segunda-feira, 23 de março de 2015

Mercado prevê inflação de 8,12% em 2015 e recuo de 0,83% do PIB

• Após alta de 1,24% do IPCA-15 de março, analistas mexeram novamente em suas projeções para a inflação

Célia Froufe - O Estado de S. Paulo

Com a alta de 1,24% do IPCA-15 de março, analistas do mercado financeiro mexeram novamente em suas projeções para a inflação para cima. A previsão para 2015 sobre o IPCA, o índice oficial de inflação, ultrapassou pela primeira vez o patamar de 8%, de 7,93% para 8,12%. O teto da meta de inflação é 6,5%. O grupo de economistas que mais acerta as previsões também espera um furo da meta e vê a inflação a 8,33%. Para o final de 2016, a mediana das projeções para o IPCA foi levemente ampliada de 5,60% para 5,61%.

Os analistas também pioraram suas previsões para o Produto Interno Bruto (PIB) e preveem uma retração de 0,83% da atividade econômica, contra 0,78% na semana anterior. Para 2016, a expectativa segue um pouco mais otimista, apesar de também ter sido diminuída. A previsão de alta de 1,30% foi substituída pela de 1,20%.

A produção industrial continua como referência para a confecção das previsões para o PIB em 2015 e 2016. No boletim Focus, a mediana das estimativas do mercado para o setor manufatureiro revela uma expectativa de queda de 2,19% para este ano, a mesma previsão de baixa vista na semana passada - quatro semanas atrás, estava em -0,35%. Para 2016, as apostas de expansão para a indústria foram mantidas em 1,68%. Mesmo assim, a mediana está mais baixa do que a vista há quatro edições da pesquisa Focus: 2,00%.

Curto prazo. Ainda sobre os preços, os analistas esperam mais descontrole da inflação no curto prazo. Depois da alta de 1,24% de janeiro, revelada pelo IBGE, e de 1,22% em fevereiro, a projeção para a taxa em março, também segue acima de 1%. De acordo com o boletim Focus, a mediana das estimativas passou de 1,31% para 1,40% - um mês antes, estava em 0,79%. Algum refresco para a inflação mensal é aguardado apenas para abril, quando o índice deve ter alta de 0,62%. Esse indicador, na semana anterior, porém, estava em 0,60% e quatro edições da Focus atrás, em 0,57%.

O Banco Central trabalha com um cenário de alta para o IPCA nos primeiros meses deste ano. A expectativa é a de que a pressão dos preços administrados fique circunscrita ao primeiro trimestre deste ano. De qualquer forma, o foco do BC em relação à meta é apenas 2016, quando promete entregar uma inflação de 4,5%.

Selic. O mercado financeiro está dividido em relação à próxima decisão do Comitê de Política Monetária (Copom). Em março, o colegiado aumentou a taxa básica de juros dos atuais 12,25% ao ano para 12,75%, conforme o esperado. Agora, a pesquisa Focus mostra uma alta de 13,13% para o encontro do mês que vem, o que revela uma incerteza sobre uma nova alta de 0,50 ponto porcentual, para 13,25%, ou de redução do ritmo de elevação, para 0,25 pp, o que levaria a taxa para 13,00%.

Para o final deste ano, a mediana das previsões foi mantida em 13,00%. Há um mês, no entanto, a estimativas era de que a Selic encerrasse 2015 em 12,75% ao ano. Apesar do congelamento das estimativas, a taxa média do ano foi ampliada de 12,88% ao ano para 13,03%. Isso embute a perspectiva de que o Copom elevará mais a Selic ao longo de 2015 para depois reduzi-la ao final do ano. Quatro semanas antes, essa taxa média estava em 12,84% ao ano.

Para o fim de 2016, a mediana das projeções também foi mantida em 11,50% ao ano de uma semana para outra. Esta é a décima segunda semana consecutiva que a taxa está estacionada neste patamar. Apesar disso, a previsão mediana para a Selic média do ano que vem subiu de 11,74% ao ano para 11,83% - a taxa observada há um mês era de 11,61%.

No caso dos economistas que mais acertam as projeções para o rumo da taxa básica de juros, o grupo Top 5 de médio prazo, a Selic encerrará este ano em 13,75% ao ano, ante perspectiva anterior de 13,50%, e 2016, em 12,00% ante 11,50% da semana anterior.

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