quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Renan atropela oposição e dá cargos a aliados

• Presidente do Senado e Aécio discutem após PSDB e PSB ficarem sem vagas na Mesa

Gabriela Guerreiro e Márcio Falcão – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - Em sessão tensa nesta quarta (4), com direito a bate-boca e dedo em riste, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conseguiu aprovar manobra que garantiu a seus aliados os cargos de comando da Casa.

Com ajuda do PT, ele conseguiu deixar PSDB e PSB de fora. Aliados do peemedebista reconhecem, nos bastidores, que ele quis medir forças com o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG).

Apesar de ser tradição a divisão das vagas na Mesa Diretora de acordo com o tamanho das bancadas dos partidos, o grupo de Renan conseguiu aprovar as indicações de siglas que apoiaram sua reeleição à presidência da Casa.

Sob fortes protestos da oposição, que acusou Renan de "tratorar" a escolha em favor de seus aliados, as duas vice-presidências, quatro secretarias e suas respectivas suplências serão ocupadas por PT, PMDB, PP, PDT e PR.

Com exceção do PDT, todas as siglas apoiaram sua candidatura para presidir a Casa.

A articulação provocou forte bate-boca entre Renan e Aécio. O tucano cobrou o peemedebista no microfone: "Vossa Excelência será o presidente dos ilustres senadores que o apoiaram, mas Vossa Excelência perde a legitimidade de ser presidente da oposição. Vossa Excelência apequena essa Presidência."

Renan respondeu lembrando que o tucano foi derrotado na disputa pelo Planalto em 2014 e o acusou de ser estrela. "É bom que Vossa Excelência esteja dizendo disso! Foi candidato à Presidência! Por isso deu no que deu."

Aécio indiretamente lembrou que o colega foi alvo das manifestações de 2013. "Perdi de cabeça erguida. Olho nos olhos do cidadão, eu falo com a população brasileira. Vossa Excelência perdeu a dignidade desse cargo."

A briga por cargos também provocou um racha dentro do PSDB, que indicou Paulo Bauer (SC) para a primeira-secretaria. Renan defendia o nome de Lúcia Vânia (PSDB-GO), mas o partido não bancou o nome da senadora.

Irritada, ela anunciou que vai deixar a sigla, onde está há 20 anos.

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