quinta-feira, 16 de abril de 2015

Dilma decide manter ajuste até o final do mandato

• Meta de superavit primário é fixada em 2% do PIB para 2016, 2017 e 2018

• Ministro diz que esforço será suficiente para reduzir gradualmente a dívida, sem inviabilizar despesas prioritárias

Isabel Versiani – Folha de S. Paulo

BRASÍLIA - O governo anunciou nesta quarta-feira (15) que vai manter o aperto nas contas públicas até o fim do mandato da presidente Dilma Rousseff. A meta de economia para o pagamento de juros foi fixada em 2% para 2016, 2017 e 2018.

Segundo o ministro Nelson Barbosa (Planejamento), a avaliação é que o esforço será suficiente para promover uma redução gradativa da dívida pública, sem inviabilizar despesas consideradas prioritárias pelo governo.

"É um ajuste gradual, na medida do que a economia pode suportar", afirmou.

A meta de superavit primário deste ano é equivalente a 1,2% do PIB, mas seu cumprimento é questionado pelo mercado, que aposta em um saldo menor.

Os valores das metas para os anos à frente foram incluídos no projeto, encaminhado ontem ao Congresso, que estabelece os parâmetros para a elaboração do Orçamento do ano que vem,

O texto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) trouxe ainda uma nova diretriz para as despesas da folha de pagamento dos servidores públicos. A ideia é fixar um teto único para o crescimento das despesas de pessoal dos três Poderes --Executivo, Legislativo e Judiciário-- com reajustes salariais e contratação de novos servidores.

Esse limite, no entanto, terá que ser negociado, uma vez que a Constituição dá liberdade aos Poderes para estabelecer os aumentos.

"Temos a certeza de que todos os Poderes vão contribuir", afirmou Barbosa.

Segundo ele, haverá negociações com os servidores do Executivo, que devem se prolongar até o fim de julho.

Salário mínimo
No projeto da LDO, o governo prevê que o salário mínimo irá para R$ 854 no ano que vem, um aumento de 8,4% em relação aos R$ 788 que vigoram hoje. Para 2017 e 2018, os valores previstos são R$ 900 e R$ 961.

O cálculo segue a política de reajuste em vigor que prevê reajustes equivalentes ao crescimento da economia de dois anos antes, além da variação da inflação.

Como a atividade econômica ficou estagnada em 2014 e a projeção é de queda neste ano (0,9%), o salário mínimo só terá aumento real a partir de 2018. Para o ano que vem, o governo estima uma alta de 1,3% para o PIB.

Inflação
No texto, o governo ainda estima que a inflação deste ano superará o teto da meta, atingindo 8,2%.

Para o próximo ano, a projeção é que a alta nos preços ultrapasse o centro da meta e fique em 5,6%. A meta de inflação é de 4,5%, com variação de dois pon- tos percentuais para cima ou para baixo.

De acordo com o ministro, as projeções de inflação e crescimento que constam do projeto são próximas às estimadas por analistas do mercado financeiro.

Colaborou SOFIA FERNANDES, de Brasília

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