quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Centrais pressionam contra pacote trabalhista

• Sindicalistas se reúnem com Cunha e Renan para pedir a revogação das MPs

Maria Lima, Júnia Gamae Isabel Braga – O Globo

BRASÍLIA e SÃO PAULO - Liderados pelos deputados Vicentinho, ex-líder do PT na Câmara, e Paulinho (SD-SP), os dirigentes da CUT, da Força Sindical e de outras centrais sindicais pressionaram ontem o Congresso a revogar as medidas provisórias 664 e 665, que são a base do pacote de mudanças trabalhistas e previdenciárias do governo. Os sindicalistas se reuniram com os presidentes da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a quem pediram a revogação das duas MPs. No salão azul do Senado, gritaram palavras de ordem como "ô Dilma, presta atenção, ou revoga as MPs ou paramos a nação!"

- Além da presidente Dilma, estão os trabalhadores. Não dá para jogar aqui uma matéria dessa importância sem conversar - disse Vicentinho, que confirmou ter apresentado emendas para mudar as MPs patrocinadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy .

No gabinete de Cunha, os líderes sindicais desfiaram um rosário de reclamações contra a presidente Dilma e o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que teria tentado convencê-los das vantagens do pacote. A centrais sindicais recorreram ao Dieese para criar um plano B ao pacote de ajustes de Dilma.

- Queremos buscar aqui no Congresso um espaço qualificado de interlocução qualificada para que as medidas não sejam aprovadas em rito sumário. Que se evite o dano no início. Esse vai ser um ano complicado, de demissões, e não podemos pagar essa conta alta sozinhos - disse Pedro Armengol, secretário adjunto de relações do Trabalho da CUT.

- Esse mês foi um desastre para os trabalhadores. E o governo não conversa, simplesmente jogou esse pacote no nosso colo - completou Ubiraci Dantas Oliveira, presidente da CGTB.

Paulinho: correção do IR
Após ouvir os sindicalistas, Cunha sugeriu que eles pressionem os parlamentares das comissões que já analisam as duas medidas provisórias.

- Em relação as MPs, nosso espaço é menor. O que é possível é, depois de terminado esse processo na comissão, fazer uma mesa de negociação e tentar uma conciliação no texto final a ser votado - disse Cunha.

Paulinho aproveitou o encontro com Cunha para pedir também a derrubada do veto presidencial à correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5%, cuja votação foi marcada para dia 24.

Após participar ontem de reunião com líderes da base aliada, o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC), admitiu que haverá mudanças na votação das duas medidas provisórias Segundo o líder, o número elevado de emendas ao texto demonstra o interesse dos parlamentares em modificar o texto original. (Colaborou Roberta Scrivano)

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