quarta-feira, 27 de maio de 2015

Presidente da CNI ironiza Levy: 'quer nosso pescoço agora?'

• Para Robson Andrade, corte de r$ 70 bi no orçamento já foi suficiente

Flávia Barbosa – O Globo

CIDADE DO MÉXICO - O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, alfinetou ontem no México o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que estaria insatisfeito com o que considera engajamento insuficiente do restante do governo da presidente Dilma Rousseff ao ajuste fiscal, refletido no valor mais baixo de cortes no Orçamento do que ele defendia nos debates internos. "Quer nosso pescoço agora?", questionou Andrade.

Para um contingenciamento de R$ 69,9 bilhões que foi anunciado na sexta-feira passada, em cerimônia à qual Levy faltou supostamente em protesto por ter sido derrotado, o ministro da Fazenda queria um corte entre R$ 70 bilhões e R$ 80 bilhões nas despesas federais.

- Ele conseguiu R$ 70 bi de corte, queria mais? Quer nosso pescoço agora? - questionou Robson Andrade, que comanda a mais importante entidade empresarial do Brasil. - Ele teve os R$ 70 bilhões, fora o aumento de receita.

Contra mais impostos
No entanto, o dirigente não se alinha ao ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Na queda de braço interna do governo, Levy está pressionando por um ajuste focado em cortes de despesas, enquanto Barbosa - em sintonia com o PT e com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva - defende que também seja incluído um aumento de impostos, centrado nos mais ricos (fortunas, herança, propriedades etc), para poupar investimentos e garantir sobra para o social.

- Eu sou mais da turma do corte de gastos, mas não de investimentos. De despesas (correntes). Aumentar impostos, ninguém aguenta mais. A indústria e a sociedade não aguentam mais pagar impostos. Chega!

Robson está na capital mexicana como parte da delegação empresarial brasileira que acompanha a visita de Estado da presidente Dilma Rousseff.

Segundo o presidente da CNI, Dilma não comentou a conjuntura doméstica em reunião com dirigentes de empresas brasileiras, como Marcelo Odebrecht, André Reinaux (Gerdau América Latina), André Nogueira (JBS América do Norte), Fernando Pimentel (Abit-Associação Brasileira da Indústria Têxtil) e Synésio Batista da Costa (Abrinq-Associação Brasileira da Indústria de Brinquedos).

Dilma encerra à noite, ao lado do presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, no Seminário Empresarial Brasil-México, ao qual comparecem mais de 70 empresários brasileiros e cerca de 150 mexicanos. O encontro foi organizado em parceria pela Confederação Nacional da Indústria, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), e o Conselho Empresarial Mexicano de Comércio Exterior, Investimento e Tecnologia.

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