Vitor Sanches, auxiliar de escritório, que votou em Dilma em 2010, diz hoje apoiar o tucano por ter ficado decepcionado com a capacidade de gestão do governo Dilma. "Nas manifestações, eu fui pra rua e não houve mudança, a mudança vai ser na urna."

Já subiram no carro de som, no Largo da Batata, o candidato presidencial do PV, derrotado no primeiro turno, Eduardo Jorge , o vereador do PV Gilberto Natalini e o jurista e ex- ministro do governo Lula, Miguel Reali Jr. "O PV foi o primeiro partido que decidiu apoiar Aécio no segundo turno", disse Jorge, que afirmou que o apoio se deve ao atual governo ser "avesso" ao povo e porque o governo "infiltrou até a medula" ministérios e agências reguladoras.

"Estamos indignados ou não estamos indignados? Vamos reagir no voto e vamos pôr o PT fora do governo", disse Reali Jr. Os famosos Juca Chaves e Ronaldo Fenômeno são esperados. Também foram citados os tucanos Jose Serra e Mara Gabrilli, que devem chegar em breve.

Manifestações. Para garantir a vantagem de Aécio no Estado, o PSDB também investiu em agenda de forte apelo popular nesta última semana. A estratégia foi promover atos inspirados na onda de protestos de junho de 2013. A aposta é vincular o candidato à ideia de mudança expressa pelos manifestantes, como o tucano já vem fazendo em seus programas de TV.

Na segunda-feira, aliados de Aécio se concentraram na Avenida Paulista. Na quarta-feira, o local escolhido foi o Largo da Batata, em Pinheiros, na zona oeste, que em 2013 foi o palco de uma das maiores manifestações da série junina.

Como Aécio passou o dia em campanha em Minas, seu Estado natal, coube ao ex-presidente Fernando Henrique e o senador eleito José Serra representá-lo no evento. De cima de um carro de som, Serra puxou o coro de “Adeus, PT”, que foi rapidamente ecoado pelas mais de 10 mil de pessoas que se reuniram no local.

FHC também se pronunciou: “Não dá mais para seguir com a incompetência, vamos vencer. Em São Paulo, temos a obrigação de eleger Aécio Neves presidente.” Além dos tucanos, o ex-jogador de futebol Ronaldo engrossou o time ao subir no carro de som e bradar por mudança.

Apesar de não ter comparecido ao ato de quarta-feira, o governador Geraldo Alckmin também tem realizado agendas de campanha para o candidato tucano aos finais de semana. No domingo, por exemplo, ele foi a São Bernardo do Campo, na região metropolitana, para fazer uma caminhada.

Segundo o presidente do PSDB paulista, deputado Duarte Nogueira, somente na capital paulista cerca de 600 pessoas do partido foram recrutadas e estão sendo pagas pelo comitê financeiro da campanha de Aécio para fazer a panfletagem nas ruas.

O estafe do presidenciável também foi reforçado pela estrutura de campanha de Alckmin, que foi reeleito no 1.º turno. Cerca de 50 pessoas que trabalharam para a campanha do governador foram realocados para o comitê de Aécio. /

Ato pró-Aécio com FHC e Serra reúne 10 mil em SP com clima antipetista

- Valor Econômico

SÃO PAULO - Em evento de apoio ao candidato a presidente Aécio Neves (PSDB) que reuniu, segundo a Polícia Milit ar, cerca de 10 mil pessoas nesta quarta-feira (22) na zona oeste de São Paulo, predominaram declarações e gritos de guerra antipetistas.

Em concentração no Largo do Batata, antes de saírem em passeata pela avenida Faria Lima, o público ouviu discursos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do senador eleito José Serra, do ex-jogador Ronaldo Nazário e de outros aliados do tucano.

"O Brasil não aguenta mais inflação com corrupção e incompetência", discursou FHC.

"Nós temos a obrigação de levar Aécio Neves à Presidência da República para que ele realmente reponha o Brasil no caminho correto, no caminho do crescimento econômico com distribuição de renda, com manutenção das políticas sociais --que nós implantamos. No caminho da manutenção do aumento do salário mínimo, que no meu tempo foi o dobro do tempo da Dilma Rousseff", acrescentou.

A origem de programas de distribuição de renda foi fruto de discussão entre a presidente Dilma Rousseff (PT) e Aécio nos debates televisivos. A petista diz que o alcance dos programas no governo tucano é suficiente para considerá-los como embriões do Bolsa-Família.

Ronaldo engrossou o coro. Disse que o país está "cansado de tanta corrupção" e pediu "mudança".

Aliado de Aécio, o deputado federal Paulinho da Força (SDD) disse que o tucano "vai ganhar a eleição no próximo domingo" e, em referência a Dilma, "pôr a chefe da quadrilha lá na Papuda", complexo penitenciário federal onde foram presos parte dos condenados no mensalão.

A passeata foi organizada nas redes sociais e divulgada com ajuda de artistas e aliados de Aécio. Coordenadores dizem que o ato não foi organizado por partidos. "O PSDB e o Solidariedade deram só uma ajuda ou outra, com material [de campanha] e divulgação", afirmou o economista Humberto Laudares, 34, um dos organizadores.

A marcha seguiu com gritos de "fora PT", "nossa bandeira jamais será vermelha" e ao som do jingle do candidato e o hino nacional interpretados pela cantora Wanessa Camargo.

Romário reforça campanha de Aécio na reta final da disputa

• Marina grava depoimento, exibido pela primeira vez no programa do tucano

Simone Iglesias e Cristiane Jungblut - O Globo

BRASÍLIA, RIO e BELO HORIZONTE - Na reta final do segundo turno, a campanha do candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves, levou ontem à TV as primeiras gravações de Marina Silva (PSB), terceira colocada na disputa, e Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, pedindo votos para o tucano. Ambas haviam declarado, na primeira semana do segundo turno, que votariam e apoiariam Aécio, mas não haviam gravado vídeos pedindo votos. Aécio também fechou o apoio de Romário, eleito senador pelo PSB com 4,6 milhões de votos.

Marina decidiu aparecer no programa de Aécio anteontem, e as gravações ocorreram ontem. Marina, que teve 21% dos votos no primeiro turno, acusou a presidente Dilma, candidata do PT à reeleição, de fazer uma campanha "destrutiva", que atingiu a ela, Campos e Aécio.

- Domingo é um dia muito importante, é o dia em que a gente pode mudar de verdade o Brasil com seu voto. E por que mudar? Estamos diante da volta da inflação, que corrói o dinheiro dos trabalhadores. O dinheiro dos nossos impostos está escorrendo em casos de corrupção que envergonham o Brasil. Espalham medo, partem para os ataques pessoais, em vez de debater projetos e soluções, porque sabem que, assim, evitam expor os erros e fraquezas de seu governo. (...) Aécio acende uma luz na escuridão desta campanha eleitoral - disse Marina na TV.

Em comício em Belo Horizonte, Aécio disse que vai "libertar o Brasil como fez Tancredo Neves há 30 anos, quando libertou o país da ditadura". Tancredo foi um dos líderes do processo de redemocratização. Escolhido presidente por voto indireto no Colégio Eleitoral, morreu antes de assumir.

- São pouquíssimos dias que nos separam da libertação do Brasil. Porque, se há 30 anos atrás, o pai de minha mãe, o presidente Tancredo Neves, nos libertou da ditadura, eu vou libertar o Brasil de um um grupo que se apropriou do poder, em benefício de um pequeno grupo e em detrimento dos interesses maiores da nossa gente. Não venho para dividir, venho unir este país em torno de valores como os da ética e da honradez - disse Aécio.

Em entrevista, Aécio disse que o PT faz uma "campanha da infâmia" e que o ex-presidente Lula "apequena sua biografia" ao fazer ataques "torpes e absurdos", sem se comportar como um ex-presidente da República.

O tucano vinha evitando reagir aos ataques de Lula, mas mudou de ideia. Nos últimos dias, o ex-presidente elevou o tom, chamando Aécio de "filhinho de papai" e comparando tucanos a nazistas.

- Ele apequena sua biografia com ataques torpes e absurdos como esse (de comparar o PSDB aos nazistas). Lula não está disputando a eleição, ignoro. Lamento apenas que um ex-presidente da República se permita cumprir um papel tão inexpressivo como esse que ele vem cumprindo. É triste para sua própria biografia. Só quem perde com isso é ele - disse Aécio.

No comício, o cantor sertanejo César Menotti cantou o jingle da campanha, enquanto o clipe passava no telão. A legislação proíbe a realização de showmícios, com a apresentação de cantores. Aécio pediu que, sábado, a população use as cores da bandeira, verde, amarelo e azul, em busca de votos. (*Enviada especial)

Alberto Goldman - Lula, entre imbecil e canalha

- Blog do Goldman

A presidente-candidata Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula encerraram a campanha petista no Nordeste nesta terça-feira com um comício em tom raivoso no Centro Antigo do Recife, capital de Pernambuco. No auge dos ataques ao PSDB e a Aécio Neves, adversário de Dilma no segundo turno, Lula comparou os tucanos aos nazistas, responsáveis pelo Holocausto judeu na 2ª Guerra Mundial, e hostilizou Aécio.

“Se o Nordeste ouviu, leu ou viu as ofensas contra nós, o preconceito contra nós... De vez em quando, parece que estão agredindo a gente como os nazistas agrediam no tempo da 2ª Guerra Mundial. Eles são intolerantes. Outro dia eu dizia para eles, vocês são mais intolerantes que Herodes que mandou matar Jesus Cristo quando ele nasceu com medo de ele virar o homem que virou. E vocês querem acabar com o PT, com a nossa presidente, querem achincalhar ela, chamar ela de leviana. Só pode ser feito por um filhinho de papai.”

Lula emendou: “Onde ele estava quando essa moça com apenas 20 anos de idade estava colocando a sua vida em risco para lutar pela liberdade desse país?”.

Este canalha não tem remédio. Não tem outro nome. Em primeiro lugar porque nunca fizemos qualquer ofensa aos nordestinos. O uso despudorado e distorcido de frases do Aécio ( no caso do FHC que em nenhum momento mostrou preconceito contra ninguém, muito menos contra os nordestinos ), ultrapassa qualquer limite do aceitável, seja em campanha eleitoral ou em qualquer manifestação. Em segundo lugar porque se utiliza do assassinato de 6 milhões de judeus, inclusive todos meus antepassados, com exceção dos que imigraram ao Brasil, para fazer uma campanha de ódio, aterrorizado pela perspectiva da derrota.

Para completar essa canalhice pergunta onde Aécio estava quando Dilma, com 20 anos de idade, arriscava sua vida. Na época, imbecil, Aécio tinha 10 anos de idade.

ONG que reforçou ato de Dilma tem convênios

• Articulação do Semiárido brasileiro (Asa) recebeu mais de r$ 500 milhões do próprio governo Dilma

Demétrio Weber e Letícia Lins – O Globo

BRASÍLIA, RECIFE e RIO - A Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), entidade que levou anteontem a Petrolina (PE) 99 ônibus com pessoas dispostas a participar do comício da presidente Dilma Rousseff, candidata à reeleição pelo PT, recebeu R$ 587,3 milhões do governo federal nos últimos quatro anos. Só em 2014, os repasses feitos à ASA chegaram a R$ 172,8 milhões. As informações estão disponíveis no Portal da Transparência da Presidência da República.

O dinheiro diz respeito a convênios firmados com a entidade pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. A ASA executa programas de construção de cisternas e irrigação no semiárido da região Nordeste do país e do norte de Minas Gerais. O programa de cisternas foi lançado em 2003, no primeiro ano do governo Lula, e já resultou na construção de 552 mil reservatórios que captam água de chuva. Seu trabalho tem sido considerado de grande importância diante da seca.

A soma dos repasses federais à ASA durante o governo Dilma, um total de R$ 587,3 milhões, corresponde ao valor nominal, isto é, sem correção inflacionária. Segundo o Portal da Transparência, foram transferidos R$ 93,1 milhões em 2011; R$ 144,3 milhões em 2012; R$ 177 milhões em 2013; e R$ 172,8 milhões em 2014. Ainda segundo o portal, a ASA recebeu R$ 95,5 milhões do governo federal em 2010, no último ano do governo Lula, também em valor sem correção pela inflação.

O comício de Dilma em Petrolina reuniu cerca de 30 mil pessoas na terça-feira. Os 99 ônibus custeados pela ASA têm capacidade para transportar cerca de 4 mil pessoas e foram usados para levar caravanas de diferentes estados do Nordeste, além de Minas Gerais. Durante as campanhas eleitorais, quaisquer colaborações, sejam elas financeiras ou não, precisam ser declaradas à Justiça Eleitoral. No entanto, a legislação veda a contribuição de sindicatos e organizações, como a ASA, às campanhas.

A Lei das Eleições (9.504/97) afirma, em seu artigo 24, que "é vedado, a partido e candidato, receber direta ou indiretamente doação em dinheiro ou estimável em dinheiro, inclusive por meio de publicidade de qualquer espécie, procedente de: (...) entidade de classe ou sindical; organizações não-governamentais que recebam recursos públicos; organizações da sociedade civil de interesse público". A ASA se insere na última categoria, segundo sua assessoria.

Ontem, advogados do PSDB estudavam a possibilidade de entrar com uma ação por conta da atuação da ASA em Petrolina. Mas há quem enxergue uma polêmica jurídica no horizonte:

- A lei proíbe a doação de entidades de classe e sindicatos para campanha. Mas, neste caso, acho que existem interpretações para os dois lados - pondera Michael Mohallem, professor de Direito da FGV Rio. - Um lado vai dizer que foi despesa de campanha, porque o transporte foi a serviço da campanha. O outro lado vai dizer que não, porque o apoio financeiro foi para pessoas que foram apenas assistir ao comício. Mas, se ficar comprovado que eram cabos eleitorais, é algo claramente proibido pela lei.

Encontro com Gilberto Carvalho
Em Recife, a Federação dos Trabalhadores de Agricultura de Pernambuco (Fetape) - que é filiada à Contag e que participou do evento em Petrolina - informou ao GLOBO que as caravanas que se deslocaram para Petrolina tiveram as viagens financiadas pelos próprios sindicatos, conforme havia sido deliberado em reunião realizada na semana passada, na cidade de Carpina, com a presença do ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Caravalho, e representantes da ASA.

Naidison Baptista, coordenador da ASA, foi procurado para comentar a origem dos recursos usados pela entidade para levar pessoas a Petrolina. Ele solicitou que o pedido de informação fosse enviado "por ofício", mas, mesmo tendo seu pedido atendido, não retornou até o fechamento desta edição.

A ASA consiste na maior mobilização da sociedade civil do semi-árido nordestino. Ela congrega mais de 3 mil entidades - ligadas a igrejas, sindicatos, organizações não-governamentais e associações comunitárias - que atuam no agreste e no sertão para viabilizar a convivência do homem da caatinga com a seca.

A entidade surgiu em 1999, durante realização do Forum Paralelo da Sociedade Civil à III Conferência das Partes das Convenção das Nações Unidas para Combate à Desertificação (COP 3), que aconteceu em Recife naquele ano. A proposta original da entidade era ambiciosa: construir 1 milhão de cisternas domésticas no semi-árido para livrar o sertanejo da dependência do carro-pipa. Foi então desencadeado o Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC), no início financiado por entidades privadas (como a Febraban ) e pela Agência Nacional das Águas.

A partir de 2003, o governo federal passou a ser o principal financiador do P1MC, que também recebia ajuda de entidades estrangeiras. O P1MC ganhou força depois do apoio das gestões petistas e, até o momento, já implantou 552.395 cisternas domésticas no semi-árido. Elas garantem água potável para o consumo familiar em épocas de estiagem estiagens. Todas as cisternas têm número de registro e são fotografadas junto às famílias beneficiadas, o que impede a proliferação de obras fantasmas.

Recentemente, a ASA abriu outra frente de trabalho: o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), através do qual já implantou 67.780 barragens subterrâneas, cisternas-calçadão, cisternas de enxurrada e pequenas barragens. Segundo a ASA, 2,7 milhões de pessoas foram beneficiadas por suas ações.( Colaboraram Carolina Brígido e Marco Grillo )

PT teme abstenção e pede transporte ao TSE

Thiago Resende e Andrea Jubé - Valor Econômico

BRASÍLIA - Preocupado com altos índices de abstenção no primeiro turno inclusive em Estados que são redutos do PT, o partido pediu ao TSE um "reforço institucional" para garantir transporte público aos eleitores no domingo, dia do segundo turno da disputa presidencial e de governos estaduais.

Esse tipo de transporte é permitido, mas os juízes eleitorais têm de autorizar os veículos. Partidos políticos e candidatos são proibidos de fornecer alimentação e transporte a eleitores no dia do pleito, seja na cidade ou no campo. O quadro geral de percursos e horários programados para o transporte dos votantes tem que ser informado 15 dias antes de cada votação.

Documento obtido pelo Valor mostra que o PT requer que a Justiça Eleitoral tome as medidas necessárias para que a população de regiões de difícil acesso possa votar. "Acreditamos que um dos fatores que contribuíram para o aumento das abstenções tenha sido a falta de transporte para a população ribeirinha", argumentou Rui Falcão, presidente nacional do PT, ao pedir que o TSE "oriente os Tribunais [Regionais Eleitorais] e Zonas Eleitorais sobre a importância" de garantir as condições para o exercício do voto. O TSE ainda vai analisar o pedido.

O comitê dilmista receia o aumento do número de faltosos, sobretudo em redutos petistas onde a abstenção superou a média nacional, como Bahia e Maranhão. O partido se mostrou preocupado com o índice de abstenção, que foi de 19,4% no primeiro turno, correspondente a cerca de 27,6 milhões de eleitores, o segundo maior desde a redemocratização, atrás apenas dos 21,5% que deixaram de votar na eleição presidencial de 1998.

Reportagem do Valor publicada ontem mostrou que o Brasil poderá ter um nível de abstenção recorde no segundo turno, já que, historicamente, o percentual de eleitores que não comparece para votar cresceu em todas as eleições presidenciais com dois turnos desde 1989.

Coordenadores da campanha de Dilma não escondem a preocupação com o risco de evasão do eleitorado, sobretudo onde o voto petista é mais forte. Na Bahia, por exemplo, o PT elegeu o governador Rui Costa no primeiro turno e Dilma obteve 61,4% dos votos. Uma planilha elaborada pelo partido mostra que 170 municípios do Estado tiveram abstenção de 23,2% ou mais. No Maranhão, onde Dilma obteve larga vantagem sobre Aécio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB), esse índice superou 23,6% em 102 municípios.

Apesar de grande parte dos dados apresentados pelo PT se referir a abstenções em locais onde o partido teve um bom desempenho no primeiro turno, o pedido também destaca regiões onde o voto tucano é expressivo, como Mato Grosso e Rondônia. No primeiro Estado - onde o senador Pedro Taques (PDT), apoiado pelo tucano, elegeu-se no primeiro turno - o índice de faltosos foi maior que 22,9% em 35 municípios. Em Rondônia, a taxa de abstenção passou de 21% em dezenas de cidades.

Uma preocupação que embala as duas campanhas é o número de ausências em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, onde Aécio tenta virar o jogo e bater Dilma no segundo turno. Em contrapartida, os petistas esperam repetir a vitória junto aos mineiros do primeiro turno, para compensar - com Minas e com o Rio de Janeiro - a previsível derrota em São Paulo.

Em Minas, a abstenção chegou a 20%. Em Governador Valadares, com 201,7 mil eleitores, esse índice chegou a 23,9%. E no Rio de Janeiro, terceiro maior colégio eleitoral, que também terá papel decisivo nesse segundo turno, a abstenção na capital chegou a 21,5%.

De acordo com resolução do TSE, "se não forem suficientes os veículos e embarcações do serviço público para fazer o transporte dos eleitores da zona rural, o juiz eleitoral poderá requisitar a particulares, de preferência daqueles que tenham carros de aluguel na região, a prestação desse serviço". Procurado, o PSDB não retornou as ligações.

Ambição faz Dilma dizer coisas em que não crê, diz FHC

David Friedlander e Daniela Lima – Folha de S. Paulo

SÃO PAULO - Para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, nesta campanha, Dilma Rousseff (PT) mostra até que ponto a "ambição pelo poder" leva um político a mentir para ganhar uma eleição.

"Ela não pode acreditar no que está dizendo. É verdade que fizemos a estabilização, que iniciamos os programas sociais. Dizer que não, para ganhar a eleição, me entristece", afirmou à Folha.

Nesta entrevista, FHC fala das chances de seu candidato Aécio Neves (PSDB) vencer a disputa ao Planalto e elogia a "lealdade" do tucano ao defender seu governo (1995-2002), algo que José Serra e Geraldo Alckmin não fizeram nas eleições anteriores.

Folha - Pesquisas mostram que Aécio Neves chega à reta final com menos força do que quando começou o segundo turno. O que aconteceu?
Fernando Henrique Cardoso - O que aconteceu com a Marina Silva [PSB]? Foi submetida a um bombardeio enorme. O bombardeio em cima do Aécio é enorme também. Ele tem resistido bem. Se for ver a quantidade de afirmações sobre o Aécio, sobre o PSDB ou sobre o meu governo que são falsas... E ainda assim ele chega competitivo. Os dados da pesquisa não são a palavra final. Ainda temos quatro dias.

O PT usou seu governo para desgastar Aécio. O sr. acha que a avaliação de sua gestão prejudica os candidatos do PSDB?
Se fosse isso, Aécio não estaria onde está. Veja, qual foi a tática do PT? Demonizar tudo o que fizemos. Nunca fui favorável à privatização indiscriminada, nunca quis privatizar o Banco do Brasil ou a Petrobras. Vejo a presidente Dilma se rebaixar a dizer que eu ia mudar o nome da Petrobras...

Aécio diz que esta é a campanha de mais baixo nível mais baixa desde a redemocratização. O sr. concorda?
Difícil dizer. O ataque maior hoje não é nos debates. É nas redes sociais. Eles dizem de tudo.

Dizem que o eleitor não gosta, mas a pancadaria funcionou com a Marina...
Aécio tem uma virtude: resiliência. Está em pé, com tudo isso aí. Agora fizeram uma nova distorção, que ele é agressivo. Ele não agrediu a Luciana Genro (PSOL). Disse que ela tinha feito uma coisa leviana. Isso não é agressão. Se você trata as mulheres com respeito, toma a sério as palavras que elas dizem. Respeitar a mulher é tomá-la como um competidor à altura.

Em seu aniversário de 80 anos, Dilma mandou carta elogiosa ao sr. Agora, na campanha, ela o critica. Essa mudança de postura o surpreendeu?
Nunca ataquei a Dilma pessoalmente. Discuto a política dela. Eu fiquei um pouco, digamos, entristecido de ver até que ponto a ambição pelo poder leva as pessoas a dizerem o que não creem. Ela não pode acreditar no que está dizendo. É verdade que nós fizemos a estabilização, que iniciamos os programas sociais. Dizer que não, para ganhar a eleição, me entristece. Que o Lula diga, não me incomodo. Ele diz qualquer coisa, é macunaímico'. Mas não considero a Dilma macunaímica'. A respeito.

Por que o sr. acha que Aécio conseguiu chegar mais longe do que José Serra (2002 e 2010) e Geraldo Alckmin (2006)?
Dizem que ele decidiu enfrentar as questões [críticas do PT à gestão de FHC]. Não acho que seja tanto isso. O que foi feito por mim, pertence à história. Agora, ele mostrou uma coisa que o povo valoriza: lealdade. Não fugiu da briga. E isso mostra caráter: esse cara tem lado'.

E Serra e Alckmin?
Não culpo nem Geraldo, nem Serra. Eles tinham lado também. O momento não era favorável. Não adianta dizer as coisas quando as pessoas não querem ouvir. Lula passou dez anos tentando destruir o que fiz. Neste momento, como a situação piorou, as pessoas abriram os ouvidos.

Esta semana, Lula comparou os tucanos aos nazistas.
Ele deu declarações no passado de que tinha admiração pelo Hitler [numa entrevista à Playboy, em 1979, Lula disse que admirava a obstinação do líder nazista, não sua ideologia]. Vou chamar o Lula de nazista por isso? Ele é inconsequente, diz qualquer coisa.

Lula usou a comparação para dizer que os tucanos querem destruir o PT...
O PSDB quer ganhar a eleição, não destruir o PT. O Lula inverte os argumentos.

Marina Silva deveria ter cargo num governo Aécio?

Não sei se a Marina iria querer participar, mas as ideias dela têm que estar presentes, se não por ela, por alguém.

Aécio tem usado o escândalo da Petrobras para atacar o governo Dilma, mas o ex-presidente do PSDB, Sérgio Guerra, foi citado como beneficiário do esquema.
A menção é de um advogado que diz que o cliente disse isso. É muito vago. Tem que investigar, mas é muito vago e eu não posso ir além.

A presidente costuma rebater as acusações de Aécio dizendo que, no seu governo, nada era investigado...

Não é verdade. Não tinha base para seguir adiante. Alguns foram para a Justiça. Não tinha nada.

O PT diz que a corrupção aparece mais agora porque o governo Dilma investiga...

A defesa deles é: O outro também fez". Isso é ruim, deseduca. A repetição leva à crença de que todo mundo participa desse sistema.

Aécio prega o fim da reeleição, que o sr. instituiu...

Não vou me opor. Pessoalmente, sou favorável ao sistema de reeleição. Acho que é cedo para mudar.

A falta de água em São Paulo pode prejudicar Aécio?

Foi feita uma pesquisa interna e ela mostra que o eleitor votaria de novo em Alckmin para governador, então...

O sr. mora em Higienópolis, é abastecido pelo Cantareira. Tem água em casa?

Em casa tem. Sou econômico em tudo, até na água!

Paulo Fabio Dantas Neto – Sobre o segundo turno

• Mensagem escrita no dia 12 de outubro de 2014

A data de hoje é emblemática para o assunto dessa mensagem. Há vinte e dois anos, Ulisses Guimarães foi abruptamente retirado da cena política por um acidente aéreo. Seu corpo jamais foi encontrado, mas sua alma de político por vocação tem chance agora de deixar de pairar sobre a Serra da Mantiqueira para descer à terra e iluminar eleitores, para que façam bem, como ele fazia, o que precisa ser feito.

Nessas eleições vou de Aécio, depois de ter votado em Marina no primeiro turno. E vou serenamente, acreditando que ele expressa uma aliança liderada pelo PSDB, porém, mais ampla do que esse partido e do que qualquer arco de partidos. Estou convencido de que não haveria outro quadro no PSDB mais capaz do que Aécio de exprimir essa convergência que pode fazer o Brasil ultrapassar a melancolia atual e ter um tratamento melhor da sua economia, uma pauta renovada de políticas sociais e, mais do que tudo, uma visão mais arejada e pluralista da política, que reconecte, ao nosso novo presente, os elos que perdemos com a trajetória nobre da transição democrática dos anos 80.

Isso poderá vir agora (tomara mesmo), ou em 2018, mas penso que virá. Sim, porque creio que é uma convergência vinda para ficar, no governo, ou na oposição, até que a maioria do eleitorado brasileiro se convença sobre suas virtudes. Reconheço que o PT tem gorduras para queimar e por isso ainda pode virar o jogo eleitoral. Essas gorduras provêm, não só da sua condição de governo - que lhe permite manejar recursos materiais e políticos não desprezíveis – mas também do seu enraizamento na sociedade, que não se deve subestimar. Ele torna compreensíveis e legítimas (embora a meu ver equivocadas) justificativas de quem vai votar em Dilma em nome da continuidade e aprofundamento das políticas sociais atuais. Agora, essa história de risco de que Aécio seja retrocesso, por mais que seja um equívoco de boa fé da parte de muitos, a cada dia mostra mais a sua face mistificadora. Como tal deve ser rejeitada e vencida e, por isso, peço a vocês um pouco mais de paciência para apresentar minha opinião sobre esse tema que o governo, seu partido e sua candidata trouxeram à campanha.

A ideia de que votar em Aécio é como optar por um retrocesso ainda paralisa setores da esquerda e uma parte do eleitorado graças a uma persistente propaganda do PT, em seu embate maniqueísta com o PSDB, ao longo de anos. Mas é uma visão que desconhece que governos não se orientam só pelas estratégias dos partidos ou dos líderes que os conduzem, mas também são afetados pelos contextos em que estão inseridos.

Em que contexto Fernando Henrique e os tucanos governaram o Brasil? Num contexto em que a estabilidade econômica e o controle da inflação eram os principais reclamos de uma sociedade exaurida por prolongada crise econômica e pelos desmandos do governo Collor. E mais: contexto de hegemonia forte, no mundo inteiro, daquilo que se passou a chamar de "neoliberalismo". Na esteira da queda do muro de Berlim e do desmanche do chamado "socialismo real" (uma onda que atropelou até Gorbachev, reformador da então União Soviética) firmou-se a ideia de que o capitalismo era o fim da história, o que deslegitimava, de antemão, qualquer estratégia política que não se fincasse radicalmente em reformas "orientadas ao mercado".

Se a disputa eleitoral de hoje não toldar nossa memória, lembraremos que os tucanos brasileiros não foram os únicos socialdemocratas no mundo da época a terem que ceder e adaptar suas políticas à hegemonia desse pensamento. Lembraremos, então, de Tony Blair, Felipe Gonzalez e muitos outros. E ainda poderemos constatar que com tudo isso houve, sim, no Brasil dos anos 90, um avanço dessa lógica de onipotência do mercado, mas que mesmo com as privatizações e tudo o mais que compunha aquela agenda, o tal "desmonte" do Estado no Brasil não ocorreu (vide, por exemplo, as políticas sociais que ali começaram), assim como também não se deu o desmonte do nosso parque industrial. Basta comparar com o que ocorreu ao nosso redor, com os vizinhos da AL, para concluir que os tucanos foram moderados na sua adesão à agenda neoliberal.

A primeira pergunta que devemos fazer a nós mesmos para não nos deixar levar só pela propaganda é: se Lula e o PT houvessem governado o Brasil nos anos 90 teriam resistido mais que os tucanos a essa hegemonia e proclamado a "prioridade ao social"? Ou teriam se adaptado a ela, mantendo a agenda social em plano secundário diante da absoluta prioridade que tinham o combate à inflação e a estabilização econômica? Se em 2002, na sua “Carta aos Brasileiros”, Lula reconheceu isso como premissa de sua política macro econômica, imagine se ele iniciasse seu governo em 1994, como FHC!

Lula governou depois dessa onda hegemônica. Por isso pôde dar, como deu, visibilidade tão forte à agenda social, que foi sua promessa mais bem cumprida. Por isso pôde promover (às vezes meio desastradamente, aliás) o fortalecimento do papel do Estado em vários âmbitos da vida social. Por isso Dilma e o PT podem apresentar hoje ao País um cabedal de realizações nesses âmbitos. E por isso ainda têm chances de vencer a eleição, mesmo diante da estúpida corrupção que o PT e seus aliados praticaram e estimularam e da incompetente gestão da economia nos últimos quatro ou cinco anos.

Uma segunda pergunta, então, que devemos fazer para não sermos tragados pelos mantras maniqueístas do marketing é a seguinte: num contexto mundial como o de hoje, em que o "neoliberalismo" está, no mínimo, sob uma suspeita (senão sob um fogo cruzado) na América Latina e na Europa e que, nos EUA, o presidente é um Barak Obama; e num contexto brasileiro em que a prioridade ao social ganhou mais consenso junto ao eleitorado até mesmo do que a ideia da estabilidade econômica; é sensato pensar que um governo de Aécio será um "retrocesso neoliberal”? Francamente, esse tipo de fantasma é obra criada pela propaganda e não deve assombrar, nem causar hesitações, em quem já tem a consciência política de que é preciso mudar.

Claro que há pessoas que sabem de tudo isso, não estão solidárias com a política do governo, mas se acham cansadas de acreditar em mudanças porque passaram a crer que todos os políticos e todos os partidos farão sempre mais da mesma coisa, em qualquer situação. Reconheço que é mais difícil livrar pessoas desse desalento do que desmistificar a conversa do retrocesso. Mas, pensemos:

• Valeu a pena, em 1984, depois da não aprovação das Diretas Já, terem feito um acordo para ultrapassar a ditadura com a eleição de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral OU seria melhor ter ficado na ditadura até que ela caísse (se caísse) por uma explosão do povo nas ruas?

• Valeu a pena, em 1986, ter dado ao Congresso o poder de fazer a Constituição que hoje temos OU estaríamos vivendo melhor sem ela, como pensavam aqueles para quem uma constituição feita pelo Congresso seria contra os trabalhadores?

• Valeu a pena, em 1992, o Congresso ter removido Collor da Presidência OU teríamos nos dado melhor se ele ficasse mais tempo até que um dia, quem sabe, o povo o derrubasse?

• Valeu a pena, em 1994, os tucanos terem sido eleitos para tocarem o Plano Real OU estaríamos melhor hoje se houvesse prevalecido a posição contrária, que denunciava aquele plano como um engodo?
• Valeu a pena, em 2002, Lula ter assinado a Carta aos Brasileiros, ser eleito Presidente e promovido as políticas sociais que promoveu OU o Brasil estaria melhor hoje se ele tivesse se recusado a “acalmar os mercados” naquela hora?

• Por fim, valeu a pena a maioria dos eleitores ter votado na oposição em 2014 OU teria sido melhor para o Brasil que Dilma tivesse vencido logo no primeiro turno e assegurado a continuidade do que aí está?

Penso que as pessoas que preferirem as primeiras alternativas de resposta a cada uma dessas perguntas não devem se sentir em desalento para votar, nesse segundo turno, por uma mudança política. Estou convencido de que essa é a atitude coerente, capaz de valorizar e, ao mesmo tempo, renovar a trajetória de avanço da democracia no Brasil.

Para talvez proporcionar o alento que minhas palavras não conseguirem, sugiro a leitura, link a seguir (www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/marina-anuncia-apoio-a-aécio/ar-BB8TEh1, do pronunciamento em que Marina Silva deu seu apoio a Aécio Neves.

Quem me conhece bem sabe que nunca tive sintonia política com Marina e que votei nela no primeiro turno, embora cercado de sobressaltos, por entender que aquele era um ato determinado por mais uma fatalidade vinda dos ares, similar à que vitimou Ulisses. Mas diante do conteúdo da sua fala, o eleitor desconfiado cedeu de vez o lugar ao cidadão esperançoso. 

Por isso quando for à urna no segundo turno não o farei movido por um impulso tucano, nem iludido pela pessoa de Aécio Neves. Ainda assim o farei sem sobressaltos, serenamente, conservando, ao lado das esperanças, incertezas, que naturalmente há, num momento tão delicado. Mas penso, depois de anos na estrada, assistindo a tanta coisa, que quem quer viver de certezas não viverá nada que, de fato, valha a pena.

Paulo Fábio Dantas Neto, cientista político e professor da UFBA

Jarbas de Holanda - Cenários contrapostos das alternativas de governo que teremos à frente

A vantagem numérica de Dilma Rousseff sobre Aécio Neves, nas pesquisas divulgadas anteontem e hoje, refletiu basicamente a retomada pela campanha da candidata governista, a partir do debate do 2º turno no SBT, agora contra o adversário tucano, da agressiva tática de “desconstrução” posta em prática contra Marina Silva no 1º turno. Com o propósito central de elevar o índice de rejeição dele, para nivelamento com o dela, por meio de uma saraivada de ataques políticos (ao “inimigo dos pobres” e, depois, também, das mulheres) e de caráter pessoal e familiar. Propósito articulado ao objetivo de bloquear ou restringir o debate dos problemas da economia e de seus efeitos sociais, bem como do megascândalo da Petrobras e da estreita relação com os sucessivos governos petistas. Armas essas combinadas com a insistência no fantasma do “medo” de suspensão dos programas assistencialistas por um governo Aécio, para controle do voto de milhões de beneficiários.

Refletindo tudo isso e um intenso uso da má-quina federal em favor da candidata governista, a vantagem obtida agora por ela é até diminuta, tendo sido contida pela atuação de Aécio nos debates já travados, forçando a presença dos graves problemas econômicos e sociais, do aparelhamento estatal e do referido megaescândalo. Pelo duplo caráter, propositivo e de contra ataque às agressões sofridas, imprimido na propaganda partidária. E pelo alargamento do respaldo à sua candidatura com as adesões recebidas da família de Eduardo Campos, de Marina Silva e da aliança de partidos que a apoiaram no 1º turno.

Assim, a disputa presidencial chega à fase decisiva dos últimos dias com o eleitorado dividido praticamente ao meio. Com o pleito a ser definido, segundo o jornalista Elio Gáspari, num “plebiscito para decidir se o PT deve continuar no governo ou ir-se embora”. Reforçando-se agudamente nesta fase o interesse pelo confronto entre os dois finalistas que a Globo promoverá na sexta-feira à noite. Que será relevante para o conjunto da sociedade se puder evidenciar as perspectivas e prioridades, bem contrastantes, de Dilma e de Aécio, para um novo governo. As dela centradas, como tem reiterado, na continuidade da política econômica em vigor (da mistura de populismo e gigantismo estatal). Responsável pela leniência diante da inflação, pelo descontrole das contas públicas, pela forte queda dos investimentos, pelo processo de desindustrialização do país, pelo crescente desemprego industrial, pelo isolamento do Brasil das modernas cadeias produtivas globais, pelo PIB próximo de zero. E pela escalada de corrupção com contratos governamentais favorecida por esse gigantismo. E as dele, apontando para uma “virada” de tal política, a partir do enfrentamento da custosa herança de problemas e distorções macro e microeconômicas que herdará, e com um horizonte reformista.

Política externa. Reportagem da Folha de S. Paulo, de ontem – “Na política externa, Dilma prioriza América do Sul; e Aécio, EUA e Europa” – mostra bem as alternativas de manutenção e de mudança desta política, nos cenários de reeleição de Dilma e de eleição de Aécio. Abertura da matéria: “Em segundo plano na campanha à Presidência, a política externa é um dos temas em que as visões do mundo de Dilma Rousseff (PT) e de Aécio Neves (PSDB) mais colidem. Após 12 anos de governos petistas dedicados à integração com os países da América do Sul e do sul geopolítico, sob Aécio o país passaria a privilegiar EUA e União Européia e manteria a ênfase na China – não ideológica, como enfatizam os tucanos”.

Jarbas de Holanda é jornalista

Merval Pereira - Menor do que entrou

- O Globo

O ex-presidente Lula tem tido uma atuação ambígua nesta eleição. De vez em quando desaparece, dando margem a boatos de que estaria doente ou teria brigado com a presidente Dilma. De repente, eis que Lula surge cheio de gás num palanque no interior do Pará ou no Rio, fazendo discursos, mais que exaltados, delirantes, em defesa do PT e da reeleição de Dilma. Do jeito que ataca seus adversários, atirando para tudo quanto é lado, não parece estar muito certo da vitória.

O ato falho de pedir "só mais esta vitória" para o PT, como fez ontem, indica que o apelo é quase desespero pela possibilidade de derrota, que nunca foi tão grande . Além da baixaria de induzir a plateia a chamar o adversário de bêbado e drogado, ou de in vestir contra jornalistas que considera adversários, Lula apela para mistificações diversas. Chegou a perguntar onde estava Aécio Neves quando Dilma lutava contra a ditadura com armas na mão. Ora, Aécio tinha 7 anos de idade quando Dilma tinha 20. Fazendo-se de ofendido, Lula disse que Aécio não sabia como tratar uma mulher, por ter enfrentado Dilma com palavras duras. E citou "leviana" como sendo uma ofensa à presidente. Aproveita-se Lula do fato de que em algumas regiões do país, sobretudo no Nordeste, "leviana" tem a conotação de prostituta.

E ajuda a disseminar a ideia de que o adversário agride mulheres, inclusive fisicamente, como a rede suja da internet espalha incessante e anonimamente. Mas os vídeos mostram que o próprio Lula chamou Alckmin de leviano várias vezes nos debates de 2006. E atacou adversários hoje aliados, como Sarney e Collor, chamando-os diretamente de "ladrão" e palavras do gênero, o que diz nunca ter feito. Mesmo que vença, como as pesquisas do Datafolha indicam hoje, o PT sai da eleição menor do que entrou. E Lula também. Sobretudo por se valer em dos métodos mais baixos para vencer. O partido continua com a maior bancada da Câmara, mas perdeu nada menos que 18 deputados federais.

Elegeu apenas três governadores no primeiro turno — sendo que a joia da coroa é sem dúvida Minas, arrebatada do grupo político de Aécio —, e, nos três estados em que ainda disputa o segundo turno, pode vencer no CE e no MS, mas deve ser derrotado no RS, estado emblemático para o partido e para Dilma. No Senado, continuará sendo a 2ª maior bancada, mas com menos um senador. Para culminar a má atuação, o PT perdeu nas eleições deste ano o privilégio de ser o partido com maior número de votos na legenda para a Câmara, que ostentava desde 90.

Para mal de seus pecados, ainda ficou atrás do PSDB nesse tipo de voto, o que mostra a vitalidade do partido de oposição. Os tucanos receberam 1,92 milhão de votos, correspondentes a quase 24% dos votos válidos; o PT recebeu 1,75 milhão de votos de legenda, ou 21,6% do total de votos válidos . Em 90, quando iniciou a hegemonia agora derrubada, o PT teve 1,79 milhão de votos, 24,1% dos válidos; e o PSDB, apenas 340 mil votos, ou 4,6%.

Por fim, com o eleitorado literalmente dividido, o vencedor receberá um país traumatizado pela violência da campanha desde o 1º turno, quando o PT usou de técnicas de propaganda negativa para desmoralizar Marina Silva, e a própria Dilma, sem nenhum pudor , insinuou que ela era sustentada por banqueiros , em referência à sua principal assessora, Neca Setubal. É muito mais exagerado do que dizer que Lula é sustentado por empreiteiras, o que ninguém disse.

O PT vem, desde 2010, recebendo menos votos para presidente do que nas eleições anteriores, e a oposição cresce. Após perder duas vezes seguidas no primeiro turno para o ex-presidente Fernando Henrique, Lula só conseguiu vencer no 2º turno, quando tinha uma votação em torno de 60%. Dilma foi eleita em 2010 com 56% e hoje aparece nas pesquisas do Datafolha com 52%, empatada tecnicamente e com o risco de perder a eleição.

A oposição já agrega a metade dos votos válidos e, dependendo da famosa margem de erro, pode vencê-la. Além do mais, o país ganhou uma oposição aguerrida, que, se não vencer, terá atuação muito mais eficaz no eventual 2º mandato de Dilma, com todos os problemas que são esperados nos próximos anos, crises econômicas combinadas com institucionais decorrentes da delação premiada sobre a corrupção na Petrobras. Vencedora, a oposição terá pela frente um PT jogado novamente na oposição, com uma multidão de burocratas partidários desempregados, cheios de rancor para dar.