sábado, 30 de maio de 2015

Paulo Mendes Campos - No verão

Inventaremos no verão os gritos
Verberados na carta episcopal.
Somos apenas pássaros aflitos
Que nada informam da questão moral.

Tens os olhos audazes, infinitos,
E eu sinto em mim o deus verde do mal,
De nossas almas nascerão os mitos,
De nossas bocas uma flor de sal.

Deitaremos raízes sobre a praia
A jogar com palavras inexatas
O desespero de se ter um lar.

E quando para nós enfim se esvaia
O demônio das coisas insensatas
Nossa grandeza brilhará no mar.

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