segunda-feira, 4 de maio de 2015

Marcus Pestana - Klauss Vianna, um teatro que merece viver

- O Tempo (MG)

Belo Horizonte tem se firmado crescentemente como um grande polo cultural na cena brasileira. A tradição é forte e funda. Nasceram aqui o Clube da Esquina, o Grupo Corpo, o Galpão. A nova geração produziu nomes nacionais como Skank, Pato Fu e Jota Quest. A arte mineira encontra sua melhor expressão no trabalho de Jota Dangelo, Pedro Paulo Cava e Helvécio Ratton. Nenhuma cidade brasileira possui um eixo cultural tão rico como o formado pelo Museu de Artes e Ofícios, o Inimá de Paula e o Circuito Cultural da Praça da Liberdade. Espaços como o Sesc Paladium e o Cine Theatro Brasil Vallourec vieram se somar ao Palácio das Artes e tantos outros onde nossa história cultural é escrita. Sem falar no Inhotim, o maior museu de arte contemporânea do Brasil, referência mundial no setor. Os festivais se multiplicam, a começar pelo Festival Internacional de Teatro. Das ruas de BH, brotaram a literatura de Fernando Sabino e Roberto Drummond e a poesia de Carlos Drummond de Andrade, entre outros. Enfim, BH sempre teve um encontro marcado com a cultura – universal de tão mineira, mineira de tão universal – e a arte de qualidade.

A vocação e tradição cultural de nossa capital pedem avanços e aprofundamentos, nunca retrocessos.

Muitas vezes, assisti a shows e peças teatrais no Klauss Vianna, um dos melhores e mais bem-equipados teatros de Belo Horizonte. Incrustado no alto da Afonso Pena, foi palco de bons momentos artísticos. Agora, o Teatro Klauss Vianna está em risco.

Inaugurado em 1985, no prédio da então Telemig, empresa de telefonia estatal, mesmo após a privatização, em 1997, continuou a receber eventos culturais de grande importância e investimentos na melhoria de suas instalações e equipamentos, sendo rebatizado como Oi Futuro Klauss Vianna. Recentemente, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, uma de nossas mais importantes e admiradas instituições, desapropriou o prédio para ganhar nova sede. O Poder Judiciário é central na democracia e na vida da sociedade e merece uma sede proporcional à sua importância. Mas, dentro de seu planejamento interno, previu fechar o Klauss Vianna para transformá-lo em um simples auditório.

Um forte e representativo movimento de artistas mineiros se formou em defesa não só da memória do bailarino e coreógrafo belo-horizontino, mas da permanência do Teatro Klauss Vianna como um dos principais espaços culturais da cidade.

Tenho convicção de que a sensibilidade e o espírito público da cúpula do Poder Judiciário mineiro, somados ao legítimo movimento de nossos artistas e produtores, resultarão na manutenção do teatro, que completa agora 30 anos. Como disse Pedro Paulo Cava: “Quem constrói um teatro tem um auditório, quem constrói um auditório não tem mais do que isso”.

Em tempo: o absurdo fechamento do Museu dos Governadores, no Palácio da Liberdade, não deve servir de exemplo para que a nossa história cultural seja amputada de suas conquistas.

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Marcus Pestana, deputado federal e presidente do PSDB de Minas Gerais

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