quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Dilma quer blindar empresas privadas

• No discurso, presidente destaca o combate à corrupção e afirma ter sido obrigada a adotar ‘medidas corretivas’ para o reequilíbrio fiscal

Luiza Damé, Cássio Bruno, Bruno Góes e Fernanda Krakovics – O Globo

BRASÍLIA e RIO - Após quase um mês sem fazer declarações em público, a presidente Dilma Roussef fez um pronunciamento na tarde desta terça-feira durante reunião ministerial, na Granja do Torto, em Brasília. Ela defendeu as medidas econômicas anunciadas pelo governo no mês passado. Dilma também destacou o combate à corrupção no caso do escândalo da Petrobras.

- Temos que apurar com rigor tudo de errado que foi feito. Temos que aprimorar mecanismos para que coisas como essas não voltem a acontecer. Temos que saber apurar e investigar - disse.

Para a presidente, é preciso “punir as pessoas” e “não destruir as empresas”:

- Nós temos de saber fazer isso sem prejudicar a economia e as empresas. Queria dizer que punir, ser capaz de combater a corrupção, não quer dizer destruir as empresas. As pessoas tem que ser punidas, e não as empresas. Temos que fazer um pacto implacável contra a corrupção.

Dilma afirmou que precisou adotar “medidas corretivas” para o reequilíbrio fiscal da economia. Segundo a presidente, o objetivo é estimular o crescimento do emprego e renda dos brasileiros.

- O governo cumpriu seu papel nas contas fiscais para manter o emprego e a renda - afirmou Dilma.

A presidente defendeu os ajustes na política econômica como necessários para a manutenção dos programas sociais e para garantir o crescimento do país. Ela conclamou os 39 ministros a travarem uma batalha na comunicação de governo, não deixando críticas nem boatos sem respostas.

- Nós devemos enfrentar o desconhecimento e a desinformação, sempre e permanentemente. Vou repetir: sempre e permanentemente. Nós não podemos permitir que a falsa versão se crie e se alastre. Reajam aos boatos. Travem a batalha da comunicação. Levem a posição do governo à opinião pública. Sejam claros. Sejam precisos e se façam entender. Nós não podemos deixar dúvidas - orientou Dilma, em pronunciamento que foi transmitido pela televisão.

Apesar das mudanças de regras em benefícios como o seguro-desemprego, Dilma afirmou que isso não significa perda de direitos trabalhistas. Na campanha, ela disse que não faria isso “nem que a vaca tussa”.

- Quando for dito que vamos acabar com as conquistas históricas dos trabalhadores, respondam em alto e bom som: não é verdade. Os direitos trabalhistas são intocáveis, e não será o nosso governo, um governo dos trabalhadores, que irá revogá-los - afirmou, em discurso de cerca de 35 minutos de duração.

O pacote de aumento de impostos, a alta da taxa básica de juros e o veto à correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5% tem provocado críticas no PT.

- Os ajustes que estamos fazendo são necessários para manter o rumo, ampliar as oportunidades, preservando as prioridades sociais e econômicas do governo que iniciamos há 12 anos.

De acordo com a presidente, “o reequilíbrio fiscal” em curso é necessários para combater a inflação, recuperar o crescimento da economia e reduzir juros.

A presidente pediu a colaboração de todos os ministros nesse momento de apertar os cintos:

- Quero alertar os ministros que as restrições orçamentárias exigirão mais eficiência no gasto. Vamos fazer mais gastando menos.

No início do discurso, a presidente Dilma disse que o governo fará, nos próximos quatro anos, que o país tenha condições “mais próspero e menos desigual”, fazendo “tudo o possível” para “dar sequência ao modelo de desenvolvimento adotado desde 2013”. Segundo Dilma, os “ajustes que estamos fazendo são necessárias para manter o rumo e as prioridades do governo”.

- A população brasileira também votou por mudanças e nós faremos as mudanças necessárias - afirmou. - Naquela circunstância (campanha eleitoral), eu deixei claro que o novo mandato para mim e para todos nós tem objetivo de preparar o Brasil para a era do conhecimento, com prioridade da educação e necessária competitividade da nossa economia - completou.

Para Dilma, contas públicas em ordem “são necessárias para o controle da inflação”:

- Vamos restabelecer o equilíbrio fiscal de forma gradual. São passos na direção de um reequilíbrio fiscal.

E completou:

- Em relação à inflação eu quero lembrar que em nenhum momento nós nos descuidamos do seu controle. Ela esteve sempre até o limite da meta. Lembro que as restrições orçamentárias exigirão mais eficiência no gasto público. Vamos fazer mais gastando menos.

Antes da reunião, Dilma recebeu, no Palácio da Alvorada, os ministros Joaquim Levy (Fazenda), Nelson Barbosa (Planejamento) e Aloizio Mercadante (Casa Civil). Na Granja, o primeiro a chegar foi o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Thomas Traumann, seguido de Gilberto Kassab (Cidades).

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