terça-feira, 14 de abril de 2015

FH minimiza críticas à oposição durante protestos contra Dilma

• Para ex-presidente, é natural que ocorra ‘permanente tensão’ entre a rua e a instituição

Thiago Herdy – O Globo

SÃO PAULO — O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso minimizou nesta segunda-feira as críticas à oposição, em especial a seu partido, o PSDB, durante os protestos de domingo contra a presidente Dilma Rousseff, em São Paulo. Lideranças de grupos como o “Movimento Brasil Livre” e o “Vem pra Rua” fizeram discursos cobrando da oposição uma postura atuante em favor do impeachment da presidente.

— O movimento tem sua dinâmica própria, não foi convocado pelos partidos. Os partidos têm uma responsabilidade institucional. É natural que os movimentos exijam mais e os líderes políticos têm que mesurar, ver o que é possível fazer e o que não é — disse Fernando Henrique nesta segunda, depois de um debate sobre reforma política realizado em sua fundação, em São Paulo.

Para o ex-presidente, é normal que ocorra uma “permanente tensão entre a rua e a instituição”.

— Agora, se os partidos fossem para a rua, seria mais grave. Porque seria tentar instrumentalizar aquilo que não é instrumentalizável— argumentou o ex-presidente.

No domingo, em São Paulo, os senadores tucanos Aloysio Nunes e José Serra também foram cobrados para que atuem para instaurar um processo de impeachment contra a presidente. Entretanto, os senadores e também o presidente da legenda, senador Aécio Neves, já se declararam contra a medida.

Nesta segunda, Fernando Henrique convidou representantes do PT, do PMDB e do PSDB para debater a proposta de reforma política em discussão no Congresso, ao lado do cientista político Jairo Nicolau. Diferentes opiniões foram apresentadas em torno de modelos como o de "Lista Fechada" e o "Distritão", mas o ex-presidente preferiu não opinar sobre aquele que considera o melhor modelo para o país.

— A opinião pública quer sobretudo a moralização (da política), levar os processos até o fim, isso é a questão central nesse momento. Ao mesmo tempo, você tem um risco de crise institucional; e esse sistema, tal como ele está montado, leva permanentemente a isso. Vocês viram hoje que as opiniões são diferentes, mas dá para buscar alguma convergência — disse FH.

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